Como tudo passa… passou
O mês de junho terminou, e às vezes tenho minhas dúvidas se 2020 não marcará o fim da odisseia terrestre: em meio a uma pandemia, vivenciamos de ciclones a nuvens de gafanhotos.
Superamos o primeiro semestre do ano e, muito em breve, será dada a largada para a temporada de balanços do 2T20 — um ciclo de resultados que nos mostrará a fotografia de um período, no mínimo, conturbado para grande parte das Companhias listadas na Bolsa.
Não se deixe enganar: por mais que a animação do mercado sugira o contrário, as empresas mais afetadas pelo distanciamento social ainda estão faturando aquém do normal e lançando mão do caixa para se manter no jogo. Enquanto a turma da Faria Lima flerta com IBOV a 100 mil pontos, apostando em um futuro melhor, as Empresas seguem convivendo com um momento presente de desafios importantes.
Em busca de sinais
Passamos a maior parte do segundo trimestre digerindo números relativos ao 1T — que, na maioria das Empresas, trouxeram poucos impactos da Covid-19. Estivemos mais atentos às teleconferências de resultados em busca de sinais do que realmente importava: o que viria nos números do 2T?
E a cada teleconferência o tom era o mesmo: empresas reforçando caixa, cortando custos, revendo contratos e, no caso dos setores mais afetados, buscando apoio do governo.
Os negócios resistiram. Não foi o fim do mundo, como muitos previam. Mas ainda precisamos confrontar as expectativas versus a realidade dos resultados das Companhias.
Motivos para se animar ou se preocupar?
Sinais de recuperação do consumo, concomitantes às flexibilizações das medidas de distanciamento social e ao aumento da mobilidade das pessoas, têm animado os mercados.
A recuperação das atividades desde o mês de abril pode amenizar os impactos nos resultados das empresas no 2T. O que leva o mercado a começar a projetar dados melhores para os próximos trimestres. E, como sabemos, o mercado antecipa.
Por outro lado… a cautela ainda permanece, com o vírus à solta e sem nenhuma vacina com eficácia comprovada. Ainda vemos casos aumentando nos Estados Unidos e no Brasil, e a China também registrou um novo foco de casos em Pequim.
Um pouco de prudência pode fazer bem.
TINA, FOMO e outros bichos
O comportamento recente do mercado também pode ter outras raízes.
Diante de sinais de recuperação, muitos investidores não querem deixar de estar posicionados — o que chamamos de FOMO (Fear Of Missing Out = medo de ficar de fora) pode ter sua parcela na recente valorização das bolsas.
Outro fator importante se deu com os bancos centrais do mundo inteiro utilizando suas ferramentas de política monetária para injetar liquidez em suas economias. Uma dessas medidas foi a redução da taxa de juros: com retornos próximos a zero, é natural que investidores busquem melhores retornos em bolsa — esse movimento é conhecido com TINA (There Is No Alternative = não tem outra alternativa).
Pelo sim, pelo não...
Com ou sem surpresas no segundo trimestre; com ou sem segunda onda; com ou sem FOMO, TINA e tudo mais… minha convicção segue a mesma: quero estar posicionado em boas empresas em qualquer situação.
Sempre é hora de comprar, à medida que encontramos bons negócios com bons preços. Crises vêm e vão, mas negócios resilientes ficam cada vez mais fortes.
Se você quer investir em ações, mas ainda tem receio e está cauteloso, sugiro dar seus primeiros passos com oportunidades que combinem com um perfil mais conservador: Empresas que possuam forte geração de caixa e atuem em segmentos mais previsíveis.