“Bom dia, crianças”...
...é uma de minhas saudações habituais quando chego no escritório. Acho que meus colegas jamais desconfiaram se tratar de uma referência velada à Elke Maravilha. Gostava de sua autenticidade, sua coragem em ser diferente. Suas aparições reafirmavam minha convicção de que ser diferente não é ruim e que tudo é uma questão de referência - e quando a referência é mortalmente chata, simplesmente não tenho nada com isso.
Detesto o consenso. Aliás, todos aqui na Empiricus detestam. Defendemos (e exercemos) o direito de sermos diferentes; de pensarmos diferente, de sermos disruptivos no melhor sentido possível da palavra. Buscamos a autenticidade acima de tudo. Paradoxalmente, vivemos tempos curiosos: em um mundo em que a autenticidade de Elke é celebrada, pensar contra o politicamente correto, orgânico, com teor reduzido de sódio e baixas emissões de carbono, é pecado mortal. E só piorou em tempos recentes. Sinal de que há muito por fazer...
Elke saiu de cena - foi brincar de outra coisa. Nós continuamos aqui, nadando contra a corrente.
Cuidado com o Fed
Por falar em brincar de outra coisa, o mercado deu uma pausa na euforia sem fim. Painel de cotações vermelho hoje, aqui e lá fora. Tudo por conta de declarações do presidente do Fed de Nova York, que deu a entender que alta de juros nos EUA já poderia vir no mês que vem. Pegou o mercado inteiro no contrapé.
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, penso eu. Continuo pensando em dezembro. Temos, de qualquer forma, uma pequena amostra do que me vem em mente quando falei de impactos no valor de ativos por conta da elevação do custo de capital por lá.
Dentre os fatores domésticos, vejo algum ruído com relação à entrevista da presidente do BNDES ontem, durante a qual ela deu a entender a necessidade de revisitar a carteira do BNDESPar. Muitos agentes ouviram aí um apito de cachorro para venda de participações em empresas de capital aberto. Acho plausível, e por isso mesmo começo a falar sobre o tema hoje. M5M PRO .
182,5 por cento do CDI
Esse foi o resultado da principal carteira do Empiricus Renda Fixa no último mês. A Marília mandou bem ao trocar LFTs por LTNs e mostrou que sabe escolher crédito privado a dedo: o fechamento de taxa de uma das suas debêntures foi o destaque do mês.
Curiosamente, em nossa reunião de ontem, ela foi taxativa: quer ainda mais, e está empenhada nisso.
Queria ver o mesmo empenho em vários gestores de renda fixa por aí...
Que tal um duelo?
Dias atrás, comentei declarações do CEO da Rio Tinto (LON:RIO), que está pessimista com a sustentabilidade dos preços das commodities metálicas - minério de ferro, principalmente.
Agora foi a vez do CEO da BHP contraditar: acredita que o pior, para as commodities, já ficou para trás. Seria convicção ou medo dos acionistas?
Talvez valesse colocá-los em uma sala, cada um com um bastão de espuma na mão, e ver o que acontece.
Temos insistido na visão de que há, sim, espaço para baixo. Em minério de ferro, principalmente. Não acreditamos na sustentabilidade dos preços que estão aí, seja por conta de atividade econômica na China, seja por expansão de oferta. E continuamos achando que, como consequência, Vale (SA:VALE5) é para baixo.
O governo contragolpeia
O governo reviu para cima sua projeção de PIB para 2017, para 1,6 por cento. No Focus, consenso de mercado é 1,1.
Se concretizado o cenário de Brasília, previsão é de que aumentos de impostos não serão necessários. Ótimo para o bolso do contribuinte duplamente: não incorrerá em maiores desembolsos, e é um fator de pressão a menos na inflação - que, aliás, o mercado projeta em 5,1 por cento enquanto, nos gabinetes da Esplanada, já se fala em convergência ao centro da meta.
Acreditamos na retomada. Contragolpe na veia.