É notório que as taxas de juros negativas nos Estados Unidos influenciam o mercado do ouro com redução dos preços. O metal não é capaz competir com os investimentos de risco, uma vez que eles não proporcionam renda passiva, todavia em períodos de alta temerosidade ou inflação, na ausência de alternativas menos voláteis em outros mercados, é o refúgio preferido dos negociantes. Ocorre que os rendimentos reais proporcionados pelos títulos e ações que pagam dividendos são mais atraentes para aqueles que negociam no curto e médio prazo.
Ao final de 2015, pela primeira vez em nove anos, o Federal Reserve dos Estados Unidos, embora simbolicamente, deu início a um ciclo de arrocho financeiro o qual muitos acreditavam ser limitado a dois momentos ao longo de 2016, mas que na verdade foi expandido a quatro ocasiões. Dessa forma, fazemos a pergunta: este caminho é o correto?
O último relatório sobre o PIB nos Estados Unidos, publicado nesta sexta-feira (29.07), mostrou uma taxa média de crescimento de 1% no primeiro semestre do ano, o valor mais baixo em sete anos, e o único fator de crescimento capaz de manter a economia livre da recessão resumiu-se aos gastos dos consumidores.
De acordo com dados publicados pelo Bureau de Análises Econômicas dos Estados Unidos, a economia do país cresceu 1,2% no segundo trimestre, em valores ajustados pela inflação. Apesar do fato de que os dados publicados vieram piores do que o esperado, alguns especialistas afirmam que é cedo falar em recessão, entretanto há fatos que podem levar a uma conclusão diversa.
De fato, a maioria dos indicadores norte-americanos que não estão relacionados com gastos pessoais no setor de bens e serviços, se não estão no negativo, a taxa de crescimento vem diminuindo significativamente. O investimento privado nacional bruto foi reduzido pelo terceiro trimestre consecutivo. No segundo trimestre, os valores caíram 9,7% ao ano. Os gastos do governo também também caíram (-0,9% ao ano).
Por outro lado, o crescimento nos gastos dos consumidores atingiu o melhor resultado em 18 meses (+ 4.2% ao ano), devido mormente ao aumento da renda líquida das famílias (+2,4% ao ano).
Todavia, ao final, o aumento da renda aliada aos custos reduzidos e depreciação dos investimentos em novos equipamentos (-3,5% ao ano) forçaram ao Fed introduzir uma política de flexibilização quantitativa, ou seja, estagflação. Os custos e os salários estão subindo mas as empresas não estão se desenvolvendo.
A este respeito, especialistas ocidentais acreditam que a tendência atual de inversão da política monetária do Fed concernente à a taxa de juros será um “banho de água fria” para os mercados financeiros. Os analistas do FedWatch CME indicam que há cerca de 43% de chance do controlador norte-americano elevar as taxas até o final deste ano.
Apesar do aforismo "o preço inclui tudo", como se referem os analistas técnicos, a alternância da política monetária do Fed levará aos traders a uma séria reavaliação de suas estratégias. Mesmo que se decida por não elevar as taxas de juros, o cenário geopolítico de "incertezas externas", causará o aumento da demanda por ativos de segurança.
Dessa forma, elevam-se as vozes que defendem a sombria visão do colapso do sistema de câmbio flutuante para a volta do “padrão ouro”, quando o câmbio era balizado por valores fixos. Estes mesmos analistas já estão prevendo picos máximos históricos de cotações, as quais atingirão 2.000 USD a 8.000 USD por onça troy.