Os bons tempos NÃO voltaram! - Resumo da Semana

Publicado 25.11.2016, 16:44

Os bons tempos NÃO voltaram!

Diferente do que a última capa da Revista Exame afirmou... os bons tempos NÃO voltaram. Aqui no Brasil onde as coisas pareciam estar no rumo certo começaram a desandar! De uma base anteriormente considerada sólida, pequenos rachaduras começaram a surgir nesse muro e o risco sistêmico parece ter atingido de vez o governo de Michel Temer.

Duas baixas relevantes ocorreram essa semana. Na primeira o Ministro da Cultura, Marcelo Calero, que já renunciou ao cargo, saiu abrindo a boca ao dizer que teria sofrido pressão interna tanto do partido como do próprio Temer sobre a liberação de um imóvel próximo a um patrimônio histórico na Bahia onde Geddel (Ministro da Secretaria do Governo) possuía um apartamento. Há até boatos de que Calero haveria gravado as tais “conversas ameaçadoras” ou que o estava planejando fazer a fim de ter uma carta na manga em caso de alguma pressão extra.

Com todo esse rebuliço, o ministro Geddel pediu demissão nessa sexta feira pela manhã em e-mail direcionado ao Temer. Com mais dois ministros saindo, o governo já totaliza seis quedas (cultura, turismo, planejamento, AGU, transparência e secretaria), tudo isso em menos de seis meses de governo!

Porém, mesmo com a renúncia os problemas não param por ai! A denúncia seguiu para o Supremo Tribunal Federal uma vez que os envolvidos tem foro privilegiado e agora está nas mãos da (temida) Procuradoria Geral da República. Se comprovado o crime de tráfico de influência, Temer pode ter de responder à justiça brasileira. Partidos da oposição já sinalizaram a intenção de formalizar um novo pedido de impeachment para o presidente Temer logo na segunda feira.

Além disso, tudo, a confiança que outrora foi dada ao novo governo parece estar se esmiuçando. Também pudera, após um gás inicial com diversas medidas anunciadas, pouco de fato saiu do papel e o que saiu parece estar encontrando resistência maior do que o esperado.

Tanto a população como o empresariado tem demonstrado que a paciência está acabando e que ou o jogo vira de vez ou as cobranças vão retornar. Prova disso foram os diversos índices de confiança divulgados essa semana, dentre eles a confiança do consumidor (ICC) que vinha de seis altas seguidas e apresentou seu primeiro resultado negativo agora em Novembro. O índice fechou em baixa de 3.3 pontos após atingir maior valor em quase dois anos. Demais índices que vieram embicando para baixa foram o Índice de Situação Atual (ISA) com -1.1 pontos e Índice de Expectativas (IE) com -4.9.

Pelo lado das empresas, o ICST (índice de confiança da construção) recuou depois de quatro meses seguidos de aumentos nas expectativas para o setor. Com o ânimo inicial das promessas de que o Brasil se tornaria novamente um grande canteiro de obras, os empresários reagiram positivamente, porém com o avanço dos meses e nada concreto sendo feito, as expectativas foram reajustadas.

Nas indústrias, sinais mistos para o mês de Novembro com empresas em dúvidas da melhora que seria proporcionada com eventos importantes neste final de ano como a Black Friday e o Natal. O ICI (índice de confiança da indústria) este mês fechou no azul com o avanço de 1.1 pontos, porém vindo de resultado negativo maior em Outubro, quando o ICI caiu 1.6 pontos.

Pensando em reverter tal quadro, o presidente Temer inaugurou essa semana em festa o famoso Conselhão, ou para os menos íntimos, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um grupo seleto de representantes da sociedade civil e empresariado que auxilia o presidente em determinados assuntos, sendo eles comparados a conselheiros pessoais do poder executivo. O intuito é o de aproximar ambas as camadas da sociedade e tentar mostrar serviço, mantendo a “chama da esperança brasileira” acesa, pelo menos até essa crise política passar (será que passa?).

Sendo um pouco otimista agora e ressaltando algumas (quase nenhuma) notícias positivas dessa semana, o BNDES vai repassar antecipadamente 100 Bi de reais diretamente ao Tesouro Nacional, valor esse utilizado para abatimento da dívida pública.

“Malandramente, o presidente inocente, se juntou ao TCU para dar legitimidade à manobra”. Isso porque repasses mal explicados foram toda a base do processo de impeachment de sua antecessora (e ex-colega) Dilma. Em decisão unânime, os membros do Tribunal de Contas da União aprovou o repasse. No entanto, a aprovação foi bem veemente, deixando claro que os valores deveriam ser utilizados exclusivamente no abatimento da dívida pública, rechaçando qualquer possibilidade de governos e municípios pleitearem recursos em seus socorros financeiros.

Isso foi feito porque os estados vêm fazendo cada vez mais pressão no presidente em conceder ajuda aos que estão quebrados. Pra contornar esse problema, foi anunciado então essa semana o repasse de R$ 5 bilhões aos estados como forma de ajuda financeira, porém tendo em contrapartida a promessa de austeridade financeira para os próximos anos. Dentre as exigências temos: corte de gastos e cargos de confiança, aceite de um teto para novas despesas, revisão na concessão e pagamento da previdência pública, apoio nos projetos futuros da presidência e etc..

Por fim, foi aprovada a nova data do programa de repatriação 2 do governo federal, onde apesar da extensão da data, houve também uma penalização no percentual da multa (agora é 35% ante 30%) para aqueles que não aderiram no primeiro.

Lá fora, tensão à flor da pele!

Já duas semanas após as eleições norte-americanas, a tensão não diminuiu e o mundo trepida a cada novo comentário dos maiores líderes mundiais.

E dentre o seleto grupo dos que mais falam, Trump se destaca com diversas opiniões no mínimo estressantes. Essa semana foi a vez de falar mal do Transpacífico (TPP), o acordo mundial que vem sendo costurado a fim de otimizar o comércio internacional entre diversos países (os EUA entre eles). O novo presidente dos Estados Unidos afirmou que logo em seu primeiro dia de mandato (20/01/17) irá se retirar das negociações. A notícia então reverberou entre os demais líderes do acordo que já reforçaram sua intenção de ter os EUA como membro ativo do bloco econômico, porém caso isto não seja possível, vão continuar as negociações mesmo sem a maior potência econômica mundial atualmente.

Mas será que sem os EUA esse bloco vai pra frente? Quem irá liderar?

Com a perda de protagonismo no acordo e uma possível não concretização, a China busca preencher a aparente vaga que se abrirá quando Trump assumir a presidência e, como ele mesmo disse, fechar a economia norte americana e tornar o país economicamente autossustentável. A ideia é tentar levar à frente um novo grupo econômico conhecido como Parceria Abrangente Econômica Regional, onde a China seria seu líder e teria maior controle das movimentações comerciais do grupo (no TPP ela sequer participava).

Este seria então o primeiro passo na guerra comercial (quase) declarada que China e EUA estão se preparando para lutar. Com medo das ameaças trumpinianas em campanha, quando o então candidato afirmou que iria impor pesadas tarifas aos produtos chineses, o país asiático já afirmou que, caso as medidas protecionistas sejam de fato implementadas, o governo chinês recorrerá à OMC e exigirá o cumprimento das obrigações acordadas entre os países, mesmo que estes tenham sido realizados com presidentes anteriores.

Demais membros negociantes do TPP realizaram comentários mais brandos (e menos ameaçadores), reafirmando que apesar dos pesares futuros, a ideia inicial do acordo Transpacífico continuará visando o bem comum de seus membros.

Indo agora para a Europa, sinais mistos de todos os lados. Ainda sem data efetiva para a concretização do Brexit, nessa sexta feira saiu o resultado do índice que mede o nível de investimento das empresas por lá. Ao contrário do esperado, onde acreditava-se em uma migração em massa de companhias para fora do Reino Unido, as empresas britânicas reforçaram sua visão otimista e expandiram investimentos em 0,9 pontos no terceiro trimestre contra expectativa de 0.6.

Já quem vem penando para continuar crescendo é a Alemanha, com uma economia em plena desaceleração, o que pode impactar as próximas eleições com a atual Primeira Ministra, Angela Merkel, tentando o seu quarto mandato. No terceiro tri de 2016 o país registrou crescimento de 0,2 (ante trimestre anterior de 0,4). Apesar do número menor, o Ministro das Finanças reafirmou que o valor era esperado e que no acumulado de doze meses o governo alcançará sua meta de crescimento de 1.8% no ano.

Ainda falando de União Europeia, duas notícias que valem a pena serem comentadas:

a) a UE pretende iniciar a cobrança (aproximadamente 5 euros) de estrangeiros que entrarem no país, além de preencher formulário online com o intuito de garantir o controle do fluxo de pessoas que passam pelos territórios de livre circulação dos membros do bloco.

b) o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, ameaçou abrir as porteiras da fronteira entre Turquia e EU caso as negociações para que o país adentre a UE sejam paralisadas/canceladas.

Ou seja, de um lado a UE aperta para controlar melhor o fluxo migratório, mas de outro a Turquia solta e pode liberar milhares de refugiados para adentrar o território europeu.

E pra fechar, a Rússia (sempre ela) aumentou a tensão geopolítica nas “fronteiras marítimas” do país onde instalou um avançado sistema de mísseis nas Ilhas Curilas (próximo ao nordeste do Japão) com o intuito de controlar o fluxo de navegação marítimo da região bem como realizar testes de mísseis de longo alcance. O movimento militar russo gerou estresse na região, tendo o Japão informado em nota que tomará medidas cabíveis à entrada e instalação sem aviso prévio do sistema de mísseis.

O recente afastamento russo das demais economias ocidentais e europeias vem aumentando as especulações de que a Rússia se torne um país cada vez mais fechado e agressivo, tendo seu governo sinalizado que pode até reagir militarmente caso sinta que a soberania de suas fronteiras estejam ameaçadas.

Pra esse final de ano, sobra incerteza econômica e política!

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