- Produção onshore nos EUA deve recuar em agosto, sinalizando primeiro mês de queda no ano.
- Empresas decidem atrasar operações, apesar da abundância de poços de shale, preferindo aguardar melhores condições de mercado.
- A queda no número de poços perfurados, mas não concluídos (DUCs, na sigla em inglês), traz desafios para o crescimento da produção no futuro.
O mais recente relatório sobre a atividade de perfuração e produção de petróleo nos EUA, divulgado pela agência de informações energéticas do país (EIA), indica que a extração petrolífera onshore nas regiões de xisto provavelmente diminuirá em agosto. Se essa previsão se confirmar, será a primeira queda mensal registrada neste ano para a atividade.
Confira a seguir os cinco pontos mais importantes desse relatório para os investidores:
1. Recuo em agosto
A produção de petróleo nas regiões de xisto dos EUA atingiu o ápice em julho, com 94,2 milhões de barris por dia (mbpd), portanto, mesmo com essa queda em agosto, a expectativa é que a produção norte-americana nas regiões de xisto atinja 9,4 mbpd.
2. Empresas cautelosas
Não se espera uma contração na produção de shale oil nos EUA por conta da falta de poços disponíveis. De acordo com a Bloomberg, há muitos poços a serem perfurados nas regiões altamente produtivas.
O problema é que as empresas que possuem licenças para perfurar nessas áreas estão optando por não expandir as operações neste momento. Elas alegam que não desejam gastar dinheiro para perfurar novos poços nos preços atuais e preferem esperar o momento mais oportuno para aumentar a produção, isto é, quando os preços do barril estiverem mais altos e/ou os custos forem mais baixos.
3. DUCs em queda
O número de DUCs (poços perfurados, mas não concluídos) continua diminuindo. Os produtores utilizam esses poços porque são relativamente fáceis e rápidos de serem colocados em produção. À medida que esse número cai, é necessário aumentar a alocação de tempo, dinheiro e mão de obra para elevar as extrações.
4. Diferente da Arábia Saudita
Os operadores não devem considerar esse petróleo como "capacidade ociosa". A produção de shale nos EUA não goza da mesma flexibilidade e agilidade da capacidade ociosa da Arábia Saudita. Mesmo que os produtores de shale disponham de áreas produtivas, mas optem por não colocar o petróleo em produção, os investidores não devem considerar isso como algo semelhante à capacidade ociosa da Arábia Saudita.
Sim, o tempo necessário para colocar um poço de shale oil em produção é muito menor do que o de um poço offshore. Ainda assim, levaria mais tempo do que a Arábia Saudita levaria para aumentar a produção.
A Aramco (TADAWUL:2222) pode colocar a capacidade ociosa da Arábia Saudita em produção em um mês. Como nos EUA não há uma gestão centralizada da produção, seu incremento acaba não sendo tão rápido e eficiente como no país árabe.
5. Perspectivas incertezas
A pequena queda na produção não necessariamente indica que veremos um déficit de oferta este ano. Muito dependerá da produção de petróleo de outras áreas.
A Arábia Saudita poderia facilmente aumentar a produção, assim como outros produtores, como os Emirados Árabes Unidos. Além disso, a demanda pode não ser tão robusta quanto se previa, especialmente com a incerteza em relação à retomada econômica na China, maior país importador de petróleo do mundo.
***
Aviso: A autora não tem em carteira nenhum dos ativos mencionados neste artigo.