A volatilidade até as eleições é a única certeza que temos quando se trata de projeção para o dólar e Ibovespa este ano. No momento, é impossível cravar um número, mas acredito numa faixa justa entre 100 e 110 mil pontos para Ibovespa e dólar na casa de R$ 5,20 a R$ 5,30. Neste cenário, para quem não tem nem experiência, nem apetite ao risco, o melhor é aproveitar as altas taxas da renda fixa e obter rentabilidade sem sobressaltos. Já para aqueles que operam os altos e baixos, a recomendação é focar nas ações das empresas de commodities e bancos que contam com liquidez para a realização de trade.
Em uma perspectiva de prazo mais longo, é uma boa estratégia montar posição em dias negativos na bolsa, pensando na posterior recuperação, pois, independentemente de quem ganhar a eleição, 2023 será um ano de recuperação para o Ibovespa. Esse estresse causado pelas eleições e taxas de juros, está abrindo oportunidades de empresas de primeiríssima linha a um preço muito abaixo daquele que de fato valem. Uma carteira equilibrada neste sentido deve ser composta por cinco setores: bancos, petróleo, mineração, elétricas e papel e celulose. Quanto ao dólar, dificilmente a moeda se mantém abaixo de R$ 5. Desta forma, toda vez que estiver abaixo deste valor, vale tomar posição.
Diante do cenário inflacionário, em que a meta para o IPCA de 3,75% ao ano é inalcançável, o Banco Central deve continuar elevando os juros, mesmo em ano eleitoral, reafirmando sua independência. Tal posicionamento nunca foi vivenciado em eleições anteriores e, apesar da Selic ter impacto negativo direto no mercado acionário, há o ganho de credibilidade entre os agentes financeiros.
Os setores que mais sofrem em momentos como o atual são varejo, tecnologia e construção civil. Para o varejo, o cenário é ainda mais complicado, o que levou os preços das ações à forte perda. As ações da Magalu (SA:MGLU3), são um exemplo disso. Em apenas 12 meses, os papéis sofreram queda de cerca de 90%. Em 14 de junho de 2021, a cotação era de R$ 20,60. Já no dia 13 de junho de 2021, data marcada por uma queda de quase 8%, a cotação chegou a R$ 2,67. Em outras palavras, um investidor que comprou mil ações da Magalu no ano passado, desembolsou R$ 20.600. E, se ele vender a mesma quantidade de papéis hoje, irá receber R$ 2.670,00.
Claramente, não é hora de realizar os prejuízos, ou seja, se desfazer da posição. E esse é o principal motivo de sempre alertarmos os investidores de que entrar na bolsa é correr risco. Portanto, o dinheiro investido não deve ter outra finalidade a não ser de se tornar poupança de longo prazo ou recurso para giro, trade. Não se pode colocar um valor que será empregado para determinada finalidade em determinada data. Isso não funciona. Até porque, para os investidores de Magalu e outras varejistas, a má notícia é que não há perspectiva de que este cenário negativo se reverta ainda este ano. A ordem agora é esperar 2023.
Montar uma estratégia diversificada em carteira, ampliando a posição em renda fixa para se proteger da inflação e obter rentabilidade a baixo risco, é essencial, ainda mais no cenário atual. Mas, é preciso lembrar que o lema da bolsa é comprar na baixa para vender na alta e a volatilidade atual traz boas oportunidades neste sentido. Para ilustrar isso, basta observar o mesmo exemplo. As ações da Magalu, em 16 de junho de 2017, estavam cotadas a R$ 1,00. Quem comprou 1000 ações nesta data, gastou R$ 1.000. Se este investidor vendeu sua posição em junho de 2021, recebeu mais de R$ 20.000. Saber observar as oportunidades e os riscos de mercado é o que diferencia o desempenho final.