Colaboradores consultados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, estão otimistas quanto ao cenário para 2019. Agentes esperam que o mercado doméstico se aqueça neste ano e que as exportações de carne bovina mantenham o bom ritmo verificado no segundo semestre de 2018, contexto que deve estimular produtores a investirem.
ECONOMIA – O cenário econômico é favorável para este ano, com inflação controlada, taxa de juros baixa e perspectivas de mais investimentos com o novo governo. Há a necessidade de uma reforma da previdência e de controle dos gastos. Estimativas indicam crescimento de 2,5% do PIB para 2019 e de 2,5 a 3% para 2020, contexto que pode aumentar o poder de compra de pecuaristas.
Quanto ao dólar, deve variar entre R$ 3,70 e R$ 3,80, patamar que favorece as exportações nacionais de carne, mas encarece as importações de insumos. No contexto internacional, o pecuarista brasileiro deve se atentar à trégua das disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos, que tende a pressionar os valores de produtos agrícolas brasileiros, especialmente grãos e carnes.
CUSTOS DE PRODUÇÃO – O cenário indica estabilidade nos custos de produção do pecuarista em 2019, uma vez que os preços dos grãos, que compõem cerca de 14% do gasto de confinadores, de acordo com levantamento do Cepea em parceria com a CNA, podem não variar fortemente.
No caso do milho, analistas da equipe de Grãos do Cepea indicam que os preços do grão podem variar entre estabilidade e queda em 2019. Isso porque os produtores foram incentivados pelos bons preços do grão nos últimos meses e pelo rápido semeio da soja, que beneficiará o cultivo da segunda safra de milho.
Já para a soja, a Equipe de Grãos do Cepea indica que a expectativa de nova safra recorde em 2019 pode não se concretizar, pois o crescimento na área será insuficiente para compensar a possível queda na produtividade. O clima seco em dezembro antecipou o ciclo das lavouras implantadas em setembro, prejudicando o potencial produtivo em muitos estados brasileiros. Por outro lado, as exportações de soja em grão e derivados podem não atingir os patamares de 2018, tendo em vista a boa produção na Argentina e também a trégua na disputa comercial entre a China e os Estados Unidos, contexto que elevaria a disponibilidade doméstica.
Quanto aos insumos pecuários importados, como o fosfato do sal mineral, ureia e fertilizantes (adubos), devem seguir o movimento do câmbio. Vale lembrar, no entanto, que esses insumos compõem apenas 3% dos custos, não impactando expressivamente na rentabilidade do produtor.