Esta semana uma reportagem no jornal Valor Econômico chamou a atenção de diversos agentes de mercado e eu não poderia deixar de comentar o assunto na coluna de hoje. De acordo com a matéria, os fundos multimercado com estratégia baseada em cenários macroeconômicos vão fechar o ano com mais uma crise na bagagem, mas ainda assim os dias de 2020 não foram os piores para muitos deles.
O chamado ‘maxdrawdown’, maior perda histórica do ponto máximo de suas cotas, aconteceu somente para duas gestoras e, ainda assim, uma delas aparece como destaque de desempenho nos últimos 12 meses.
Quando olhamos para os retornos até o fim de novembro, apenas cinco fundos do levantamento usado na matéria apresentavam retornos abaixo do CDI. E quando esse horizonte é aberto para até 60 meses, todos superavam o referencial de mercado com algum conforto. Contudo, o cenário era de uma Selic de 14,25% ao ano no início da série.
Diante das mudanças de cenário, é importante ressaltar um ponto importante. Em entrevista (live) para o mesmo jornal, o CEO da Verde Asset, Luis Stuhlberger, tocou em um ponto muito delicado. De acordo com o gestor, em um portfólio que reúne alguns bilhões de reais e tenha sua estratégia ligada a juros, por exemplo, seria necessário alavancar o patrimônio para obter retornos que superem o CDI de tal modo que isso se tornaria algo imprudente e perigoso.
Nas palavras dele, caso exista algum problema de ‘tail risk’ (risco de cauda não mensurável na maioria das análises), o mercado vai implorar para o Banco Central e Tesouro intervirem de alguma forma.
Ainda segundo o gestor, antigamente a alavancagem dos fundos se limitava a duas ou três vezes o patrimônio. Hoje chega-se a 20, 30 vezes.
Não é novidade que fundos multimercados oferecem um risco bem alto. Neste sentido, é fundamental ficar atento ou atenta ao que acontece no cenário econômico. Mesmo com foco no investimento de longo prazo, é preciso reavaliar o portfólio eventualmente a fim de reduzir os riscos e aumentar a eficiência das suas aplicações.
Caso ainda não sinta segurança para investir, busque a ajuda de um profissional e leia bastante.
Por Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo Investimentos