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Oriente Médio e curva dos Treasuries ditam o rumo dos juros futuros

Publicado 23.10.2023, 10:22
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A abertura expressiva da curva dos Treasuries e os temores sobre os desdobramentos da guerra no Oriente Médio ditaram o rumo dos juros futuros nessa semana de inclinação da curva doméstica medida pelo spread entre os DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, que fechou em 54 pontos, ante 46 pontos na sexta-feira anterior (13).


Os principais vetores que influenciaram o acúmulo de prêmios de risco foram:

  • a percepção de que o Fed manterá os juros em níveis elevados por tempo prolongado diante de sinais de resiliência da economia americana. Tanto a produção industrial quanto as vendas do varejo de agosto superaram o consenso, reforçando a ideia do "higher for longer" para o nível de juros e até resgatando apostas em nova alta pelo Fed no curto prazo, embora a aposta majoritária seja de manutenção,

  • o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, sugerindo postura conservadora na condução dos juros e deixando em aberto a possibilidade de mais uma elevação das taxas no país. O retorno da T-Note de 10 anos se aproximou dos 5%, maior taxa em mais de 16 anos,

  • a abertura da curva de juros americana reduzindo o orçamento do ciclo de cortes da Selic, com a curva a termo mostrando que a taxa final do ciclo projetado até 2024 se afastou de 10%, 

  • as crescentes preocupações fiscais nos EUA, reflexos das propostas de aumentos de gastos do governo Biden com a guerra no Oriente Médio. O presidente Biden defende a aprovação, pelo Congresso, de um pacote de equipamento de defesa e ajuda humanitária sem precedentes a Israel,

  • as renovadas incertezas sobre o rumo da guerra no Oriente Médio,

  • e os temores de escalada da guerra entre Israel e o Hamas reforçando a alta de 1,40% do petróleo na semana, uma das ameaças inflacionárias globais. O barril do Brent encerrou em US$ 92,16.

Fizeram contraponto à abertura da curva de juros:

  • o anúncio de redução de 4% nos preços da gasolina nas refinarias a partir do dia 21, que terá impacto negativo sobre as expectativas de inflação em 2023, ampliando a possibilidade de IPCA na meta neste ano, 

  • o desempenho fraco do IBC-Br de agosto, que caiu 0,77%, mais do que apontava a mediana das previsões, de -0,60%, reforçando o cenário de fraqueza da economia no terceiro tri, o que endossa a avaliação de que o Copom tem condições de seguir cortando a Selic em 0,50 pp nas próximas reuniões, num momento em que as apostas de desaceleração no ritmo vinham crescendo,

  • as vendas do varejo restrito mostraram queda de 0,2% em agosto ante julho, melhor do que a mediana de -0,8%, mas no conceito ampliado, que inclui as atividades de material de construção, veículos e atacado alimentício, houve redução de 1,3%, maior do que o consenso que também era de -0,8%,

  • a redução acima do previsto do volume de serviços prestados em agosto, que caiu 0,9% ante julho, mais do que apontava o piso das estimativas (-0,8%), sugerindo reforço no processo de desinflação,  

  • e a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negando ter afirmado, em reunião fechada no Marrocos com investidores, ser maior a probabilidade de uma desaceleração do que uma aceleração no ritmo de cortes da Selic.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) mais forte que o esperado. Subiu 0,52% em outubro, após a alta de 0,18% em setembro, superando o teto das estimativas de 0,51%,

  • o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) avançando a 0,64% na segunda prévia de outubro, após alta de 0,34% na mesma leitura de setembro, 

  • e a cautela com o cenário fiscal após o adiamento da votação do projeto de lei sobre a taxação dos fundos de alta renda (exclusivos e offshore), uma das medidas para o governo elevar a arrecadação e ajudar no cumprimento da meta de déficit fiscal zero no ano que vem. 

No Relatório de Mercado Focus (23), após o anúncio da Petrobras (BVMF:PETR4) de redução do preço da gasolina na semana passada, a projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,75% para 4,65%. Um mês antes, a mediana era de 4,86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção oscilou de 3,88% para 3,87. Há um mês, a mediana era de 3,86%. A mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%. 

A conferir

No Brasil

a possível votação do projeto de tributação de fundos exclusivos e offshore na Câmara,

a prévia da inflação de outubro, com possibilidade do IPCA-15 mostrar um alívio na taxa acumulada em 12 meses, que em setembro atingiu 5%, na quinta-feira (26),

No Mundo

os desdobramentos do conflito entre Israel e Hamas e os impactos no mercado de petróleo, fator inflacionário global,  

Nos EUA

o resultado do PIB no terceiro tri na quinta-feira (26),

a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida favorita de inflação do Fed, referente a setembro, prevista para sexta-feira (27),

Na Europa

a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira (26),

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (20) cotado a R$ 5,0313, em queda semanal de 1,12% e ligeira alta em outubro (+0,09%).

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

  • o yield da T-note de 10 anos, referência para os negócios de renda fixa no mundo, subindo 30 pontos e se aproximando dos 5% ao ano, diante de preocupações com o déficit fiscal americano, que pode aumentar em razão da ajuda prometida pelo governo Joe Biden a Israel e à Ucrânia, 

  • a aposta em pausa na alta dos juros em novembro e chances de elevação adicional em dezembro, com manutenção das taxas em níveis altos por período prolongado, amparado no discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, que avaliou que a inflação nos EUA segue muito alta e provavelmente exigirá crescimento econômico menor, deixando aberta a possibilidade de que os juros americanos voltem a ser elevados mais adiante, 

  • a fala da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, de que o BC americano ainda pode "estar a um aumento de atingir o pico" dos juros,

  • o ajuste nas expectativas do mercado para os juros futuros, com as taxas passando a embutir perspectiva de Selic perto de 11% no fim do atual processo de redução da taxa básica,

  • as incertezas sobre o desenrolar da guerra no Oriente Médio e o impacto nos preços de energia, sobretudo do petróleo,

  • os temores de ampliação da guerra Israel-Hamas em meio a uma possível invasão por terra de Israel à faixa de Gaza,

  • o forte recuo do minério de ferro de mais de 3% na China em meio à manutenção dos juros pelo banco central chinês (Pboc), contrariando a expectativa de queda em razão da crise no setor imobiliário, que continua travando a recuperação da economia chinesa,

  • os reajustes de baixa dos preços da gasolina e de alta do diesel pela Petrobras,

  • e as preocupações com o IBC-BR em agosto abaixo do esperado, que indica crescimento menor do PIB, desestimulando o fluxo de entrada de investimentos estrangeiros.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 23 a 27 de outubro

Segunda-feira (23): 

  • Brasil - FGV: IPC-S de outubro (3ª quadri) e Monitor do PIB em agosto, BC: Relatório Focus, Secex: Balança comercial semanal, 

  • EUA - Fed Chicago: Índice de Atividade Nacional em setembro,  

  • Zona do euro - Comissão Europeia: índice de confiança do consumidor (preliminar) de outubro,  

Terça-feira (24): 

  • Brasil - Tesouro: Leilão de LFT para 1º/9/2026 e 1º/9/2029 e de NTN-B para 15/8/2028, 15/8/2040 e 15/8/2060, FGV: IPC-S Capitais de outubro (3ª quadri), 

  • EUA - S&P Global: PMI composto, PMI industrial e PMI de serviços de outubro (preliminar), 

  • Zona do euro - S&P Global/HCOB: PMI composto, PMI industrial e PMI de serviços em outubro (preliminar), 

  • Alemanha - S&P Global/HCOB: PMI composto, PMI industrial e PMI de serviços de outubro, GfK: índice de confiança do consumidor em novembro,  

  • Reino Unido S&P Global/CIPS: PMI composto, PMI industrial e PMI de serviços em outubro (preliminar), 

Quarta-feira (25): 

  • Brasil - Fipe: IPC semanal, FGV: Sondagem do Consumidor de outubro, Abimaq: Faturamento líquido em setembro, Tesouro: Relatório Mensal da Dívida de setembro, BC: Fluxo Cambial semanal,

  • EUA - Deptº do Comércio: Vendas de moradias novas em setembro, DoE: estoques de petróleo na semana até 20 de outubro, 

  • Alemanha - Ifo: índice de sentimento das empresas em outubro,

Quinta-feira (26): 

  • Brasil - FGV: Sondagem da Construção em outubro e INCC-M de outubro, BC/Setor externo: CC e IDP de setembro, IBGE: IPCA-15 de outubro, Tesouro: Leilão de LTN para 1º/10/2024, 1º/10/2025 e 1º/7/2027 e de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2033, 

  • EUA - Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 21 de outubro, número de pedidos de auxílio-desemprego continuados na semana até 14 de outubro, Deptº do Comércio: PIB do 3º tri (1ª leitura), Índice de preços de gastos com consumo (PCE) no 3º tri, Estoques no atacado de setembro, Encomendas de bens duráveis em setembro e vendas pendentes de imóveis em setembro,  

  • Zona do euro - BCE divulga decisão de política monetária, coletiva com a presidente do BCE, Christine Lagarde, 

Sexta-feira (27): 

  • Brasil - FGV: Sondagem da Indústria em outubro, BC: Estoque de crédito em setembro, Tesouro: Primário do Governo Central de setembro,  

  • EUA - Deptº do Comércio: Gastos com consumo em setembro, Renda pessoal em setembro, Índice de preços de gastos com consumo (PCE) de setembro, Universidade de Michigan: Índice de Sentimento do Consumidor em outubro (final) e Expectativas de inflação em 1 e 5 anos de outubro (final), Baker Hughes: poços de petróleo em operação. 

Fonte: Broadcast 

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