Entrar em um ambiente em que todos parecem correr na direção oposta pode oferecer uma sensação, à primeira vista, desafiadora, quase assustadora. Pois bem: esse é o cenário em que, muitas vezes, é encontrada a Bolsa de Valores. Afinal, ela tem altos e baixos, notícias desencontradas e, sobretudo, uma montanha-russa emocional que pode tirar o sono de muita gente.
Mas será que a volatilidade é realmente o vilão? Ou poderia ser exatamente o fator que transforma investidores comuns em grandes construtores de patrimônio?
Antes de tudo, é preciso esclarecer um erro frequente: resumir a Bolsa de Valores ao Ibovespa (BVMF:IBOV), o principal índice. Muitos falam “a Bolsa está ruim” ou “está ótima” apenas porque o índice subiu ou caiu. Isso é como avaliar um cardápio inteiro com base em um único prato.
O mercado brasileiro oferece centenas de ações, Brazilian Depositary Receipt (BDRs), recibo de depósito brasileiro, em tradução livre, Exchange-traded fund (ETFs) ou fundo de índice e muito mais. Em outras palavras, mesmo quando o Ibovespa está “no vermelho”, pode haver empresas entregando excelentes resultados — e vice-versa.
Por exemplo, enquanto o Ibovespa fechava 2024 no negativo, ações como Copasa (BVMF:CSMG3) caminharam na contramão, registrando valorização no mesmo período. O que isso ensina? Que a Bolsa não é um bloco uniforme; é, sim, um universo de oportunidades que exige um olhar atento e seletivo.
Muitos investidores iniciantes (e até alguns mais experientes) tendem a colocar volatilidade e risco de ruína no mesmo pacote. Mas são coisas diferentes: volatilidade é o sobe e desce natural do mercado, reflexo de compradores e vendedores disputando preços todos os dias. Quando bem aproveitado, esse movimento cria janelas de entrada em ativos que podem estar momentaneamente descontados.
Já o risco de ruína é a perda irreversível, um abismo do qual o ativo não se recupera, geralmente causado por colapsos estruturais ou perda de fundamentos. Se há um desconforto com as oscilações diárias da carteira, é preciso se lembrar: nem sempre esses solavancos representam danos permanentes. Muitas vezes, o que parece um “abalo sísmico” no curto prazo pode ser a semente de uma grande valorização futura.
Alguns dos maiores lucros no mercado acontecem quando a maioria está com medo. Não é coincidência. Quando todos vendem, ativos com bons fundamentos podem ficar baratos. É nesse momento que surgem oportunidades para quem tem "sangue frio" e um bom embasamento de pesquisa.
Um exemplo é a Aura (BVMF:AURA33), do setor de mineração. Para muitas pessoas, passava despercebida quando estava na faixa dos R$ 12. Em poucos meses, ela chegou aos R$ 25, praticamente dobrando de valor em meio àquela turbulência toda. Talvez essa seja a melhor situação para expor porque, às vezes, nadar contra a corrente pode ser recompensador.
Em uma época em que todos buscam “multiplicar dinheiro” de forma rápida, é necessário estabelecer que investir não é apenas sobre aumentar cifras. É, sobretudo, um projeto de vida, uma construção que exige conhecimento, paciência e confiança — inclusive em você mesmo.
É por isso que, quando as notícias soam alarmantes, é importante perguntar: “Será que não é justamente agora que o mercado abre portas que não apareciam antes?” Histórias passadas mostram que, após grandes sustos, a Bolsa tende a se recuperar. E quem aproveitou o caos para adquirir bons ativos pode colher resultados surpreendentes depois.
Há empresas com sólidos fundamentos e potencial de valorização, como:
Tupy SA (BVMF:TUPY3)
Marcopolo SA (BVMF:POMO4)
Priner Serviços Industriais SA (BVMF:PRNR3)
IRB Brasil Resseguros SA (BVMF:IRBR3)
Klabin SA (BVMF:KLBN11)
Brava Energia SA (BVMF:BRAV3)
Por outro lado, existe uma defensiva no setor de frigoríficos e em papéis muito expostos à China, em especial minério de ferro, devido à volatilidade e às incertezas na demanda do gigante asiático.
O conselho final é: investir na jornada.
Se há uma insegurança ao ver a carteira oscilar, é crucial lembrar que não está sozinho. Quase todo investidor, em algum momento, questiona as próprias decisões diante de quedas pontuais. Mas essa angústia faz parte do crescimento. Afinal, a Bolsa é um local de trocas — enquanto uns vendem, outros enxergam oportunidades.
No fim do dia, investir é confiar nos ciclos, nas empresas, nos setores e na capacidade de transformar cada momento de incerteza em um passo a mais rumo a objetivos maiores. A volatilidade pode ser a maior aliada se houver um entendimento da diferença entre oscilações naturais e riscos reais de ruína. A questão é que com conhecimento, estratégia e um pouco de ousadia, o caos é capaz de se transformar em construção de riqueza.