Mercados continuam com um pé no cenário político, vendo Lula surgindo como força em 2022, e outro na pandemia, diante do estrago causado pela incompetente política doméstica de saúde. A vacinação é lenta, o número de mortes bate recorde e a ameaça da nova cepa da Amazônia uma realidade para o mundo. Decorrente disso, apelos populistas continuam a minar a resistência de Paulo Guedes e sua capacidade de persuasão junto ao presidente. A austeridade fiscal corre riscos.
A Terça-feira foi um dia intenso. No plano político (ou jurídico), o destino do ex-Juiz Sergio Moro, praticamente, foi selado pelo STF. Muito provavelmente, deve ser colocado em “suspeição”, o que poderá anular todas as condenações da Lava-Jato. Junto a isso, acabará ferido de morte, caso tenha alguma pretenção política para 2022. A sessão de ontem no STF, coordenada pela chamada segunda turma, tinha o placar de 2 a 2, mas o ministro Nunes Marques acabou pedindo vistas do processo.
No Congresso, avançou pela madrugada a PEC Emergencial, aprovada em primeiro turno com o placar de 341 votos a 121. Nesta quarta teremos o segundo turno. A expectativa é saber se algum destaque possa passar, alterando o texto e tornando-o ainda mais populista (ou ruim para o esforço de Paulo Guedes de manter alguma “ordem” no regime fiscal). Não acreditamos, pois para isso seriam necessários 121 votos, o que não deve ocorrer por não haver tempo suficiente para esta mobilização. Os destaques para manter os reajustes salariais dos militares e da polícia, pedidos pelo presidente, não devem rolar.
Passada a votação, seguimos em desconforto, dada a pouca convicção do presidente em relação à austeridade fiscal. Nesta lógica, surge a indagação ainda sem resposta: até quando Paulo Guedes conseguirá resistir? Bolsonaro, nos seus movimentos mais açodados, nunca negou sua postura corporativa, defendendo segmentos da sua base eleitoral. O receio é de que essa tendência predomine diante da antecipação da campanha para 2022, depois de Lula se tornar elegível e o mais provável e forte adversário do presidente.
Na batalha da Covid-19, diante do recorde de mortes nesta terça-feira (quase 2 mil), o Ministério da Saúde pediu socorro aos chineses. Neste dia, em 24 horas, o número de óbitos chegou a 1.972, com mais 70,7 mil novos casos. Quase todos os Estados apontam ocupação acima de 80% nos leitos das UTIs. Em muitos casos, passam de 90%. Paraná e São Paulo lideram como os casos mais extremos.
Agenda diária
Fraca e sem grandes novidades. Nos balanços, temos Braskem (SA:BRKM5), Aliansce Sonae (SA:ALSO3), Ecorodovias (SA:ECOR3), Eneva (SA:ENEV3) e Terra Santa Agro (SA:TESA3). Nos EUA, atenção para o CPI de fevereiro, previsto em 0,4%, contra 0,3% em janeiro. Em 12 meses , o índice deve ficar em torno de 1,38%, ainda distante da meta do Fed, de 2,0%. Na China, a inflação pelo CPI de fevereiro registrou queda menor do que o esperado (-0,2% contra -0,4%).
Comportamento dos ativos
Bolsa de valores no Brasil registrou um comportamento tímido nesta terça-feira, e em NY as bolsas registraram bom desempenho, diante do esvaziamento dos t Bonds, com juro mais baixo. Ao fim do dia, o B3 (SA:B3SA3) fechou em alta de 0,65%, a 111,3 mil pontos, com volume de R$ 44,6 bilhões. No petróleo, o barril Brent fechou a US$ 67,52 (-1,0%) e o WTI a US$ 64,01 (-1,6%). No câmbio, o dólar foi a R$ 5,79, depois de bater R$ 5,90. No mercado de juro, há uma semana do Copom, crescem as apostas por uma puxada mais forte, 0,75 ponto, com juro básico podendo fechar o ano mais próximo de 6%. No gráfico, as curvas de juros seguem bem inclinadas, com viés de alta.