Ao pensar nesse dia internacional da mulher, decidi fazer um pequeno experimento antropológico. Em um parque público, observei algumas famílias. A cada família - constituída aqui por um adulto e criança(s) - que passava, eu anotava: quem acompanhava a criança? Mãe, pai, casal ou outro?
Em um pequeno intervalo eu contei 24 famílias, sendo que:
- 18 tinham a mãe como adulto responsável. Entre algumas famílias que não consegui observar o chamado mãe, a mulher poderia ser uma tia, prima, babá ou outra familiar;
- Uma criança era acompanhada de sua avó, enquanto outra tinha como acompanhantes a mãe e a avó;
- Duas famílias tinham o que parecia ser o pai e a mãe presentes;
- Em apenas uma, o pai pareceu estar sozinho a acompanhar o filho;
Vale notar que, da totalidade de crianças observadas, apenas uma era um bebê de colo, que parecia depender da mãe para necessidades obviamente fisiológicas.
O que faziam os adultos? Observei como aquela maioria de mulheres falava ao telefone sobre assuntos complexos, usava o computador ou exercia outras atividades - tudo isso enquanto carregava três mochilas, uma criança pela mão e ainda negociava o sorvete na chegada em casa.
Mulheres-maravilhas! - É assim que a sociedade vê essas mulheres hoje, pensei. O lugar que elas alcançaram, o que constroem, o que fazem todo santo dia, além da sensação de exaustão que deve ser constantemente atropelada pelos desafios diários.
Mas, será que isso faz sentido?
Por mais que eu adore a super heroína da DC Comics (e seu papel de influência na atual geração de meninos e meninas), neste 08 de março, meu desejo é que ela siga no campo da fantasia, porque apenas assim as mulheres poderão ocupar verdadeiramente espaços com equidade, inclusive no mundo dos investimentos.
Apenas com a divisão equilibrada de tarefas domésticas, da carga psicológica e de todos os “pepinos da vida”, poderemos tirar a capa. Afinal, a que horas poderiam essas super heroínas dedicar seu tempo para cuidar do seu dinheiro? Não é à toa, que seguimos sendo minoria em investimentos na bolsa e em títulos públicos (no Tesouro Direto) no Brasil.
Mas, estamos caminhando - e cada passo importa. Por isso, se você também for uma mulher-maravilha no trabalho, na família, com os amigos, e no lar, por que não deixar a capa de lado por algumas horas, e passar a ser uma mulher real no mundo dos investimentos?