As perspectivas que fomentavam as convicções de no curto prazo, logo ao início do ano, o país revitalizar sua atratividade perdida em 2019 e com isto sua atividade econômica ganhar tração motivando investidores nacionais e, principalmente, estrangeiros a retomarem seus investimentos via conta capital ou fortemente através o mercado acionário, que se programou para vários lançamentos, não se confirmam e isto é frustrante.
A retomada do fluxo cambial intenso para o país, revertendo o soberbo fluxo cambial negativo ocorrido em 2019, era algo tido como certo, afinal o Brasil se mostrava com forte tendência de retomar dinâmica em sua atividade capaz de conquistar um crescimento do PIB entre 2,5% a 3,0%.
O BC que a despeito do empenho em manter a taxa cambial elevada com o esforço considerável em que supriu com o dispêndio de 10% das reservas cambiais o mercado de câmbio com intervenções neutras que inibem o efeito da oferta da liquidez à vista no preço ao combinar com demanda com swaps cambiais reversos no mercado futuro, viu o dólar despencar para R$ 4,01 na virada do ano, e frustrado, então, cessou sua intervenção desde 26 de dezembro de 2019, já que o objetivo não era este.
Se continuasse com os seus leilões de intervenção neutra de imediato daria sustentação ao preço do dólar em R$ 4,01, longe do seu objetivo, então, desde então deixou a formação do preço do real à mercê do mercado, permitindo, ao asseverar o objetivo de juro baixo dólar alto, que a especulação conduzisse o preço da moeda americana ao em torno de R$ 4,20, com intuitos ainda não declarados, mas sabidamente fora da curva.
Então todo o cenário tornou-se rapidamente complexo.
Quase inadmissível que com o juro alto se continue tendo presente a discussão sobre eventual queda adicional à taxa de juro SELIC, por absoluta incoerência, e temerária como estratégia para atrair investidores estrangeiros de melhor qualidade, já que estes não tem o ímpeto agressivo do investidor especulador para os quais não há atratividade no país na atualidade, e o investidor mais qualificado é mais cético e rigoroso nas suas decisões.
Os fluxos cambiais positivos não se confirmaram como eram previstos e o recuo de investidores que estavam aplicados na Bovespa chega a surpreender.
Ao que tudo indica o “choque inflacionário” de dezembro acendeu a “luz amarela” na propensão aos investimentos por parte dos investidores nacionais e estrangeiros, então ocorre um hiato que se reflete num desconforto em relação às perspectivas atuais que agregam incertezas e que impactam no otimismo, e os faz focarem agora na ocorrência de efetivas proposituras de reformas tributária e administrativa para que seja restaurado o otimismo.
Este momento que suscita contraditórios, incertezas e ilações como destacamos ontem, promove um hiato e dá a impressão de certo marasmo desalinhado com o discurso otimista do Ministro da Economia Paulo Guedes em Davos.
Afinal, bom lembrar que economia não é ciência exata, e assim embora o discurso seja até coerente, na prática a teoria é outra.
Afinal, de que vale termos um relevante estoque de reservas cambiais que nos referencia como porto seguro, se em contrapartida desejarmos ter a moeda americana valorizada ao extremo absolutamente “fora da curva”? Na realidade parece que há a intenção de uma “guerra cambial tupiniquim” para criar irrealidades alvissareiras que não encontramos de imediato em nossas realidades.
Fica em aberto, então, a questão:
Há fundamentos para que se possam definir tendências efetivas no momento ao preço da moeda americana no nosso mercado?
Certamente não!!!