Após fechar perto dos 97 mil pontos ontem, o Ibovespa tem apenas 3% para bater na marca dos 100 mil. A sinalização do FED sobre a manutenção da liquidez e dos juros básicos, associada aos resultados corporativos, deu ao mercado externo um motivo significativo para otimismo. Internamente, após a digestão do colapso da barragem da Vale (SA:VALE3), o mercado está sendo impulsionado por um forte otimismo em relação à política econômica. A agenda da reforma previdenciária, das privatizações e da gestão das estatais está consolidando a percepção positiva do mercado em relação ao ministro Paulo Guedes. Com esse impulso, os 100 mil pontos vão ser atingidos rapidamente.
Com o FED sinalizando uma interrupção no processo de normalização da taxa de juros, a manutenção dos juros em patamares muito baixos no mundo ficou mais do que reforçada. Os juros das treasuries voltaram a patamares historicamente baixos, com destaque para os dos EUA (2,66%), da Alemanha (0,18%) e Japão (0,002%). Com o avanço da agenda liberal no Brasil, muito analistas passaram a avaliar as chances de queda da taxa SELIC. Com a flexibilização das regras do mercado de trabalho e com a reforma da previdência, o produto potencial poderia subir e, com isso, o hiato do produto es. taria com folga suficiente para justificar uma redução da SELIC. Ainda que isso efetivamente vá ocorrer, caso as reformas sejam aprovadas, nada garante que o aumento do PIB potencial ocorresse dentro do horizonte da política monetária. Muito possivelmente a diretoria do BC não reagiria com tanta antecipação a esse aumento possível do hiato do produto, reduzindo a SELIC em 2019. Essa redução seria mais plausível diante de um choque que reduzisse o PIB observado. Como o cenário é claramente de alta do PIB para 2019 e 2020, as chances dessa redução da SELIC em 2019 são baixas, ao menos se levarmos em consideração esses argumentos.
Mantemos nossa percepção de que os juros básicos devem se manter estáveis em 2019, fechando o ano em 6,5% e de que os juros longos devem cair. Esses últimos é que têm um papel considerável a cumprir, já que a percepção de risco em relação ao Brasil está em queda e deve continuar caindo. Com a queda dos juros longos, o nível de atividade e a valorização dos ativos devem continuar intensas. Além dos juros longos e do mercado acionário, o real deve se beneficiar da queda do risco, já que o diferencial de taxas de juros aumenta consideravelmente. Esse talvez seja um dos desafios da equipe de Paulo Guedes, já que a aquisição de reservas não é uma unanimidade para sua equipe.
O Ibovespa abriu em alta de 600 pontos e o dólar em ligeira queda. Os juros, como ressaltamos, devem continuar a cair.