- A taxa de inflação da Colômbia atingiu 6,86% em julho, uma das mais altas da região. Em comparação, a inflação do Brasil está em 4,5% contra o ano anterior, e a do México, em 5,57%.
- Dados recentes mostram que os preços no país sul-americano estão convergindo gradualmente para a meta de 3%, graças à política monetária restritiva implementada desde o final de 2021.
- Embora as tendências monetárias sejam positivas, a situação fiscal da Colômbia é preocupante. O mercado está atendo ao crescimento do déficit fiscal, um reflexo das menores receitas e aumento de gastos.
- Nosso modelo de valor justo mostra que o peso colombiano está valorizado em comparação com seus pares. Contudo, a moeda pode sofrer uma desvalorização mais acentuada devido aos desafios fiscais e aos preços mais baixos das commodities no restante de 2024.
As moedas latino-americanas desvalorizaram significativamente nas últimas semanas devido a uma combinação de fatores, incluindo as flutuações dos preços das commodities e instabilidade política.
Diferentemente do ano passado, o México e o Brasil, que anteriormente tiveram um bom desempenho em relação a outros países emergentes, agora estão enfrentando forte depreciação cambial em 2024. Enquanto o México enfrenta desafios com reformas que podem afetar a confiança no país, no Brasil, as atenções se voltam para a situação das contas públicas.
Nesse contexto, a Colômbia teve um desempenho superior ao de seus pares regionais. Apesar de ter uma das taxas de inflação mais altas da região e de enfrentar desafios macroeconômicos, sua moeda sofreu uma desvalorização de apenas -2,05% em relação ao ano anterior, enquanto outras moedas, como as do Brasil (-12,86%), México (-15,13%) e Chile (-6,87%), sofreram quedas mais significativas.
Entrando mais a fundo no mercado de moedas de países emergentes, exploraremos as perspectivas para o peso colombiano.
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Colômbia tem uma das maiores inflações da região
A taxa de inflação da Colômbia é uma das mais altas da região, tendo atingido 6,86% em julho. Em comparação, o Brasil registrou um aumento de preços de 4,5% em relação ao ano anterior, enquanto o México está em 5,57%. No entanto, dados recentes indicam que os preços no país sul-americano estão gradualmente convergindo para a meta de 3%, resultado da política monetária restritiva que está em vigor desde o final de 2021.
Um possível corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro poderia ampliar o diferencial da taxa de juros entre a Colômbia e os EUA, potencialmente fortalecendo o peso colombiano no curto prazo.
Essa valorização poderia ajudar a atenuar as pressões inflacionárias na economia. Além disso, o enfraquecimento do dólar pode favorecer as moedas de países emergentes, bem como as de nações exportadoras de commodities, como a Colômbia.
Embora as tendências monetárias tenham fornecido sinais positivos às autoridades do banco central, a situação fiscal apresenta um quadro diferente. Assim como em outros países da região, o mercado expressou preocupação com a estrutura fiscal do país, principalmente devido às receitas menores do que o esperado e pressões por mais gastos no orçamento.
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Apesar do desafio da consolidação fiscal, peso colombiano tem um bom desempenho em 2024
Apesar dos significativos desafios fiscais, a moeda colombiana teve um desempenho melhor do que alguns de seus pares em 2024.
Nossa análise econométrica, ao decompor a volatilidade das moedas de países emergentes e países exportadores de commodities, nos permitiu estimar um valor justo para o peso colombiano. Ao comparar o valor atual da moeda com esses valores justos estimados, constatamos que o peso colombiano está valorizado em relação aos fundamentos observados em outros países.
Entretanto, é importante observar que a recente depreciação da moeda, impulsionada principalmente pelas políticas fiscais expansionistas do governo, pode exercer pressão adicional sobre a taxa de câmbio no segundo semestre de 2024, mesmo em um contexto de política monetária menos restritiva nos Estados Unidos e na Europa.
Nesse caso, os fundamentos da política monetária podem sustentar a moeda no curto prazo. A trajetória da dívida pública e o alto déficit fiscal aumentarão gradualmente as incertezas do mercado, levando a pressões depreciativas sobre a moeda.
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A Colômbia enfrenta desafios além dos fiscais que podem afetar o desempenho do peso colombiano. Sua balança comercial tem estado sob pressão devido à queda dos preços das commodities. Como resultado, é provável que o país tenha uma entrada menor de dólares.
O petróleo é uma das principais commodities exportadas pelo país. Todavia, a produção doméstica vem caindo nos últimos anos. O aumento dos preços, impulsionado pela guerra na Ucrânia, atenuou esse impacto, mas a recente queda nos preços do petróleo pode gerar preocupações no mercado.
O país pretende aumentar sua produção de petróleo para 1 milhão de barris por dia. No entanto, impostos mais altos, juntamente com políticas públicas que promovem a transição energética, desestimularam os investimentos no setor de petróleo upstream tornando mais difícil alcançar esse objetivo.
Em resumo, embora países latino-americanos como o México e o Brasil enfrentem uma desvalorização mais acentuada de suas moedas em 2024, o peso colombiano teve um desempenho melhor.
Isso não significa que os fundamentos domésticos estejam isentos de preocupações. A situação fiscal do país continua complexa, e a queda nos preços das commodities, principalmente do petróleo, pode representar desafios adicionais.
Os cortes nas taxas de juros americana pode proporcionar alívio às autoridades monetárias de vários países, incluindo a Colômbia, na qual o diferencial da taxa de juros provavelmente fortalecerá o peso colombiano e ajudará a reduzir a inflação.
Contudo, esses ganhos podem ser superados pelos fatores domésticos que trazem preocupação e podem reduzir a entrada de dólares no país.