O impacto que a pandemia causou na digitalização do cotidiano de pessoas, a nível mundial, não é mais novidade para ninguém. A necessidade de estar em casa e realizar grande parte das ações diárias de forma remota, colocou um holofote em todas as limitações tecnológicas com as quais, até então, não precisávamos lidar. Nesse contexto, o mercado de pagamentos internacionais também sentiu a enorme necessidade de uma revolução tecnológica financeira. De um lado, os bancos tradicionais precisaram mover um grande esforço para atender a demanda. Do outro, as startups financeiras com core em infraestrutura de pagamentos dispararam com uma intensa procura por seus serviços.
Isso aconteceu porque, basicamente, os bancos não tinham tecnologias para garantir tal infraestrutura, então, precisaram terceirizar o desenvolvimento. Simultaneamente, as fintechs criadas para atender essas necessidades de pagamentos estavam prontas para preencher as lacunas que o lado mais tradicional do mercado não conseguiu. Isso ficou extremamente perceptível ao longo da 12ª edição do evento voltado para transações cross-borders que aconteceu em Miami, o IMTC — International Money Transfers and Cross-Border Payments Conferences. Ao longo do evento, que reuniu bancos, fintechs e empresas público-alvo para serviços financeiros, os debates voltaram-se para essa discrepância entre as instituições.
Em contrapartida, com a criação do PIX (Sistema de Pagamentos Instantâneos) pelo Banco Central do Brasil, a tecnologia financeira brasileira entrou no radar internacional. Após um ano desde o lançamento, o método de pagamento cresceu 639% em número de usuários, com movimentações mensais de R$ 550 bilhões. Por ser um formato de transação financeira com menos risco de fraude, se comparado a pagamentos por cartão de crédito, empresas internacionais também querem disponibilizar o método aos seus clientes no país. Atualmente, 80% dos pagamentos cross-borders processados em meu negócio são via PIX.
Apesar da necessidade de revolução tecnológica financeira ter sido escancarada pela pandemia, o caminho para oferecer melhores soluções para os clientes ainda não está escrito em pedra. Apenas uma coisa é certa, a resposta está em tecnologias que facilitem cada vez mais o cotidiano de empresas e usuários finais.
*Stephano Maciel é economista e especialista em negócios internacionais, além de CEO da fintech FacilitaPay