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Petróleo Deve Encerrar 2020 no Vermelho e o Caminho no Ano que Vem É Incerto

Publicado 28.12.2020, 08:33
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Desde a cotação negativa de -US$40 por barril em abril até cerca de US$ 50 positivos em dezembro, a montanha-russa do petróleo em 2020 foi sem precedentes.

A recuperação dos preços do petróleo – bem à moda do “ouro negro” – entusiasmou tanto os investidores que eles estão contando com um repique ainda maior no ano-novo. Mas pode ser que se deparem com uma realidade diferente.

Petróleo Semanal

Uma nova variante do coronavírus arrefeceu a euforia no petróleo, justamente no momento em que a aplicação das vacinas da Pfizer (NYSE:PFE) e Moderna (NASDAQ:MRNA) contra a covid-19 pareciam promissoras o bastante para elevar o consumo de petróleo até os níveis pré-pandemia.

Não é só a demanda que está sob novo escrutínio. A produção também está subindo gradativamente, apesar dos melhores esforços – e promessas – da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Além da nova cepa do vírus, a Opep precisa lidar com a Líbia e o Irã

A Opep demonstrou ter melhor controle do que antes sobre seus membros e aliados produtores de petróleo, ao concordar, no mês passado, em elevar coletivamente a produção em apenas 500.000 barris por dia (bpd) a partir de janeiro, depois de forçar cortes entre 8 e 10 mbpd nos últimos nove meses.

Apesar da sua disciplina nos cortes, a Opep deu passe livre para que um membro-chave do grupo, a Líbia, produzisse barris com poucas restrições, a fim de compensar as perdas provocadas por sua guerra civil, responsável por interromper a produção no país antes mesmo da pandemia. Mas isso pode ser um problema.

A Empresa Produtora e Processadora de Óleo e Gás de Sirte, na Líbia, praticamente dobrou sua produção para mais de 100.000 bpd, em comparação com a média de 55.000 bpd anterior ao bloqueio. A francesa Total (NYSE:TOT) planeja, ao mesmo tempo, expandir “ao nível mais alto” seus investimentos na indústria petrolífera da Líbia, segundo a empresa estatal do país.

Além da Líbia, a Opep tem uma preocupação maior, o Irã, que o cartel está tentando fazer de conta que não é um problema. Com o início da presidência de Joe Biden, em 20 de janeiro, a expectativa é que seu governo cancele ou pelo menos reduza significativamente as sanções sobre Teerã, impostas pelo regime Trump o mais rápido possível. Afinal, Biden participou do governo Obama, responsável por selar o acordo nuclear do Ocidente com o Irã em 2015, e provavelmente está ansioso para retomar o pacto cancelado pelo atual presidente, Donald Trump.

O presidente iraniano Hassan Rouhani já afirmou que não vê a hora de fazer a produção do país voltar para 2 milhões de bpd, nível registrado em 2018 antes da campanha de “dor máxima” iniciada pelo governo Trump. Mesmo com a aprovação tácita do Irã, há três semanas, para que outros produtores dentro e fora da Opep elevassem levemente sua produção, o país vem trabalhando nos bastidores para extrair como se não houvesse amanhã.

E o Irã não é o único problema da Opep. A Rússia, que sempre liderou a aliança mais ampla de produção de petróleo fora da Opep, afirmou que pretende apoiar qualquer elevação gradual da extração na reunião da Opep+ em janeiro.

A razão dada pelo vice-primeiro-ministro russo Alexander Novak é que os preços do petróleo estão dentro da faixa ótima buscada por Moscou, de US$ 45-55 por barril. O ministro do petróleo da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, que vem trabalhando para manter as elevações de produção em níveis mínimos, não respondeu aos comentários de Novak no domingo. Sem dúvida, foram os planos da Rússia de produzir o quanto quisesse que desencadearam a guerra de oferta com os sauditas no auge da pandemia de covid-19 em março. Isso fez com que o barril de WTI atingisse a cotação negativa em abril pela primeira vez na história.

Se os russos conseguirem o que querem, ou seja, aumentar a oferta de barris em janeiro, pode ser difícil impedir que outros países queiram elevar sua produção depois para "fazer caixa" com os atuais preços altos relativos, antes que o mercado volte a ficar sob pressão nos meses seguintes. Se lhes for negado, esses países podem seguir enfrente e aumentar a produção mesmo assim, resolvendo a questão depois com a Opep, afirmou o economista e analista geopolítico Osama Rizvi.

Em uma postagem feita no site Seeking Alpha no fim de semana, Rizvi afirmou:

“Outro aspecto importante é a possibilidade de trapaça entre os membros da Opep+”.

“Com o recente aumento de 500.000 bpd, o espaço para ultrapassar suas cotas só aumentou. No mês de novembro, os membros da Opep já bombearam 670.000 bpd a mais do que em outubro de 2020. A expectativa é que a produção da Líbia alcance 1,3 mbpd. Os membros isentos de cortes de produção estão adicionando 600.000 bpd nos mercados".

Shale pode seguir os passos da Opep se a organização aumentar a produção

O WTI em torno de US$ 50 por barril também deve incentivar os produtores de shale oil nos EUA a extrair mais óleo dos seus poços. Desde o crash de preços de abril, o shale – que já foi o pior inimigo da Opep e acabou se tornando um aliado após um acordo intermediado por Trump – tem mantido a moderação com a produção.

Mesmo assim, o número de sondas em operação nos EUA, um indicador da produção futura, subiu em 13 das últimas 14 semanas, passando de 258 para 263.

Depois de cair das máximas históricas um pouco acima de 13 milhões de bpd em março, a produção norte-americana ficou estável em torno de 11 milhões de bpd, de acordo com dados semanais publicados pela agência de informações energéticas dos EUA (EIA, na sigla em inglês). Com a escalada de sondas em operação, a produção também deve aumentar.

Nenhuma evidência de demanda tão forte quanto a produção

O argumento, pelo menos por enquanto, é que a recuperação da demanda no petróleo é tênue e pode simplesmente não conseguir fazer frente à produção.

No início deste mês, a Opep cortou sua própria previsão de demanda para 2021, citando a “incerteza com o impacto da covid-19 e o mercado de trabalho” sobre o consumo de combustível de transporte nas economias desenvolvidas no primeiro semestre do ano que vem.

O cartel reduziu sua perspectiva de crescimento da demanda mundial para 5,9 mbpd, uma queda de 350.000 bpd  em relação à projeção passada. Em seu relatório mensal, a Opep definiu que a demanda petrolífera em 2020 será de 89,99 mbpd, um declínio de 9,77 mbpd em relação a 2019 e levemente abaixo da sua estimativa anterior.

A EIA e a Agência Internacional de Energia também concordam que a demanda terá uma redução de cerca de 10 mbpd em relação ao nível projetado no fim do ano passado.

A nova variante da covid-19, que já obrigou quase 40 países a proibir as viagens do Reino Unido, está aumento as expectativas de mais uma onda de bloqueios e restrições em toda a Europa. Isso pode afetar drasticamente a demanda por combustíveis automotivos e de aviação, além de gerar profundos impactos econômicos.

A demanda mundial de combustível de aviação, que responde por cerca de 10% da demanda petrolífera, ainda está caindo a ponto de a AIE declarar que esse declínio contribuirá com 80% da redução do consumo de petróleo no ano que vem.

Enquanto isso, o tráfego rodoviário no mundo registrou queda de 20-25%, de acordo com a Primary Vision Network, que afirma que ainda pode piorar para um declínio de 30% se a situação nos EUA se agravar.

O divisor de águas em 2021, evidentemente, é a disponibilidade de vacinas. Grandes campanhas de imunização continuam acontecendo em todo o mundo, o que pode reduzir a disseminação do vírus e contribuir para a recuperação. Mas ainda não se sabe o efeito das atuais vacinas sobre as novas cepas virais.

Além disso, o dano provocado à economia mundial pode ser grande demais para que haja um retorno abrupto aos níveis pré-pandemia sem a gigantesca quantidade de dinheiro governamental injetada nos países afetados. Nos EUA, a política tem complicado a aprovação do pacote de alívio até agora, apesar de o presidente eleito prometer fazer mais.

Recuperação dos preços acima de US$ 50 levará tempo

Julian Lee, analista de petróleo da Bloomberg, afirmou que, embora a aprovação de vacinas eficientes tenha marcado o início do mundo pós-pandemia, “seria tolo pensar que, só porque podemos ver a linha de chegada, conseguimos efetivamente alcançá-la".

O analista complementou:

“Ainda temos um longo caminho pela frente, e os próximos meses serão cruciais, tanto para a saúde e bem-estar das pessoas quanto para as economias ao redor do mundo e o setor petrolífero”.

Por enquanto, ao que tudo indica, as principais referências do petróleo, o americano West Texas Intermediate e o britânico Brent, devem terminar 2020 com uma queda de cerca de 20% cada, apesar do fenomenal repique dos últimos dez meses.

O barril de Brent permanece um pouco acima de US$ 50, enquanto o WTI está alguns dólares abaixo disso. 

O velho economista Rizvi nota que a barreira psicológica de US$ 50 “é muito importante”.

O analista disse ainda:

“Assumir posições de compra perto de US$ 50 pode ser perigoso para os investidores. Pode ocorrer uma correção a qualquer momento. Vimos uma clara indicação disso quando os preços derraparam recentemente.

Ela pode ser desencadeada por quaisquer notícias ou eventos capazes de mudar o sentimento, como a elevação da retórica entre EUA e China quanto à guerra comercial ou a possibilidade de maiores elevações de produção no âmbito da Opep+ ou da trapaça de um ou mais membros da Opep. Outras complicações do vírus também podem impactar o atual sentimento".

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