O petróleo chegou a negociar a US$95 no dia 06 de julho de 2022, poucos meses após superar US$130 impulsionado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. A queda do petróleo tem como principal motivo o receio de recessão mundial, com as altas de juros nos EUA.
Diante da queda das ações de petroleiras nos últimos dias, boa parte dos investidores está se questionando: para onde vai o petróleo?
Vale a pena investir nas ações de empresas deste setor? Podemos recorrer aos principais analistas do setor, mas as projeções estão desencontradas.
Alguns têm cenários extremos, nos quais o petróleo poderia chegar a US$380, caso a Rússia cortasse seu fornecimento, como é o caso da estimativa divulgada pelo JPMorgan (NYSE:JPM).
Convenhamos que se a Rússia cortar totalmente sua produção ficará difícil para ela própria se financiar. Ainda assim o exercício de cenários é valido, mesmo que eles não se concretizem.
Outros estimam que o cenário extremo oposto poderia jogar o petróleo para menos de US$65 no ano que vem, assumindo recessão mundial e sem cortes de produção dos principais produtores.
Novamente, este é outro cenário extremo e que dificilmente vai se concretizar na sua completude. Novamente, a estimativa é válida, mas as vezes ela só nos deixa mais confusos.
Se tentarmos sumarizar, dentre os fatores que pesam para os preços altos estão os estoques abaixo da média histórica, as sanções à Rússia e a guerra da Ucrânia, bem como a retomada das economias pós covid.
Dentre os riscos de queda dos preços, estão uma recessão mundial, com queda de PIB das economias pela necessidade de alta de juros para conter a inflação, lockdowns na China pela política de Covid zero e a desaceleração da economia por lá.
Ainda na parte dos riscos, temos a migração para energias mais limpas no mundo, uma tendência de longo prazo.
A verdade é que provavelmente ninguém acertará na mosca o preço futuro, tudo o que temos são cenários.
O que eu sei é que algumas empresas na nossa bolsa, notadamente as chamadas júnior, oriundas de vendas de ativos da Petrobras (BVMF:PETR4), as quais não sofrem tanto com o receio dos investidores sobre interferências políticas estão negociando a múltiplos que parecem interessantes a quem quer colocar o pezinho neste setor.
Empresas como 3R Petroleum (BVMF:RRRP3), PetroRio (BVMF:PRIO3) e PetroReconcavo (BVMF:RECV3) estão negociando a múltiplos de EV/reservas que variam entre 4 e 8 vezes.
Ou seja, o valor de mercado mais as obrigações futuras a pagar destas empresas, quando divididos pelas reservas de petróleo da empresa, nos informam que estamos pagando de 4 a 8 dólares por barril que ela detém em reservas.
Isto compara-se a um petróleo que roda em torno de USS100 hoje em dia.
Claro que temos que considerar também o custo de extração, as despesas operacionais e financeiras das empresas, item importante dado o cenário de juros subindo.
Este é um trabalho para se fazer olhando cada companhia.
Ainda assim, pesando todos os riscos e oportunidades, entendo que faz sentido manter uma pontinha investida no setor, e tenho minha preferida. E você?
Abraços