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Paládio Pode Voltar a Subir ou Ainda Há Mais Espaço para Quedas?

Publicado 27.04.2022, 11:22
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Há seis semanas, escrevemos que o paládio poderia se desvalorizar 45% desde a máxima recorde de 7 de março, de US$3417, com a redução do prêmio de risco gerado pela invasão da Rússia na Ucrânia, apesar de a oferta mundial do metal, que serve de catalisador automotivo, permanecer restrita no papel.

No fechamento de terça-feira na Comex de Nova York, a onça do paládio era negociada a US$2.178,50, uma queda de 36% em relação ao pico. De fato, após aquele nosso artigo, o paládio chegou a cair até US$2.025,50 em 29 de março. Trata-se de uma queda de 41%, o que nos leva à questão crucial: será que o paládio pode repicar ou ainda tem mais espaço para cair?

A resposta apresenta uma dualidade, assim como muitas commodities, mesmo diante de restrições de ofertas, e isso se deve à diferença entre os gráficos e os fundamentos do paládio.

Paládio diário

Gráficos: cortesia de skcharting.com

A análise técnica sugere que o paládio pode fazer uma pausa na sua trajetória de queda, com um repique de curto prazo, declarou Sunil Kumar Dixit, estrategista-chefe do site skcharting.com.

“Os sinais de exaustão são evidentes no movimento de baixa que vimos desde a máxima recorde, e haverá uma confirmação maior se o metal testar US$1900 e voltar a superar US$2025”, afirmou Dixit, que fez a previsão original de queda de 45%.

“Além disso, se o preço se firmar acima de US$2025, a expectativa é que haja um reteste da resistência na faixa de US$2270 a 2330, com possível valorização até US$2530", acrescentou.

Dixit observou que a máxima recorde de US$3417 teria vida curta com a rápida perda de força do paládio.

Por enquanto, o metal ainda não realizou um rompimento claro da sua tendência de baixa, que manteve intacta a mínima de março de US$2025, declarou. Ele disse ainda:

“A perda da mínima de março de US$2025 pode provocar um recuo limitado até a média móvel simples de 200 semanas de US$1925 e a média móvel exponencial de 50 meses de US$1915.”

"Tudo indica que não é provável que haja uma queda muito grande a partir desse nível, talvez uma correção limitada até a região de US$1900 e um repique das mínimas retestando US$2530 no curto prazo”.

Paládio semanal

Mas os fundamentos sugerem uma história diferente.

Na segunda-feira, o paládio se desvalorizou quase 13% com os bloqueios registrados na China por causa da Covid, prejudicando a perspectiva de demanda.

A maioria das commodities se distanciou das suas máximas em meio à preocupação cada vez maior com o isolamento de Xangai, que já dura um mês, bem como com o seu impacto, além de outras medidas que possam ser tomadas no país, que é a segunda maior economia do mundo.

Com o Federal Reserve sinalizando uma alta de juros mais vigorosa pela frente – um aumento de meio ponto percentual em maio contra 0,25% em março – os investidores têm poucas razões para se sentir tranquilos.

"Grande parte da angústia do paládio está em torno dos possíveis problemas com a economia chinesa", declarou Bart Melek, estrategista-chefe de commodities da TD Securities, em comentários divulgados pela Reuters.

d"Como o país está isolando uma porção cada vez maior do seu território, tudo indica que a demanda por automóveis e a atividade econômica em geral não sejam tão fortes quanto acreditávamos, o que neutraliza muitas das possíveis preocupações de escassez associadas às sanções à Rússia", acrescentou Melek.

A empresa russa Nornickel disse que sua produção de paládio no primeiro trimestre caiu na comparação ano a ano.

Paládio mensal

O paládio é o mais volátil do grupo de metais preciosos, com os dados chineses jogando-o de um lado para o outro, enquanto os investidores tentavam sustentar a demanda de automóveis na segunda economia do mundo. O paládio é usado como catalisador de motores à gasolina.

“O paládio é hipersensível aos bloqueios da China, pois essas medidas impactam os dados de produção”, disse Peter Mooses, estrategista sênior de mercado da RJO Futures, em comentários divulgados pelo Kitco News, portal administrado pela Kitco.

Os bloqueios já estão gerando impacto no crescimento da China, que já vinha em desaceleração, mesmo com a divulgação de novos estímulos por parte do governo, ressaltou o estrategista.

“A demanda de commodities está caindo em vista da redução do crescimento chinês, o que está sendo intensificado pelos bloqueios mais rígidos desde a primavera de 2020, sem falar no impulso de estocagem gerado por sucessivas ondas de Covid-19 e, mais recentemente, pela guerra na Ucrânia”, afirmou a TD Securities em um relatório.

“As preocupações cresceram ainda mais diante dos testes de Covid realizados em massa em Pequim e do temor de que a capital do país também seja isolada nos moldes adotados em Xangai.”

Melek, da TD Securities, diz ainda:

“Ainda há muita incerteza com os lockdowns na China e com o conflito na Ucrânia. E as incertezas também estão crescendo nos EUA. Metais industriais, como paládio e cobre, estão sendo ainda mais atingidos por conta da perspectiva em torno da reconstrução e do crescimento industrial. É um dia negativo de forma geral".

Os mercados estão preocupados com a extensão dos bloqueios na China em vista da sua política de Covid zero, de acordo com o estrategista de metais da MKS PAMP, Nicky Shiels, também em comentários emitidos no site Kitco.

"O receio em relação à demanda não para de aumentar com a quarta semana de lockdown em Xangai e a perspectiva de restrições em Pequim, onde o número de casos aumenta. A insistência política em seguir com a política de Covid zero será um teste tanto para o crescimento quanto para a inflação (na medida em que persistem os problemas na cadeia de fornecimento). O perigo é quando a ideologia se sobrepuja à economia, principalmente diante da possibilidade de paralisação das duas maiores e mais ricas cidades da China”, escreveu Shiels nesta segunda-feira.

Por fim, cabe ressaltar a baixa demanda por automóveis em abril nos EUA, segundo Jonathan Smoke, economista-chefe da consultoria Cox Automotive.

“Houve uma queda na atividade de compras em março e na comparação ano a ano de acordo tanto com o Autotrader quanto com o Kelly Blue Book”, ressaltou Smoke, referindo-se aos dois maiores sites de revenda de automóveis nos EUA, em uma atualização dos dados do setor emitida na terça-feira.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

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