Publicado originalmente em inglês em 24/11/2020
É incrível a diferença entre uma segunda-feira e outra.
Sim, é exatamente isso o que estamos vendo no mercado do ouro. O metal amarelo despencou no abismo há duas semanas, manteve-se firme na semana seguinte, mas voltou a afundar novamente nesta última.
Em todos os casos, os riscos foram os mesmos: os ensaios clínicos para vacinas contra a covid-19 e a forma como o progresso pode mudar o destino da maior pandemia da história.
Adicione a isso a aprovação do processo de transição da Casa Branca pelo atual governo para a equipe do presidente eleito Joseph Biden, que poderá usar sua equipe escolhida no combate ao coronavírus. A notícia desta segunda-feira de que Biden havia escolhido a ex-presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, como secretária do tesouro parece ter agradado Wall Street.
O maior apetite para o risco no overnight devido a todos esses eventos faz com que o ouro se encontre em um ponto crucial. Muita especulação tem sido feita sobre esse pivô, que começou logo após o ouro definitivamente derrapar abaixo das máximas recordes de mais de US$ 2000 em agosto.
O rompimento sistêmico que derrocou um nível de suporte atrás do outro nas regiões de US$ 1.900 e US$ 1.800 levanta as inevitáveis questões: Será que o ouro atingirá o território de US$ 1.700? Se sim, por quanto tempo permanecerá lá?
Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting
Território dos US$ 1.700 se torna uma “clara possibilidade”
De acordo com Sunil Kumar Dixit, grafista da SK Dixit Charting em Kolkata, Índia, a região abaixo de US$ 1.800 é uma possibilidade bastante clara para o ouro spot, em razão do candlestick extremamente baixista nos gráficos das últimas 24 horas.
Dito isso, um forte repique de volta para o território de US$ 1.800 é bastante provável assim que o ouro for negociado abaixo desse nível, podendo alcançar US$ 1.768, segundo o analista técnico. Segundo Dixit:
“O último vestígio de suporte técnico no patamar de US$ 1.800 é US$ 1.818 que, se for rompido, pode fazer o ouro atingir a região dos US$ 1.700, com alvos em US$ 1.795 e US$ 1.768. Quem se posicionar na venda precisa ter em mente que muitos podem considerar o ouro a US$ 1.700 como uma excelente oportunidade de compra, o que pode fazê-lo testar novamente a região de US$ 1.800.”
“Além disso, apesar de muitos investidores do ouro estarem aterrorizados com a perspectiva de preços a US$ 1.700, esse nível é exatamente aquele em que o metal se encontrava em julho, antes da corrida que o fez ultrapassar US$ 2.000 no início de agosto. Portanto, o ouro pode retornar para os níveis de US$ 1.700, mas é provável que não permaneça lá por muito tempo.”
O analista técnico Guillermo Alcala, que escreve para o site FX Live, concorda com Dixit em que a mínima de curto prazo a US$ 1.700 é uma clara possibilidade para o ouro.
Em uma publicação na segunda-feira, Alcala afirmou:
“As próximas áreas de interesse seriam US$ 1.795 (mínimas de meados de julho) e US$ 1.760, a retração de 50% de Fibonacci do rali de março-julho.”
Mas o ouro também pode voltar para US$ 1.800 “muito rápido”
Phillip Streible, estrategista-chefe da Blue Line Futures, não prevê uma queda maior do que US$ 15 abaixo do nível de US$ 1.800. O analista explica:
“O suporte de US$ 1.850 já foi defendido tantas vezes que tinha que ser rompido. Dito isso, o nível mais baixo que pode atingir, em minha visão, seria US$ 1.785. Minha expectativa é que as pessoas queiram embarcar de novo nesse ponto. Quem está fazendo rotação de ativos e saindo do ouro para comprar bitcoins e quem está esperando de fora para comprar ouros nesses níveis.”
Craig Erlam, analista da OANDA em Nova York, também vê o ouro fazendo um teste abaixo dos US$ 1.800 e se recuperando “muito rápido”.
Erlam afirmou:
“Ainda não estou convencido de que vimos o fim da ascensão do ouro, com tanta previsão de estímulos no horizonte. O Federal Reserve e o Banco Central Europeu devem flexibilizar ainda mais em dezembro, em resposta à última disparada da covid e, no caso dos americanos, ao atraso no acordo para um suporte fiscal. Todos esses fatores devem permitir que o ouro volte a ganhar força".
Logicamente, o ouro pode disparar por duas razões: medo de mais bloqueios econômicos para conter a covid-19 e maiores gastos fiscais para estimular a retomada. Como estamos vendo mais progressos nas vacinas, a chance de bloqueios econômicos ficou mais remota.
Mas ainda há grandes chances de um enorme pacote de estímulo nos EUA, similar ao aprovado em março, que ajudou a formar a base do ouro a US$ 2.000.
Para fins de contexto, os democratas, que controlam a Câmara, fecharam um acordo em março com o governo Trump e o Senado republicano para aprovar a lei de auxílio econômico contra o coronavírus, conhecida como CARES. O pacote distribui quase US$ 3 trilhões em auxílio emergencial para trabalhadores, empréstimos e concessões para empresas, cidadãos qualificados e residentes, entre outras medidas.
Desde então, os dois lados entraram em um impasse em relação a mais um plano CARES. A disputa tem girado em torno do tamanho do próximo estímulo, já que milhares de americanos, principalmente do setor aéreo, correm o risco de perder seus empregos sem um auxílio maior.
Mas agora que a transição de Biden finalmente está avançando, parece haver maiores esperanças de que o Senado republicano e o atual governo trabalhem com os democratas na Câmara para permitir que a próxima administração aprove um novo pacote fiscal bipartidário.
Além disso, se os democratas vencerem as duas corridas de segundo turno para o Senado na Geórgia em 5 de janeiro, o partido assumirá o controle de ambas as casas do Congresso, além da Casa Branca, permitindo que Biden aprove qualquer tipo de auxílio fiscal que julgar apropriado.
O Indicador Técnico Diário do Investing.com aponta “Forte Venda” para o ouro spot, com o primeiro suporte de Fibonacci a US$ 1.819,46 seguido de US$ 1.801,94.
Se a tendência de baixa se reverter de repente, o lingote provavelmente encontrará a primeira resistência de Fibonacci a US$ 1.865,33, seguida de US$ $1.876,16, antes do aumento de pressão para US$ 1.893,68.
Como em todas as projeções, interprete as visões apresentadas com base nos fundamentos e opere com moderação – sempre que possível.
Boa sorte.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.