- Desvalorização do dólar pode ajudar o ouro a voltar para a região dos US$ 1800-1850.
- Taxa dos títulos americanos volta para baixo de 3,85%, importante suporte.
- Mesmo uma queda no curto prazo para US$ 1.721 pode não alterar o repique no gráfico mensal.
Na semana passada, escrevemos sobre a possibilidade de o ouro romper o patamar de US$ 1800 por onça-troy, dependendo do comportamento do dólar e das taxas dos títulos americanos. Várias previsões técnicas que fizemos acabaram se concretizando; por isso, vamos listá-las aqui.
Porém, o mais importante é determinar qual deve ser a ação dos preços da moeda americana e das treasuries para que o ouro atinja nosso alvo.
Já afirmei que a frase “um não existe sem o outro” é a mais aplicável ao ouro no contexto da sua relação direcional com o câmbio e o rendimento dos títulos. Em poucas palavras, para que o metal amarelo continue se valorizando, pelo menos um dos outros dois ativos precisa perder valor.
O ouro, o dólar e as taxas das treasuries caminham de forma correlacionada, principalmente nos últimos tempos, em meio a expectativas de que o Federal Reserve promova uma alta de 50 pontos-base (pb) nos juros em 14 de dezembro, e não mais de 75 pb, como era esperado, realizando o tão falado “pivô”, ou mudança de postura.
Essa expectativa de virada na política monetária dos EUA se deve à constante redução da pressão inflacionária na forma dos preços ao consumidor e ao produtor. O banco central americano divulgou a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto, responsável pela política de juros no país, reafirmando sua intenção de realizar o “pivô”.
O contrato futuro do ouro para entrega em dezembro na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York era negociado com uma alta de 0,76%, a US$ 1.758,70, às 9h45 de Brasília, após registrar uma queda de cerca de 1% na semana passada.
O Índice Dólar, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, começou a semana com uma leve queda de 0,1%, depois de subir 0,6% na semana passada. Na quarta-feira à tarde na Ásia, o índice estava um pouco abaixo de 107.
A taxa do título de 10 anos dos EUA, que serve de referência para o mercado de treasuries, estava a 3,758, uma queda de 2% na semana, após se valorizar 0,5% na semana passada.
“Como o Índice Dólar e as taxas dos títulos são os principais vetores para o ouro, estamos em uma situação peculiar, com os três em queda”, afirmou o analista técnico Sunil Kumar Dixit, do site SKCharting.com.
“Nessas circunstâncias, é importante ficar de olho em qual dos três registrará uma reversão primeiro”.
Dixit ressaltou que o Índice Dólar repicou a partir do suporte de 105,15 e testou 107,89 na semana passada, com projetou o Investing.com.
Ele acrescentou:
“Daqui para frente, se o DXY ficar abaixo de 107, pode testar a região dos 106,15 e eventualmente a mínima de 105,15, seguida de 104.50.”
“Essa desvalorização do índice dólar pode ajudar na recuperação do ouro para a região dos US$ 1800-1850.”
No caso da taxa dos títulos americanos, uma queda abaixo de 3,85%, como prevê o Investing.com, acabará fornecendo suporte para o ouro.
"Assim como o índice dólar, a perda de 3,67 e 3,50 no rendimento ajudará o ouro a subir e superar a máxima de US$ 1786 e seguir para a zona projetada.”
Já o ouro propriamente dito, os gráficos apontam para uma alta contínua no curto prazo, mesmo que a onça venha a cair para US$ 1730, ressaltou Dixit, acrescentando:
“Os próximos níveis de interesse no ouro são US$1721-1711-1701.”
“Uma correção para US$ 1786-1732 no ouro, o que corresponde a uma queda de US$ 54, pode fazê-lo recuar para US$ 1721, um recuo de US$ 65 em relação ao pico, não mudando o cenário de alta para o metal no gráfico mensal.”
Mas, para que isso aconteça, é preciso que haja sinais claros em relação ao dólar, com uma queda para 104,50, e à taxa de dez anos, com um recuo para 3,5 e 3,2, concluiu Dixit.
Aviso: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.