Para a temporada 2018/19, é esperado aumento na oferta de milho no Brasil e no mundo. No Brasil, de acordo com informações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a elevação deve ocorrer devido aos maiores patamares de preços do cereal nos últimos meses e ao rápido semeio da soja na primeira safra, que favorecerá o cultivo da segunda temporada de milho. Com isso, deve haver aumento dos excedentes internos, mesmo com maior consumo, o que pode pressionar as cotações. Em termos mundiais, porém, a demanda deve aumentar mais que a oferta, pressionando os estoques e podendo elevar os preços internacionais. Espera-se, também, aumento nas transações internacionais, o que deve ser uma boa alternativa para as exportações brasileiras.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra verão brasileira totalize 27,37 milhões de toneladas, 2,1% maior que a anterior, devido ao aumento de 0,8% na área e de 1,3% na produtividade média. Até o início de dezembro, as boas condições climáticas haviam favorecido o desenvolvimento das lavouras de milho verão nas principais regiões produtoras. No entanto, agentes estão receosos quanto aos impactos do clima quente e seco sobre a produtividade registrados em dezembro.
O consumo interno é estimado em 62,5 milhões de toneladas, elevação de 4,4% em relação à temporada anterior. A industrialização crescente do cereal, inclusive com novas iniciativas de produção de etanol de milho na região Centro-Oeste e a elevada produção de ração animal criam a perspectiva de aumento do consumo interno.
A soma da produção do milho verão ao estoque de passagem, estimada pela Conab até o momento em 15,8 milhões de toneladas ao final de janeiro/19, indica suprimento de 43,15 milhões de toneladas para o primeiro semestre. Este volume é equivalente a 69% do consumo doméstico no ano, cenário que deve favorecer compradores.
Para a segunda safra, a perspectiva também é de aumento na área, devido ao semeio do cereal dentro da “janela ideal”. Isso mantém a perspectiva do potencial produtivo da cultura.
Porém, por enquanto, a Conab mantém as estimativas de área da temporada anterior, e perspectiva de produtividade média de 5,51 t/ha. Com isso, a produção do milho segunda safra 2018/19 está projetada em 63,73 milhões de toneladas, aumento de 18% frente à temporada anterior. Caso as estimativas da Conab se concretizem, a produção total de milho deve atingir 91,10 milhões de toneladas.
Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que a safra 2018/19 pode totalizar 28,5 milhões de tonelada, incremento de 3,43% em relação à anterior.
Apesar da expectativa de produtividade elevada no campo, produtores estão atentos à probabilidade de El Niño em 2019. Caso esse cenário se confirme, as chuvas menos frequentes no Centro-Oeste podem impactar o desenvolvimento das lavouras. Até o momento, a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) indica probabilidade de ocorrência deste fenômeno de 70% no primeiro trimestre no território brasileiro.
A disponibilidade interna para a próxima safra, resultado da soma entre estoques iniciais, importação e produção, pode superar as 107 milhões de toneladas, historicamente a maior no mercado brasileiro. Este é um quadro bastante positivo aos compradores, uma vez que o excedente interno, que se refere à diferença entre a disponibilidade interna e o consumo, seria de 44,8 milhões de toneladas, quantidade 15% superior à temporada passada.
Este volume estará disponível para exportação. Por enquanto, a Conab estima que 31 milhões de toneladas sejam destinadas ao mercado externo entre fev/19 e jan/20. A expectativa é que as exportações brasileiras aumentem o ritmo de novos negócios, à medida que a maior pressão da oferta ajuste os preços do cereal brasileiro ao mercado externo, aumentando a competitividade internacional.
Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção deva atingir 1,099 bilhão de toneladas, elevação de 2,2% em relação à temporada anterior. A elevação é decorrente principalmente de aumentos nas produções estimadas do Brasil, Argentina, Sérvia e Ucrânia. O consumo deve atingir 1,131 bilhão de toneladas, aumento de 4,2% em relação ao anterior.
Quanto às transações internacionais, o USDA espera aumento de 8,1%, indo para 162,2 milhões de toneladas. Por enquanto, o Brasil se consolida como quarto maior exportador, com 26,5 milhões de toneladas, atrás da Argentina, com 27,5 milhões, Ucrânia, com 28 milhões e Estados Unidos, com 62 milhões de toneladas.
Com aumento na produção menor que o do consumo, o estoque mundial deve atingir 308,8 milhões de toneladas, quantidade 9,2% inferior à temporada passada. Quando analisada a relação estoque final/consumo para a safra 2018/19, existe redução em relação à temporada passada, de 4 p.p., para 27,3%, o que pode contribuir para a sustentação dos preços internacionais do médio ao longo prazo.
Para a Argentina, principal concorrente das exportações brasileiras, as estimativas oficiais apontam aumento na produção de milho na temporada 2017/18, o que pode trazer maior concorrência com as exportações brasileiras em 2019. O USDA atualmente estima aumento de 32,8% na produção argentina em relação à temporada passada, com a perspectiva de atingir 42,5 milhões de toneladas.