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Petróleo Brent tenta se segurar nos US$ 90 antes de dados de inflação nos EUA

Publicado 11.09.2023, 11:21
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  • Os operadores com posições compradas no petróleo tentam manter o barril acima dos US$ 90, apesar da inflação em alta.
  • Além dos números de inflação nos EUA na quarta-feira, os investidores devem ficar de olho nos relatórios da Opep e da Agência Internacional de Energia (AIE).
  • As projeções de demanda serão fundamentais, no momento em que a economia da China ainda enfrenta dificuldades.
  • Com o apoio dos cortes na oferta da Arábia Saudita e da Rússia, os operadores com posições compradas no petróleo tentarão manter o nível de US$90 por barril nesta semana, apesar das expectativas de dados de inflação nos EUA mostrando uma aceleração pelo segundo mês seguido, o que poderia pressionar o Federal Reserve (Fed) a adotar uma postura mais “hawkish” (rígida) em relação à política monetária.

    Os analistas projetam que a divulgação de agosto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), agendada para quarta-feira, registre um avanço de 3,6% na comparação anual. Em julho, o chamado IPC acelerou para 3,2% ante uma leitura anterior de 3% em junho.

    Até então, a inflação vinha desacelerando na maior parte do ano passado após atingir um pico de quatro décadas de 9,1% em junho de 2022.

    Os preços do petróleo se recuperaram das mínimas de maio, abaixo de US$65, para acima de US$88 por barril do West Texas Intermediate (WTI), nas negociações da semana passada.

    O Brent, referência global para o petróleo, subiu de abaixo de US$72 para acima de US$92 no mesmo período de três meses.

    Os elevados preços da energia são um dos principais fatores de pressão inflacionária. Se o IPC continuar a subir, poderá incentivar o Federal Reserve a realizar mais aumentos de juros do que inicialmente previsto pelos economistas.

    Sinais recentes de resiliência na economia dos EUA, especialmente em relação à inflação e ao mercado de trabalho, aumentaram as preocupações de que o Fed tenha espaço suficiente para manter as taxas de juros mais altas por mais tempo.

    Os mercados temem que essa tendência possa levar a uma desaceleração maior na economia dos EUA, afetando potencialmente a demanda por petróleo. A demanda por combustível nos EUA também deve diminuir nos próximos meses, com o fim da movimentada temporada de verão.

    O Federal Reserve prometeu trazer a inflação de volta à sua meta de longo prazo de 2%, em comparação com os níveis de mais de 3% em que o IPC se encontra atualmente. O banco central americano já elevou as taxas de juros em 5% nos últimos 18 meses.

    Embora a maioria dos analistas não espere que o Fed aumente as taxas em sua decisão de 20 de setembro, existe a possibilidade de que isso ocorra em suas decisões de taxas de 1º de novembro e 13 de dezembro.

    O WTI provavelmente está no processo de consolidar uma nova faixa mais alta de negociação entre US$83 e US$93,50 nas próximas semanas, com preocupações em torno da demanda na China e na Europa limitando um aumento adicional, afirmou o analista da IG, Tony Sycamore, em uma nota divulgada pela Reuters.

    Nas negociações asiáticas de terça-feira, o WTI estava em queda de 55 centavos, ou 0,6%, a US$86,96 por barril.

    O referencial do petróleo dos EUA atingiu uma máxima de 10 meses de US$88,09 na semana passada. O WTI subiu 2,2% na semana passada, estendendo o rali de 7,2% da semana anterior. O Brent estava em queda de 27 centavos, ou 0,3%, a US$90,38. O referencial global do petróleo subiu 2,4% na semana passada, ampliando o ganho de 4,8% da semana anterior.

    O aumento do Brent para acima de US$90 ocorreu com menos de três semanas restantes para o verão no Hemisfério Norte, a estação em que os americanos mais gostam de dirigir. Com a temporada de outono, de menor uso de petróleo, programada para começar em 23 de setembro, os preços do petróleo normalmente recuariam um pouco, às vezes significativamente, no maior consumidor mundial.

    Mas isso pode não acontecer facilmente desta vez, dada a meta da Arábia Saudita de levar o preço do petróleo a US$100 por barril ou até mais. Os sauditas, que dominam grande parte das exportações globais de petróleo, têm buscado recuperar os preços do barril para a faixa de três dígitos desde agosto de 2022, quando o Brent estava acima de US$105.

    Um elemento-chave dessa estratégia é o corte adicional de 1 milhão de barris por dia, além das limitações de produção já existentes, adotado pelos sauditas desde julho. Eles pretendem manter essa medida até o final do ano e ampliá-la com a cooperação de Moscou, que reduzirá a produção russa em 300.000 barris por dia. A intenção é criar uma dinâmica de mercado que favoreça a sustentação de preços elevados.

    Analistas notam que a preocupação com a escassez de oferta de petróleo está influenciando os traders, especialmente quando se aproxima o final de semana, período em que as operações de hedge tendem a aumentar.

    Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA, comenta:

    “Os preços do petróleo se consolidaram ao longo da semana, mas a tendência ainda é muito positiva para o petróleo, principalmente devido à decisão da Arábia Saudita e da Rússia de estender as restrições de oferta até o final do ano.”

    Ele acrescenta:

    “Há muito menos petróleo no mercado em um momento em que a oferta já está apertada, embora haja incertezas na perspectiva econômica global. A demanda pode diminuir, mas os traders parecem operar com a suposição de cenários de desaceleração suave e recessões leves, no pior caso. A China é uma incógnita adicional, com um crescimento lento e constante, dentro dos padrões chineses, parecendo ser o caminho futuro.”

    Na última quinta-feira, dados mostraram que as exportações e importações chinesas em agosto diminuíram devido à demanda fraca no exterior e ao baixo gasto do consumidor, o que afetou as empresas.

    No entanto, mesmo em períodos de atividade econômica fraca, a China costuma aumentar sua capacidade de armazenamento, especialmente quando há disponibilidade de petróleo russo a preços acessíveis. No mês passado, as importações de petróleo bruto chinês aumentaram quase 31%.

    Além da divulgação do IPC, os participantes do mercado também estarão atentos aos relatórios sobre o mercado de petróleo da Opep, com sede em Viena, e da Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris.

    O relatório da Opep será bastante observado em busca de projeções de déficit de oferta que poderiam elevar ainda mais os preços do petróleo, embora a AIE possa equilibrar parte disso ao destacar o potencial de aumento da inflação, o que, por sua vez, poderia afetar a demanda.

    (Tradução de Julio Alves)

    *** 

    Aviso: O conteúdo deste artigo é puramente informativo e não representa qualquer recomendação de compra ou venda de qualquer ativo tratado. O autor Barani Krishnan não possui posições nas commodities ou investimentos sobre os quais escreve. Ele geralmente utiliza uma variedade de visões além da sua para promover a diversidade da análise de qualquer mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias.

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