Um dos dados macroeconômicos mais aguardados nesta semana, o Payroll registrou a criação de 315 mil vagas de emprego em agosto, acima do esperado pelo mercado, que era de 300 mil. Porém, a taxa de desemprego passou de 3,5% em julho para 3,7% no mês em questão.
Como sabido, a decisão do Federal Reserve, Fed, na condução da política monetária americana corrobora com o cenário inflacionário e do mercado de trabalho, ou seja, investimentos em renda fixa e variável e no próprio dólar são afetados por essas duas variáveis econômicas.
Neste contexto, analiso o resultado do Payroll e constato dois fatos: o primeiro é que os juros americanos continuarão subindo, apesar do número menor do payroll de agosto frente a julho e a desaceleração da inflação ao consumidor em julho, mas que conta com um mercado de trabalho resiliente.
Já o segundo fato se baseia na magnitude da próxima alta dos Fed Funds que poderá perder fôlego diante o 0,75 ponto percentual verificado na última decisão do Fed, ou seja, a alta nos juros ocorrerá, porém, há chances de 0,50 ponto percentual.
Ao observar o Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve de ontem, a expectativa do mercado com relação à possibilidade de alterações nas taxas de juros americanas apresentava uma probabilidade 73% para mais uma alta de mais 0,75 p.p nos juros na reunião do FOMC que ocorre neste mês. Hoje, após os dados do payroll, a probabilidade para a alta de 0,75 p.p. caiu para 57%.
Diante desse cenário, a leitura que faço é a seguinte: dólar, bolsa e recessão estão estritamente relacionados à magnitude da alta dos juros americanos, em outras palavras, a aceleração na escalada dos juros ao longo dos próximos meses fortalece o dólar, derruba as bolsas americanas e aumenta a probabilidade de recessão no país.
Mas, não é bem esse cenário que o mercado parece ler no momento. Hoje, após o payroll, a moeda americana perdeu força assim como as bolsas reagiram positivamente e, o fantasma da recessão, não entrou no radar; ou seja, a condução da política monetária do Fed parece seguir para aumentos nas taxas de juros em magnitude que não traga pânico, especialmente para o mercado de capitais americano, ou seja, o aumento de 0,50 p.p. segue no radar.
O que muda para o investidor
Começando por uma das máximas do mercado financeiro, os EUA tocam a música e o mundo vai dançando, o controle da inflação americana parece estar sob controle do Fed, que ainda aguarda o CPI de agosto e a divulgação do ISM de Serviços.
Assim, para o investidor, o mercado de renda fixa doméstico continuará sendo o protagonista dos investimentos no curto e médio prazo, assim como o cenário de curto prazo ainda reflete um câmbio desvalorizado, favorecendo os setores expostos à moeda em um mundo que desacelera o ímpeto da atividade, mas que não desmorona.
Desta forma, a certeza é que os juros americanos continuarão subindo neste ano, contudo, a maior previsibilidade na condução da política monetária americana leva a menores pressões na volatilidade dos ativos, as quais favorecem a decisão dos investidores ao longo do tempo.