A falta de rumo da agenda econômica seguirá até as eleições de 2022. Afinal, o mais importante é se reeleger e não necessariamente cumprir com compromissos que melhorem a retomada da economia e crescimento do país.
Em seus comentários no final da semana, o ministro da Economia Paulo Guedes disse que não houve mudança nos fundamentos da economia brasileira com a fórmula encontrada para financiar o novo Bolsa Família, embora tenha admitido que prefere tirar uma nota mais baixa no quesito fiscal em troca de atendimento aos mais frágeis.
O fato é que o governo vai mesmo desrespeitar o teto de gastos para financiar um Auxílio Brasil mais robusto.
Em meio ao preocupante noticiário fiscal dos últimos dias, a moeda norte-americana encerrou a semana com alta de 3,115%.
A política fiscal mais ativa vai demandar uma política monetária mais apertada, tornando o cenário econômico mais desafiador, com juros mais altos, crescimento mais fraco do PIB, maior dívida bruta e inflação mais elevada.
Um orçamento público desequilibrado gera inflação e o drible ao teto de gastos é pedalada sim.
Desde o dia 7 de setembro, o dólar acumula uma valorização de 10% em relação ao real, o que significa mais possibilidade de termos pressão de inflação de alimentos. O dólar pressiona os preços de grãos como soja, milho e trigo, que contaminam derivados como óleo de soja, massas e panificados, assim como carnes de animais dependentes de ração, aves e suínos. A crise hídrica já vinha ajudando a elevar o custo desses alimentos, que inicialmente ficaram mais caros no atacado, mas os reajustes já chegam ao varejo.
Tecnicamente, o dólar deveria ser o diferencial da taxa de juros entre Brasil e Estados Unidos, mas como o risco político se apresenta de maneira muito intensa, os agentes econômicos também estão mais tensionados.
A conclusão é que não existe mágica para ganhar popularidade no governo. É preciso gastar. O risco fiscal derruba nossas projeções de crescimento, que estressam o câmbio, alimentam a inflação e impactam os juros.