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Petróleo Despenca, o Que Será das Empresas do Setor?

Publicado 17.03.2020, 15:25
PRIO3
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Semana passada tivemos um dos períodos mais voláteis da história de nosso mercado. Certamente olharemos daqui uns anos para a semana que passamos e veremos quanto ele foi incomum. No final de semana a OPEP, entidade que reúne os maiores produtores de petróleo do mundo, praticamente entrou em colapso após a Rússia não concordar em diminuir a oferta de 1,5 milhão de barris. Como consequência a Arábia Saudita acabou optando por aumentar a oferta, para aproximadamente 14 milhões barris, além de dar um  desconto de US$ 6 a US$ 7 para os chineses. Isso ocorreu com os mercados fechados e no primeiro dia útil seguinte de negociação tivemos uma queda de 22% na cotação da commodity. 

Esses acontecimentos ocorreram em momento muito ruim, pois já tínhamos o Coronavírus que tende a dar um choque de 30% de queda na demanda, fechamento da Itália, New York, Companhias Aéreas como Alitália paradas, foram o estopim para levar o preço do barril para os cerca de US$ 35.

Somados a esses fatos temos quatro fatores importantes no setor e que merecem cautela: queda na demanda, aumento da oferta, início de mudança da matriz energética e a alta dívida de empresas do setor, principalmente as empresas de Shale dos Estados Unidos. O preço de equilíbrio para esses produtores é em torno de US$ 40-45 e com o barril abaixo desse patamar, certamente muitos irão quebrar. Esse setor é muito dependente de crédito e é alavancado, sendo assim, há um risco real de quebradeira no setor, o que traz algo positivo, pois com menos produtores, menor a oferta e aí o preço da commodity poderá voltar a subir.

Débito é um dos problemas que citei acima, sendo que apenas o setor de óleo e gás americano tem cerca de US$ 86 bilhões de vencimentos para os próximos 4 anos segundo a Moody´s e a maioria desse débito é considerado junk bond. 75% dessa dívida tem vencimento para os próximos 2 anos e com a queda do preço e o mercado de crédito encurtando, muitas companhias não conseguirão refinanciamento ou prolongamento da dívida.

 

Países que podem sofrer mais

Com esse preço, fica difícil ver algum ganhador, pois os maiores países produtores irão perder dinheiro, como por exemplo, a Rússia, cujo orçamento é baseado em um preço de US$ 40 por barril. Alguns países do Golfo, produzem com um custo mais baixo, entre US$ 2 a US$6 por barril, países esses como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, mas devido ao alto gasto governamental de incentivos e subsídios para a população, eles precisam de um preço de cerca de US$ 70 ou mais por barril para atingir o equilíbrio dos seus orçamentos.

 
Países dependentes do petróleo que sofreram anos de conflito, serão os que mais perderão, como por exemplo, Irã, Iraque, Líbia e Venezuela. Mesmo os Estados Unidos e suas empresas de shale, não passaram incólumes desse evento, sendo que recentemente o presidente americano Trump, ofereceu subsídios e vantagens para esses produtores.

breaking point de alguns países produtores de petróleo é em média US$ 50-55 e o patamar atual deve trazer um grande déficit para esses países. Segue abaixo o valor que é necessário estar o barril do petróleo para um ponto de equilíbrio:

 

 

Países que podem ganhar com a queda do preço

Países importadores de óleo como China, Índia e Alemanha pode ter queda no custo de energia, assim como consumidores em geral, beneficiados em geral da queda de preço de óleo e do declínio de preços do gás. Setores que necessitam de petróleo, como o petroquímico, fertilizantes, empresas de logística serão os setores mais beneficiados.

 

E as empresas do Brasil, o que irá acontecer?

A maioria das empresas brasileiras faz de maneira recorrente uma proteção contra a queda do preço do petróleo, sendo que ficarão protegidas por um período de tempo dessa queda.

A Petrorio (SA:PRIO3) tem um hedge nos US$ 65-67 com vencimentos de um trimestre e meio. O custo de produção da Petrorio é de US$ 17-19, aumentando um pouco, se considerados os royalties.

Já a Enauta está com hedge de US$ 56 por barril, sendo essa proteção de 25% da produção e com duração de um ano. O custo de produção foi de US$ 16,6 nesse último quarto trimestre.

Petrobrás teve um custo de produção de US$ 9,60, sendo que esse valor é o valor médio, já que o custo é de US$ 5,60 no pré-sal, US$ 12,50 em águas profundas, US$ 18,90 em terra e US$ 30,3 em águas rasas.

Certamente as empresas brasileiras irão sofrer com a queda do preço de petróleo, sendo que a mais prejudicada deve ser a Petrorio, que mesmo com aquisições que antes tinham altas taxas de retorno, tem uma dívida alta e em dólar. A dívida hoje é de R$ 1,5 bilhão e é fruto dessas aquisições. A Empresa que menos sofrerá é a Petrobrás, que como vimos tem um custo de US$ 5,60 no pré-sal, perdendo dinheiro apenas em águas rasas, caso o petróleo baixe dos US$ 30,00.

Uma notícia de uma hora e que saiu no momento que escrevo esse artigo é que a Arábia Saudita baixou o preço para os compradores da Rússia para US$ 25,00, trazendo mais pressão para o setor.

 
Resumo
  • Rússia não acordou em diminuir a produção de 1,5 milhão de barris, Arábia Saudita não gostou e resolveu aumentar produção de cerca de 2 milhões de barris, além de dar um desconto de US$ 6-7 para os chineses;
  • Com o não acordo entre a OPEP, aumentam incertezas;
  • Coronavírus, diminuição na demanda e aumento da oferta fizeram preço do petróleo despencar;
  • empresas têm proteção contra a queda, por uns 3-4 meses e o problema do preço é após esses vencimentos de hedge;
  • diversificação na carteira de investimentos é o melhor para momentos como esse.

Era isso!!
Um grande abraço

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