As primeiras impressões quanto à safra 2019/20 de laranja no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro são de preços novamente positivos aos produtores, mesmo em um cenário de maior produção. Isto porque, segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, ainda que a oferta da fruta se eleve na próxima temporada, o retorno dos estoques a níveis críticos nas indústrias paulistas (reflexo da menor produção em 2018/19) deve sustentar a demanda pela matéria-prima.
Segundo projeção de agosto/18 da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), os estoques finais previstos para 30 de junho de 2019, de 146,7 mil toneladas de suco em equivalente concentrado, seriam suficientes para atender a, no máximo, dois meses de embarque. Este cenário, portanto, poderia sustentar os valores internos da fruta em 2019, mesmo com uma produção elevada em 2019/20 – tendo em vista que os estoques de passagem de junho/18 (referentes à 2017/18), embora positivos, não foram caracterizados como excessivos.
De fato, as primeiras propostas das grandes indústrias para aquisição das laranjas de 2019/20 se iniciaram com antecedência por mais um ano (em outubro/18). Os valores oferecidos estiveram em tono de R$ 22,00/cx de 40,8 kg, colhida e posta na indústria, podendo contar com adicional de participação no preço de venda do suco no mercado internacional. Em 2018/19, vale lembrar, as primeiras propostas eram realizadas em torno de R$ 20,00/cx.
Embora cautelosos em um primeiro momento, aguardando melhor dimensionamento da safra, citricultores acataram as negociações em meados de novembro, temendo que os valores propostos recuassem nos meses seguintes. As compras antecipadas têm sido uma estratégia das grandes indústrias desde 2016 (quando se iniciaram em outubro, mesmo com a safra 2017/18 tendo sido uma das maiores da história).
PRODUÇÃO – Produtores estão confiantes de que a safra 2019/20 seja positiva, fundamentados no clima favorável ao desenvolvimento das plantas durante as floradas e fixação dos chumbinhos. Ocorridas entre agosto e setembro na maioria dos pomares, as floradas principais foram abundantes.
Em meados de dezembro, a intensa amplitude térmica causou abortamento de parte dos chumbinhos de segundas ou terceiras floradas em algumas regiões, principalmente de variedades tardias, mais sensíveis ao clima. Porém, citricultores acreditam que as perdas não devem ser significativas para o resultado da próxima safra. Ainda assim, alguns produtores são cautelosos em considerar a possibilidade de uma “supersafra”, apostando apenas em recuperação do volume em 2019/20, enquanto outros estimam aumento de até 40% em relação à de 2018/19.
INTERNACIONAL – Na Flórida, o cenário também é favorável em termos de produção. Para 2018/19, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima aumento de 71,5%, devido ao clima favorável ao desenvolvimento das laranjas locais e aos métodos mais adequados para a convivência com o greening.
Ainda que a maior oferta norte-americana se confirme, os indicativos são de que a demanda dos EUA por suco de laranja brasileiro continue aquecida. Isso porque, mesmo que o greening esteja mais controlado na Flórida, ainda se trata de um problema de longo prazo. Além disso, a previsão positiva não deve resultar em forte elevação dos volumes de suco nos estoques das indústrias norte-americanas.
TAHITI – As previsões também são positivas quanto ao volume de tahiti a ser produzido no estado de São Paulo durante o pico de safra, previsto para o primeiro trimestre de 2019. Segundo agentes, a produção pode superar a de 2018, já que as chuvas foram mais constantes e bem distribuídas no segundo semestre de 2018.
Mesmo com maior oferta, a demanda industrial pode ajudar na sustentação dos preços aos produtores, controlando a disponibilidade no segmento in natura. Outro fator que deve contribuir para preços firmes da tahiti, mesmo durante seu pico de safra, é o bom desempenho das exportações, que podem continuar positivas, em decorrência da boa demanda pela fruta, principalmente na Europa, onde a fruta segue ganhando participação.