A reação do petróleo e dos índices acionários em Nova York, na Ásia e na Europa sugerem que os mercados não estão preocupados com a notícia, no fim de semana, de que o presidente iraniano Ebrahim Raisi e seu ministro das Relações Exteriores Amir Abdollahian morreram na queda de um helicóptero.
Já o ouro atingiu nova máxima recorde, ultrapassando a faixa de US$ 2.440 a onça-troy, em meio à demanda por ativos seguros diante da potencial escalada da tensão geopolítica no Oriente Médio. Embora não haja sugestão de ‘jogo sujo’, o líder supremo Ali Khamenei manteve-se discreto, limitando-se a confirmar o vice de Raisi como presidente interino.
Com isso, enquanto monitoram os desdobramentos do incidente no Irã, os investidores mantêm o otimismo pós inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) de que o Federal Reserve irá em breve cortar a taxa de juros. A aposta de que a primeira redução ocorrerá em setembro tende a ser reforçada ao longo desta semana pelos discursos de vários dirigentes do Fed.
Jerome Powell testou positivo para Covid-19 e deve ficar fora de combate nos próximos dias. Hoje, porém, teremos Waller, Barr e Jefferson que podem tecer mais comentários pelo higher for longer, desmentindo a perspectiva de cortes (no plural) em 2024 - ou não. Talvez, seja apropriado cortar os juros nos EUA antes do fim do ano, quiçá, mais de uma vez.
A ata da reunião deste mês do Comitê do Fed (Fomc), na quarta-feira (22), deve sustentar essa narrativa. Já o boletim Focus hoje (8h25) deve trazer uma mediana mais elevada para a taxa Selic ao final do ciclo de 2024, aproximando o nível terminal para os dois dígitos. A dúvida é se a pausa já começa em junho - ou não.
Nos próximos dias, o calendário econômico está mais fraco, tanto no Brasil quanto no exterior. Aí, então, a política entra em cena, em especial em Brasília, onde serão conhecidos o Relatório de Receitas e Despesas, além da proposta para compensar a renúncia fiscal da desoneração da folha. Já a (geo)política segue em segundo plano.