O ouro superou a marca de US$ 3.100 por onça pela primeira vez, renovando seu recorde histórico no início desta semana, diante da intensificação das tensões comerciais globais que impulsionam a demanda por ativos defensivos. O metal precioso já acumula alta de 19% no ano, sustentado por incertezas econômicas, compras por bancos centrais, aumento das posições em ETFs e, especialmente, pela política comercial imprevisível do presidente Donald Trump — principal fator de valorização do ouro em 2025. A expectativa é que a continuidade da instabilidade no comércio internacional siga sustentando os preços.
O cobre, por sua vez, estende o movimento de correção após alcançar máxima de nove meses, refletindo o aumento da aversão ao risco nos mercados globais. A proximidade do anúncio das tarifas recíprocas dos EUA nesta quarta-feira gera cautela. Em um cenário de desaceleração econômica e inflação persistente, o impacto dessas tarifas é negativo para metais industriais como o cobre.
LEIA TAMBÉM: Como investir em ouro
Energia – Petróleo pressionado
Os preços do petróleo abriram em queda nesta segunda-feira, com o Brent negociado em torno de US$ 73,5 por barril, estendendo as perdas da semana anterior. A fraqueza decorre da possibilidade de Trump implementar tarifas secundárias sobre o petróleo russo e seus compradores, caso um cessar-fogo na guerra da Ucrânia não seja alcançado.
A atividade de perfuração nos EUA também recuou. Dados da Baker Hughes mostram que o número de sondas ativas caiu para 484 em 28 de março — o menor patamar desde 14 de fevereiro — representando uma redução de 22 unidades em relação ao mesmo período do ano anterior. A contagem total de sondas (óleo e gás) recuou levemente para 592, 4,7% abaixo do nível registrado há um ano. O índice de fraturamento hidráulico da Primary Vision também caiu seis unidades, somando 209.
No segmento de gás, os preços do gás natural na Europa seguem em queda pela segunda sessão consecutiva, pressionados pelo fim do período de aquecimento, previsões de clima mais ameno e forte fluxo de GNL. A nova temporada de injeção de estoques começa em 1º de abril, mas persiste a preocupação com o ritmo de recomposição. Segundo os dados mais recentes da GIE, os estoques estavam 33,7% cheios em 29 de março — abaixo da média de cinco anos (45%) e dos 58,7% registrados no mesmo período do ano anterior.
A China divulgou sua segunda rodada de cotas de exportação de derivados limpos, com autorização para exportar 12,8 milhões de toneladas — redução de 8,6% em relação ao ano passado. Na primeira rodada, o volume foi de 19 milhões de toneladas, em linha com o nível observado em 2024.
Às 9h50 de Brasília, o barril do Brent subia 0,38%, a US$ 73,04, enquanto o barril do Texas (WTI) se valorizava 0,43%, a US$ 69,68, no mercado futuro.
Agricultura – Condições climáticas favoráveis pressionam o trigo
O trigo negociado na CBOT ampliou as perdas pela quinta sessão consecutiva na última sexta-feira, influenciado por previsões de chuvas nas principais regiões produtoras, o que tende a aliviar a seca e favorecer o desenvolvimento das lavouras. Espera-se precipitação nos próximos dias na Rússia e na Ucrânia, o que deve melhorar a umidade do solo para a safra de inverno.
Além disso, há expectativa de que avanços nas negociações por uma trégua temporária entre Rússia e Ucrânia permitam a retomada das exportações pelo Mar Negro. Apesar disso, o mercado continua atento às condições climáticas e ao impacto sobre o volume e a qualidade da safra, considerando os baixos estoques resultantes da colheita anterior.
As tensões comerciais também influenciam o posicionamento especulativo nos grãos. Fundos reduziram a posição líquida comprada em milho na CBOT pela quinta semana consecutiva, com queda de 32.663 contratos, totalizando 74.607 em 25 de março. Em contrapartida, aumentaram a posição líquida vendida em soja pela segunda semana seguida, com elevação de 20.954 contratos, alcançando 42.959. Esse movimento foi puxado pelo aumento das posições vendidas brutas, que somaram 125.218 contratos. Já no trigo, as apostas líquidas pessimistas cresceram em 11.919 contratos, alcançando 92.587, com destaque para o avanço das vendas brutas. Tarifas retaliatórias da China sobre produtos agrícolas dos EUA seguem sendo vistas como fator negativo para a demanda, mantendo o sentimento de baixa no mercado.