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Para os Touros do Petróleo, Silêncio de Trump sobre o Irã Não É Tão Valioso

Publicado 16.07.2019, 10:16
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O silêncio, geralmente, vale ouro. Mas, de um presidente que costuma tuitar demais, ele é mais enigmático do que valioso.

Para os investidores comprados em petróleo que apostam que as tensões com Irã podem continuar dando suporte ao Brent acima de US$ 65, o fato de Donald Trump não ter se manifestado sobre a disposição de Teerã de resolver a crise provocada pelas sanções americanas pode acabar sendo até preocupante.

Isso porque qualquer touro do petróleo digno desse nome sabe exatamente qual é a posição de Trump em relação aos preços elevados da commodity.

Se puder ajudar, Trump quer preços mais baixos para o petróleo

O presidente dos EUA passou boa parte do ano passado tuitando contra os cortes de produção da Opep, enquanto o cartel trabalhava para reprimir a oferta e elevar os preços. Embora, neste ano, Trump tenha feito pouco nesse sentido – e por boas razões, já que fatores neutralizantes, como a guerra comercial com a China e outras preocupações com a demanda, torpedearam qualquer rali do petróleo antes que se estendesse demais –, não há dúvidas de que ele quer preços mais baixos para o petróleo, se puder ajudar.

A motivação de Trump para um petróleo mais acessível não é segredo para quase ninguém: a história já mostrou que os preços altos do petróleo não são nada bons para um presidente que busca reeleição, e Trump está a 16 meses da candidatura ao seu segundo mandato.

Gráfico Semanal WTI

Em uma coluna escrita no ano passado, o analista de energia da Reuters, John Kemp, observou que a elevação dos preços do petróleo WTI norte-americano desde patamares abaixo de US$ 30 por barril, em fevereiro de 2016, para mais de US$ 70, em julho de 2018, impulsionou as economias do Texas, Oklahoma, Dakota do Norte e outros estados produtores.

Segundo Kemp:

“Mas esses estados, em sua maioria, são fortemente republicanos."

“Por isso, o presidente está dando tanta atenção ao impacto danoso dos preços mais altos do petróleo e da gasolina nos consumidores dos estados indecisos.”

Do ponto de vista da Casa Branca, o preço ideal não seria tão baixo a ponto de causar problemas aos estados produtores, mas também não tão alto de forma a prejudicar os estados consumidores.

Por várias vezes no passado Trump expressou sua insatisfação com a forma como os preços e a produção de petróleo eram controlados pela Opep, que, aliás, estendeu até março de 2020 seu compromisso de cortar a produção normal em 1,2 milhão de barris por dia (mbpd).

...E ele quer que a Opep produza mais 2 mbpd

Ao ser perguntado sobre quanto o cartel deveria produzir, o presidente respondeu sem hesitação: “Eles têm que produzir mais 2 milhões de barris, na minha opinião.”

No auge do rali do petróleo no ano passado, Trump tuitou:

“Os preços do combustível estão altos, e eles estão fazendo pouco para ajudar. Essa deve ser uma via de mão dupla. REDUZAM O PREÇO JÁ!”

Ele explicitou a ligação entre as sanções ao Irã e a política de produção da Arábia Saudita em uma das suas entrevistas à Fox News.

Há poucas dúvidas em relação a quem o presidente se refere sempre que usa o coletivo "eles" no contexto da Opep: Arábia Saudita.

Como líder de fato do cartel, o país do Oriente Médio precisa garantir tanto o preço quanto a segurança do petróleo que produz e exporta. Isso é particularmente importante agora que o Irã, cada vez mais beligerante, está tentando prejudicar o resto da Opep, que aproveitou a retomada dos preços neste ano, enquanto Teerã estava impedido de participar do mercado pelas sanções norte-americanas.

Os EUA reagirão à influência do Irã, maior rival regional da Arábia Saudita, impondo-lhe sanções duras e dando segurança aos países do Golfo Pérsico através da presença das forças militares norte-americanas. Em troca, a Arábia Saudita protegerá os motoristas dos EUA contra um aumento nos preços da gasolina.

Isso nos leva à interessante mudança demonstrada agora pela disposição do Irã em negociar com o governo Trump depois de um ano de hostilidades e de tons elevados de ambas as partes, cujo auge foi a derrubada, em junho, de um drone de vigilância dos EUA pela República Islâmica.

Na segunda-feira, o Ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que seu país queria conversar, e não fazer guerra com os EUA. Mas Zarif repetiu a pré-condição definida por seu chefe, o presidente Hassan Rouhani, no fim de semana para o início das negociações: primeiramente, todas as sanções dos EUA contra Teerã devem cessar.

Irã pode fornecer aqueles 2 mbpd a mais

A lógica obriga Trump a concordar em se sentar com os iranianos, pois aqueles 2 mbpd que ele está buscando da Opep encontram-se exatamente em Teerã. Após firmar o acordo nuclear original com o governo Obama e outras potências mundiais, em 2015, Teerã produziu até 2,5 mbpd em seu pico.

De fato, mesmo antes de os iranianos oferecerem a ele o cachimbo da paz neste fim de semana, Trump já os vinha convidando para a mesa de negociação, com um refrão praticamente idêntico: nada de guerra, só diplomacia.

As tratativas com o Irã permitiriam que Trump atingisse imediatamente dois objetivos: reduzir os preços do petróleo e corrigir mais um "erro" da era Obama.

Preço do petróleo pode cair pelo menos US$ 5 por barril quando as negociações forem anunciadas

Quando Trump responder ao chamado de Teerã, a expectativa é que o preço do petróleo caia pelo menos US$ 5 por barril, e cada recuperação a partir daí será ditada pela possibilidade de um iminente Acordo Nuclear 2.0 com o Irã.

É possível que o presidente se gabe de como o “acordo Trump-Irã” é melhor para o mundo, em comparação com o acordo original de Obama em 2015, que ele classificou como "o pior acordo de todos os tempos".

Concordar com a pré-condição do Irã pode ser interpretado como fraqueza

Mas, ao concordar com a pré-condição de Rouhani para as tratativas, Trump também ficará nas mãos dos iranianos ao lhes dar aquilo que querem exatamente: exportar seu petróleo imediatamente e se preocupar depois com a política e as normas definidas pelos EUA.

Isso pode ser interpretado como um sinal de fraqueza por parte de Trump e certamente deve enfurecer a ala linha-dura do seu governo que se empenhou em dificultar as coisas para a República Islâmica. E abandonar as tratativas mais tarde – se não funcionarem – e reimpor sanções pode apenas dissolver a determinação do pensamento original de Trump com os iranianos.

O Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, já deixou claro que não está nada contente com a pré-condição de Rouhani, embora reconheça que quem “tomaria a decisão” seria Trump.

Enquanto o mundo aguarda o tuíte ou a resposta de Trump, temos a opinião de que ele dará prioridade à sua campanha política, e não ao mundo.

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