Entramos no mês de setembro e, para muitas empresas, é um período de fechamento de resultados e reta final para avançar com o planejamento do próximo ano.
Em outubro, teremos as eleições e os 5.570 municípios brasileiros passarão por mudanças na administração para o próximo ano. Neste cenário político, é importante lembrar das eleições presidenciais que ocorrerão em 2026, portanto o próximo ano deverá pavimentar o campo para as principais eleições do Brasil. As articulações já começaram, e os partidos estão de olho nas mais de 5 mil prefeituras para apoiar suas campanhas. Estou abordando o cenário político porque ele interfere consideravelmente no mercado, refletindo no consumo e, consequentemente, no mercado de pagamentos e crédito.
Ainda no cenário político, mas já envolvendo o Banco Central, teremos um novo presidente que assumirá uma agenda de muito trabalho e pressão. De um lado, as instituições reguladas e supervisionadas pelo BCB possuem uma agenda técnica extensa, importante e inadiável. Estou falando sobre a nova governança do Open Finance, a agenda do Pix, a supervisão das fintechs autorizadas e o fechamento do cerco para as não autorizadas, além do Drex. Do outro lado, há a pressão pela economia atrelada à redução da SELIC. A inflação acumulada nos últimos 12 meses, medida pelo IPCA (julho/23 a julho/24), foi de 4,5% e demonstra ritmo de aumento. Todos sabemos que não existe mágica para reverter esse quadro, e o próprio Banco Central já indicou caminhos para conter e até reduzir o aumento da inflação. Em ano eleitoral, esse assunto vai bater com muita força na porta do novo presidente do Banco Central, que inclusive foi indicado pelo atual presidente da república.
Banco Central
Gabriel Galípolo será o novo presidente da instituição. Atualmente, ele é diretor de Política Monetária do Banco Central e possui uma trajetória notável no setor financeiro. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência, Galípolo é reconhecido por sua capacidade de análise econômica e liderança estratégica. Sua atuação no Banco Central tem sido marcada por um trabalho harmônico e construtivo ao lado de Campos Neto, o que promete uma transição suave e eficiente.
O Banco Central supervisiona mais de 1.800 instituições reguladas, além de monitorar o mercado não regulado e uma agenda técnica extensa. Ainda temos mais de 800 participantes do Pix, onde a maioria são instituições não autorizadas, e uma grande lista de pedidos de autorização, tanto para participantes do Pix, instituições autorizadas e participação no Open Finance. Com a entrada de Galípolo, acredita-se em mais flexibilidade do governo para apoiar as reivindicações dos servidores, que demandam mais mão de obra, aparelhagem, ajustes nos cargos e melhoria nas remunerações.
Para as fintechs, teremos os seguintes destaques:
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Novas regras do Pix Cobrança e Pix Agendado (Instrução Normativa BCB n° 513 de 30/08/2024);
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Entrada do Pix Automático, prevista para o primeiro semestre;
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Mais instituições aplicando modelos de crédito nos moldes do Pix Garantido e Parcelado;
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Jornada sem redirecionamento, o Pix por aproximação e pagamento facilitado pelo Comércio Eletrônico, conhecido como Click Pix;
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O Drex, a tokenização do Real, ainda não tem data de lançamento, pois os participantes do mercado precisarão atingir o grau de maturidade adequado. A previsão de tangibilização é para 2026.
O Banco Central também está preocupado com a segurança e o cerco está se fechando para aquelas fintechs que estão trabalhando fora das regras do regulador, oferecendo riscos para o mercado. A tendência é termos cada vez mais fintechs profissionalizadas, inclusive aquelas autorizadas, pois estão recebendo um acompanhamento de supervisão mais próximo com um viés também educativo.
O Mecanismo Especial de Devolução (MED) é um conjunto de regras e procedimentos que permite a devolução de valores transferidos via Pix em casos específicos, e também terá evoluções. O projeto do MED 2.0, desenvolvido ao longo destes últimos meses, deve ser implementado no final do próximo ano.
Mercado de jogos e apostas
No primeiro dia do ano, começam a valer oficialmente as regras para o mercado regulado de jogos e apostas, conforme a Lei 14.790/23. Mais de 100 empresas entraram com pedidos para obtenção da licença, dentre elas a Caixa Econômica Federal. Este mercado ficará mais profissionalizado e demandará mais tecnologia e competência das instituições do Banco Central que ofertam soluções completas do Pix. Muitas empresas de pagamentos não autorizadas pelo Banco Central, que ofereciam serviços de Pix para o mercado de jogos e apostas, terão que se reinventar, pois enfrentarão serviços estruturados dos bancos e participantes diretos do Pix.
Crescimento da moeda eletrônica
Segundo levantamento da PwC, o volume de transações sem dinheiro em espécie mais que dobrará até 2030 em todo o mundo a partir de 2025. No Brasil, este cenário é ainda mais real. Estamos bem evoluídos no Open Finance, portanto, a proliferação de super aplicativos, ofertando pagamentos e transferências inteligentes, tende a aumentar. Por conveniência, os usuários e o uso serão direcionados para as carteiras digitais como primeiro ponto de contato, deixando de lado as interfaces tradicionais de cartões e bancos. Os aplicativos funcionarão como um marketplace de produtos e serviços financeiros com pagamentos facilitados, utilizando o dinheiro eletrônico depositado em diversas instituições.
Agenda 2030 presente cada vez mais nas ações das instituições do mercado financeiro
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), possui um roadmap para a possível solução das crises sociais e ambientais já existentes e para diversas ações para evitar novas.
A atuação das instituições financeiras (IFs) estimulou a adoção de um novo paradigma baseado nos ODS, imprescindível pelo fato de estas gerenciarem grande parte do capital por meio da gestão/direcionamento de investimentos e do financiamento de empresas e novas tecnologias. Observaremos mais instituições envolvidas na elaboração e execução de fato dos programas de ESG (Environmental, Social and Governance).
Inteligência Artificial (IA)
Estudo revela que a Inteligência Artificial (IA) será a principal aposta de empresas para o combate a fraudes no sistema financeiro. Um estudo apresentado recentemente pela empresa TOPAZ revelou que mais da metade (52% do total) dos representantes de diversas instituições financeiras do Brasil planeja implementar mecanismos de inteligência artificial (IA) para detecção de fraudes.
Por fim, é perceptível que o nível de profissionalismo está cada vez maior e, com isso, o mercado vem se afunilando, permanecendo somente aquelas instituições do mercado financeiro que encaram o mercado com seriedade e estão dispostas a inovar com agilidade.
Que venham as emoções e evoluções de 2025!