Recentemente a presidente da Petrobrás, Graça Foster, divulgou que as obras da Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco devem atrasar 3 anos e que é projetado um estouro no orçamento de investimento em U$5 Bilhões, com o custo de implantação saindo de U$13 Bilhões para U$18 Bilhões, ou seja, um aumento de 40%.
Por se tratar da Petrobrás, a maioria logo pensa em desvios e na corrupção como causas deste aumento do custos, no entanto quando o assunto é implantação de projetos ha alguns poréns que precisam ser entendidos e que infelizmente nunca são abordados corretamente pela mídia, quando da divulgação de notícias relativas ao assunto.
As estatísticas de organismos internacionais especializados em estudar o tema Gerenciamento de Projetos, como o PMI e o IPA, mostram que a maioria dos projetos atrasa e estoura o orçamento significativamente, no mundo! não apenas no Brasil. É comum termos grandes obras atrasando, muitas vezes mais de 1 ano e ao final apresentando um custo total superior a 40% do previsto inicialmente, como a Refinaria de Pernambuco.
Não desconsiderando os problemas gerados pela megalomania, Eike Batista também foi vítima das dificuldades na implantação de seus projetos, quase todos atrasaram, alguns custaram mais do que o previsto e outros não apresentaram a performance operacional esperada após o start-up, como o do campo de Tubarão Azul na Bacia de Campos, onde projetava-se uma produção de 20 mil barris de petróleo por dia e alcançou-se apenas 1/4 disto. A Eneva, antiga MPX, vem sofrendo ainda com os atrasos e com a baixa produtividade de suas usinas, que a faz comprar energia cara no mercado livre para honrar seus contratos, em função da produção insuficiente até aqui. Poderíamos colocar neste barco também os Portos Sudeste e do Açu, que já deveriam estar operando há tempos. Não se pode negar que Eike não economizava, contratou grandes profissionais e deu liberdade e condições de trabalho a todos, porém nem assim obteve o sucesso esperado em seus empreendimentos.
Na Vale a situação não é muito diferente, bilhões de dólares já foram gastos pela mineradora em projetos sem um incremento de produção significativo. Seu planejamento estratégico de 2010 estimava uma produção superior a 400 Milhões de toneladas de minério de ferro em 2015, nos últimos anos ela produziu perto de 300 e com sorte atingirá 340 em 2015. Alguns citam estes atrasos como responsáveis pela penalização de suas ações nas bolsas, afinal a Vale também prometeu e não entregou.
Este histórico nos mostra que um pouco de ceticismo é bem vindo quando se trata dos planos de investimentos das empresas de setores como: Mineração, Petroquímica, Siderurgia e Papel e Celulose, que trabalham com grandes projetos de incremento de produção. Aquele que seria o homem mais rico do mundo mergulhou de cabeça, ignorou diversos riscos e sabemos qual foi o seu final.