E, naturalmente, muito mais se observarmos com rigor a situação atual e as perspectivas que se configuram bastante nebulosas, como crescente cenário de incremento à pobreza, desemprego impensável de solução num horizonte até de longo prazo, dependência crônica da população de baixa renda ou sem renda de programas assistenciais do governo, etc....
Por isso, entendemos que toda vez que há arroubos de recuperação aqui ou acolá devemos ver o quanto são sustentáveis as colocações, por vezes meramente pontuais.
A pandemia do coronavírus está presente em sua 3ª rodada, intensa, preocupante, nem sempre considerada em sua efetiva gravidade e, para a qual, contribui sobremaneira a falta de rigor de comportamento social face ao relevante problema.
Será muito difícil a economia ganhar tração sustentada enquanto predominar este ambiente de descumprimento de regras sociais imperativas neste momento.
Por outro lado, é crescente exponencialmente a pobreza e as perspectivas de geração de emprego são extremamente modestas ante a efetiva necessidade presente, o país precisaria ter um “boom” de crescimento e de fatores externos positivos, como teve o governo Lula e não soube aproveitar, para que minimamente gere uma massa de empregos para que, ainda que parcialmente, possa gerar volume de emprego.
E não bastasse isto, agora vem o governo com uma proposta de Reforma Tributária bastante frustrante, para não dizer decepcionante, visto que tem cunho meramente arrecadatória, cobrando muito pelas concessões mínimas que flexionará como benefícios.
Embora se acredite “que nem tudo passará” e que foi posto como “moeda de troca”, o fato é que se configura extremamente desestimulante aos negócios acionários, impondo ajustes nas perspectivas, e onerando objetivamente os negócios de empresas e até de pessoas físicas, tamanha a voracidade do disposto na proposta.
Contudo, neste cenário de desacertos, quem parece estar agindo com lucidez e realismo é o Banco Central do Brasil, o COPOM, que sugere transmitir a convicção de que a inflação não terá vida fácil e será enfrentada com todo rigor no trato da taxa Selic.
Já há reflexo nos números recentes de investimentos estrangeiros em carteira e deverão se acentuar mais elevando o nosso dado positivo em transações correntes.
Agora, a despeito do trato insuficiente da vacinação no país, ainda modesto sem atingir 15% de toda população com duas doses e os focos de incentivo ao desrespeito social, da impropriedade da Reforma Tributária tão aguardada, mas com propostas absolutamente fora do contexto, de um comportamento da economia claudicante e que tem o desafio da pandemia aquecida e do risco de uma crise hídrica, que já é fonte de fomento à inflação, o BC surpreende e se faz transparente insinuando “garantir” que será implacável com o trato do juro como fator de contenção as, convictamente, esperadas pressões inflacionárias.
Juro equacionado com a realidade não dá trégua a preço do dólar desalinhado no mercado financeiro e inibe em grande parte a volatilidade.
No nosso entender, a despeito do conjunto do cenário Brasil ser desafiador e eivado de incertezas, nos parece que o viés de apreciação do real no momento é sustentável e poderá até acentuar-se com a melhora do fluxo financeiro, ancorado, em especial, nas operações de “carry trade”, passando ao largo dos efeitos nefastos da Reforma Tributária proposta pelo governo.
Naturalmente, até por razões mais psicológicas do que técnicas, poderá haver discreto espasmo elevando o preço momentaneamente, mas de nenhuma forma sustentável, visto que o juro é antídoto implacável a dólar em alta.