- Grandes instituições cortaram suas previsões de preço para o barril de petróleo em 2023.
- O fim da política de Covid zero na China é um dos principais fatores que podem alçar os preços.
- Apresentaremos alguns dos fatores relevantes para o mercado petrolífero em 2023.
É hora de fazer projeções para o mercado petrolífero em 2023, tendo em mente algumas das minhas regras costumeiras: focar menos em previsões e mais em fatos concretos, capazes de influenciar os preços.
Já vimos grandes instituições cortarem suas previsões para o barril de petróleo em 2023. O Goldman Sachs (NYSE:GS), por exemplo, mudou recentemente sua projeção para o Brent no primeiro semestre de 2023 para US$ 90-95, contra US$ 115-105 anteriormente.
Em novembro, o Goldman disse que o Brent ficaria em média a US$ 110 por barril em 2023, mas o banco agora acredita que essa média caiu para US$ 98. As previsões do Goldman estão na extremidade superior das projeções de média de preços para o Brent. A Agência Internacional de Energia (AIE) permanece a US$ 92, enquanto o JP Morgan segue em US$ 90 por barril.
Os investidores devem ter em mente que todas as previsões de preços dos bancos e organizações internacionais sofrerão correções com o passar do ano. Com isso, apresentamos a seguir algumas questões que podem se tornar importantes vetores dos preços do petróleo em 2023.
Fatores que podem elevar os preços do petróleo em 2023
Fim da política de Covid zero na China
A China já está encerrando suas políticas restritivas contra a Covid, mas parece haver um elevado nível de hesitação para retornar à vida econômica normal. A demanda petrolífera deve subir no segundo semestre do ano, impulsionando a cotação do barril no mundo.
Recomposição dos Estoques Estratégicos de Petróleo dos EUA
Depois de vender uma quantidade recorde de petróleo das suas reservas estratégicas, a Casa Branca deverá agora recompô-las. O governo deseja fazer isso a um preço baixo, cerca de US$65-70 por barril, mas isso pode acabar afastando os temores das empresas do setor em relação a quedas maiores em 2023. Em vista da quantidade de petróleo que o governo americano precisa adquirir, é possível que essa fonte a mais de compras ajude a alçar os preços.
Produção petrolífera estagnada ou em declínio nos EUA
A Administração de Informações Energéticas dos EUA ainda prevê que a produção americana atingirá 12,34 milhões de barris por dia (mbpd) em 2023, porém muitas empresas do setor indicam que esse nível de produção não deve ser atingido no futuro próximo.
Devido a restrições na cadeia de suprimentos, incerteza regulatória, mercado de trabalho desafiador e pressão dos acionistas por retornos maiores de caixa, em vez de investimentos em nova produção, é possível que vejamos uma estagnação ou mesmo um declínio da produção petrolífera dos EUA, ao mesmo tempo em que a demanda mundial tende a aumentar. Isso ajudaria a promover a alta dos preços.
Sanções a produtos petrolíferos da Rússia importados pelo mar
Essas sanções entrarão em vigor a partir de fevereiro e provavelmente provocarão um aumento de curto prazo nos preços da gasolina na Europa. No entanto, à medida que mais petróleo russo é exportado para China, Turquia e Indonésia para refino, os preços dos produtos derivados tendem a cair, na medida em que há previsão de sanções para produtos fabricados com matéria-prima russa em outras partes do mundo.
Cortes ou manutenção nas cotas de produção da Opep+
A Opep+ pode tentar aumentar os preços do petróleo cortando suas cotas de produção em 2023 ou mantendo-as no mesmo nível atual diante do aumento da demanda.
Aumento da inflação/desvalorização do dólar
O petróleo é cotado em dólares, e se a moeda americana se depreciar em comparação com divisas estrangeiras, os produtores petrolíferos precisarão vender seus barris a preços mais altos, a fim de atingir o mesmo nível de receita em suas moedas.
Desastre natural ou guerra não previstos
Entre os riscos inesperados, podemos citar um inverno excepcionalmente frio, um desastre nuclear ou um furacão. Entre os riscos geopolíticos, também podemos citar uma invasão da China continental em Taiwan ou uma instabilidade no Oriente Médio.
Fatores que podem diminuir os preços do petróleo em 2023
Recessão global
Vários economistas acreditam que estamos à beira de uma recessão global, e há indicativos de que a Europa e os EUA entrarão em recessão em 2023. De forma geral, a demanda petrolífera e, portanto, os preços do barril caem durante recessões. No entanto, a demanda por gasolina e destilados ainda está forte, contrariando outros sinais de recessão iminente.
Aumento de produção da Opep+
Em caso de uma recessão, é possível que a Opep+ possa aumentar a produção, a fim de reduzir o fardo econômico sobre as economias em dificuldade. No entanto, neste momento, apenas Arábia Saudita, Iraque e Emirados Árabes Unidos têm capacidade para aumentar a produção, portanto qualquer aumento de oferta seria relativamente tímido.
Queda maior do que o esperado da demanda chinesa
A reabertura da China pode não sair conforme o planejado e, nesse caso, a demanda petrolífera do país tende a aumentar de forma mais gradual do que o previsto, colocando menos pressão sobre a oferta mundial. Isso pode reduzir os preços ou pelo menos evitar que aumentem.
Retomada do comércio de energia entre Rússia e a UE
Existe a possibilidade de que o peso de viver sem a oferta de petróleo e gás baratos da Rússia seja muito grande para as autoridades da UE. Elas podem ser compelidas a resolver suas diferenças com a Rússia em 2023 e retomar a compra do seu óleo e gás natural de baixo custo. Isso ajudaria a reduzir os preços do petróleo em 2023.
Acordo nuclear entre EUA e Irã
Negociar um acordo nuclear com o Irã não é uma das prioridades da Casa Branca neste momento, mas pode se tornar uma importante política internacional em 2023.
Sob pressão, o governo Biden pode tentar fechar um acordo nuclear com o Irã e encerrar as sanções com a sua indústria petrolífera. Com isso, a volta da negociação transparente do petróleo iraniano ao mercado global pode exercer uma força baixista sobre os preços.
Desejo a todos boas festas e um feliz ano-novo!
Aviso: A autora atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo.