Ontem, diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Nechio, frisou que as perspectivas econômicas do Brasil são incertas em meio a cenário em que se desconhece fatores como prazo dos atuais lockdowns, perdas de capital humano e de capital que a crise gerará e ritmo da recuperação da atividade, durante o seminário virtual do BID durante apresentação divulgada pelo BC.
Corretíssima a pontuação da representante da autoridade monetária brasileira, com um único reparo, o problema é global e não somente do Brasil, e já foi por nós salientado reiteradas vezes nos nossos posts diários.
É absolutamente imperativo que seja construído um plano organizacional para que o mundo globalizado seja reordenado na sua retomada e crie perspectivas de alinhamento de conduta evitando assim o “cada um por sí” sem que haja uma avaliação dentro do possível das perdas e danos da crise tornando mais palatável o que na atualidade é absolutamente obscuro.
Temos mencionado “algo semelhante a Bretton Woods ampliado”, evidentemente com as dimensões necessárias no mundo atual e que seja priorizado pelas organizações multilaterais internacionais (ONU, OMC, FMI, OIT, e assemelhados) para uma discussão global e profícua já que todos os países estão envolvidos na questão do reordenamento para saída da problemática decorrente da crise.
Evidentemente, cada país tem suas peculiaridades, mas o alinhamento mestre seria fundamental para as ações de cada um, criando desta forma perspectivas sobre a “reconstrução” das relações internacionais nos seus mais diferentes aspectos.
No nosso entender, estas organizações multilaterais internacionais tem se prestado a serem mais analistas do fato ocorrido e criadores de perspectivas como o PIB deste ou daquele país cairá “x” ou “y” por cento, normalmente numa linha negativista já que se postam como impotentes para uma presença mais altiva como necessária neste momento.
Caso contrário o embate “saúde x economia” continuará sendo o ponto da dicotomia no questionamento central da questão, e as decisões tendem a contemplar um ou outro, mas na realidade os recursos são finitos e este é o grande risco.
Naturalmente, não é preciso salientar que os resultados dos PIB´s dos países repercutirão este momento nefasto mundialmente, mas, certamente, teremos reações diversas, uns vendo o “copo meio cheio” e outros o “copo meio vazio”.
O PIB do 1º trimestre da China veio evidenciando o desastre. Indicando queda de 6,8% em relação ao mesmo período de 2019 e 9,8% em termos dessazonalizados frente ao trimestre anterior.
Para surpresa as ações da China encerraram em alta nesta sexta-feira, com os investidores deixando de lado a primeira contração econômica trimestral do país em pelo menos 28 anos e depositando suas esperanças em uma recuperação apoiada pelo Estado, à medida que o impacto da pandemia de coronavírus diminui.
Por outro lado, observa-se um clima ainda discretamente otimista, o que já é ótimo, com a perspectiva de reabertura da atividade econômica de inúmeros países.
Este é um consenso crescente, mas deverá ocorrer com extrema acuidade de proteções na convivência da população, mas é um fato é considerado um fato positivo pela reação global.
No Brasil, urge que se construa uma linha de conduta consensual “pró país”, já que por divergências políticas há muita “torcida contra” e perda de energia em temas desgastantes e pouco construtivos, por isso, ou acordamos para a realidade ou naufragaremos todos juntos.
O governo central está sendo muito exigido na demanda de recursos, que provavelmente tendem a ir além da sua capacidade, razão pela qual colocamos sempre em “alerta” a, cada vez maior, motivação para dispor de parte das reservas cambiais, consideradas ainda excessivas.
O preço da moeda americana vem sendo mantida num patamar comprometedor, um tanto quanto fora da curva tendo em vista que o país a despeito da crise fiscal tem reservas cambiais robustas, e os IGP’s tem repercutido com precisão em suas apurações mais recentes. Imaginar que não atingem o IPCA, dado oficial da inflação, dada a inércia da atividade pode ser enganoso e em dado momento promover uma correção forte.
O BC, depois de um discurso mais incisivo e de autoridade, voltou a ser profilático e simploriamente dar liquidez ao mercado a vista e futuro, com divisas e swaps, mas tendo alterado sua forma de conceder linhas acentuando a compra de títulos soberanos em poder dos bancos.
No nosso entender, o BC precisa ser mais incisivo na oferta de liquidez no mercado a vista e futuro, fazendo-a exagerada para provocar a queda do preço da moeda, nesta fase, ao em torno de R$ 5,00 ou abaixo, neutralizando impactos maiores nos preços relativos da economia.