Nós que somos investidores, traders, profissionais certificados ou mesmo aprendizes do mercado financeiro, estamos suscetíveis à oscilações positivas ou negativas que afetam nossos investimentos e, consequentemente, nosso bolso. Neste artigo vamos detalhar os maiores colapsos e quedas da Bolsa Americana, principalmente do Dow Jones Industrial Average, e seus motivadores. Obviamente que esses colapsos também afetaram várias bolsas mundo afora.
CRASH DE 1929
Vamos começar pela maior e maior famosa na linha do tempo, conhecida como a Quinta-Feira Negra. No dia 24 de outubro de 1929 a bolsa de Nova York literalmente quebrou, chegando a perder 11% do seu valor neste dia e atingindo seu pico máximo entre os dias 28 e 29 com uma queda de 23%. Inclusive foi o início da Grande Depressão, um dos mais longos e piores períodos de recessão dos Estados Unidos.
Entre 1929 e 1932, a Bolsa de Nova York chegou a perder 89% de seu valor. Com o pós-guerra vieram um crescimento acelerado da economia norte-americana, aumento de produção e exportação, principalmente para países europeus, que estavam com suas economias em recessão.
Aumento de crédito pelos bancos e muito incentivo do governo aos cidadãos para comprarem ações, com a diminuição das exportações, e a recuperação econômica europeia, foi chegando ao fim essa era de prosperidade, bancos e indústrias faliram, as pessoas desesperadamente começaram a vender suas ações e assim iniciou-se essa enorme crise.
CRASH DE 1987
O dia 19 de outubro de 1987 ficou conhecido e marcado como a segunda-feira negra. Neste dia, o Índice Dow Jones chegou a cair 22% entre a máxima (2651 pontos) e a mínima (1616 pontos), com a economia dos Estados Unidos crescendo em ritmo lento. O Dow Jones, porém, crescia em ritmo acelerado, com a crise petrolífera iniciada pela Arábia Saudita e o bloco Soviético (em breve farei um artigo sobre as maiores crises do petróleo que afetaram as bolsas mundiais), e principalmente pelos ataques a navios petrolíferos dos Estados Unidos pelo Irã.
Outros fatores desencadeados foram o grande número de investidores vendendo seus papéis, programas de computador que eram automatizados a operar entrarem em modo venda, acarretando ainda mais a perda nos papéis.
Os mercados de Hong Kong caíram 45,5%, Austrália 41,8%, Espanha 31%, Reino Unido 26,45%.
O mercado da Nova Zelândia foi a queda mais expressiva, caindo 60%.
CRASH DE 2008
A famosa crise do Subprime começou em razão da especulação imobiliária nos Estados Unidos, uma bolha de supervalorização dos imóveis, com os preços acima do valor de mercado e as pessoas não conseguindo arcar com os custos de financiamento, aumentando consideravelmente o risco de calote. Com a falência do Banco Lehman Brothers, a crise se agravou e não se resumiu apenas ao setor financeiro: empresas tiveram que fechar as portas, com o governo intervindo para recuperá-las, e o desemprego disparou no mundo todo, gerando um período de grandes dificuldades sociais e econômicas.
No dia 15 de outubro, o Dow Jones afundou 7,9%, durante o período de tensão o mesmo índice registrou oscilações entre 14.198 pontos na máxima e 6.469 pontos na mínima.
FLASH CRASH 2010
No dia 6 de maio de 2010, o índice Dow Jones atingiu uma queda de 9%, e houve perdas trilionárias na Bolsa de Valores dos Estados Unidos. Foi chamado de Flash Crash por ser um dos mais rápidos da história da Bolsa: em apenas 36 minutos o Índice Dow Jones caiu mais de 1000 pontos (máxima 10.879 e mínima 9.869 pontos).
As especulações em torno das causas que motivaram esse crash são um trader chamado Navinder Singh Sarao, que se beneficiou de métodos de manipulação para registrar ordens falsas. Sarao executou vendas a descoberto (short selling) para gerar uma queda expressiva e obter lucros elevados.
Os algorítmos de alta (High Frequency Trading - HFT) automaticamente começaram a vender grandes volumes em um ritmo extremamente acelerado com o intuito de evitar perdas e ajudaram com relevância a derrubar ainda mais o Índice.
CRASH DE 2020
O mais recente crash, entre o final de 2019 e início de 2020, fez com que o Dow Jones oscilasse nesses meses de crise entre a máxima 29.568 e a mínima 18.213, intensificando as perdas no início de março de 2020.
Os dois principais fatores foram a guerra de preços do petróleo entre a Rússia e Arábia Saudita e o surto de Covid-19, com os países em lockdown, economias fechadas e retraindo e diminuição excessiva na demanda de petróleo, que seria a menor desde 2011.
A queda na demanda chinesa resultou em uma reunião da Opep para discutir um possível corte na produção para equilibrar a perda na demanda. Um acordo provisório foi realizado para reduzir a produção de petróleo em 1,5 milhão de barris por dia após uma reunião em 5 de março de 2020.
Em 8 de março de 2020, a Arábia Saudita anunciou inesperadamente que aumentaria a produção de petróleo bruto e a venderia com desconto (de 6 a 8 dólares por barril) a clientes na Ásia, América do Norte e Europa.
O preço do petróleo havia caído mais de 30% desde o início do ano e, após o anúncio da Arábia Saudita, caiu mais 30%.
No dia 09 de março o Dow Jones caiu 2013 pontos (-7,8%)
No dia 12 de março o Dow Jones caiu 2352 pontos (-10%). Neste dia a queda foi atribuída à crise do coronavírus.
Nestes dias foram acionados os circuits breakers.