A mídia em geral tem mostrado conteúdos frequentes sobre investimentos: desde a compra de títulos do programa Tesouro Direto até métodos complexos para investimento em bolsa. Também existem empresas estruturadas nos últimos 3 a 5 anos com a finalidade de distribuir informação sobre investimentos. Viabilizando o acesso da classe média a estratégias de investimento que antes eram direcionadas a investidores de alta renda.
Entretanto ainda estamos em uma sociedade que concentra suas remunerações em financiamentos imobiliários, automóvel, educação e produtos para o dia a dia. Este é um comportamento natural porque, após a estabilização da economia pelo Plano Real, Governo e Bancos construíram estratégias para aumentar o consumo da população por meio do acesso ao crédito. Houve estímulo à geração de empregos, mas o efeito colateral é a inflação excessiva e a renda da classe média pressionada pelos financiamentos contratados e pelo padrão de vida adquirido.
Este é um cenário pouco favorável aos investimentos pessoais e ao planejamento financeiro de longo prazo, mas profissionais e empresas concentram sua energia em desenvolver a cultura de controle financeiro pessoal e, principalmente, a cultura de entender e aproveitar oportunidades de ampliação do capital por meio do mercado financeiro. O principal argumento tem sido as altas taxas de juros pagas no Brasil quando comparadas com países do mundo todo. Especialmente EUA e Europa onde os bancos oferecem rentabilidades anuais entre 1% e 1,3% ao ano. Para ilustrar vejam o gráfico da SELIC, principal parâmetro de definição das taxas de aplicações de renda fixa:
No curto a médio prazo este padrão de taxas de juro será mantido pelo Banco Central com o objetivo de reduzir a inflação até a meta de 4,5% ao ano frente ao patamar atual de 8% a 9%. Além disso o Governo precisa se capitalizar para sustentar uma máquina pública com gastos notadamente excessivos (a previsão é fechar 2016 com déficit público de R$170 bilhões). Taxas de juro altas viabilizam a tomada de dívida por parte do Governo. Entretanto, em um mundo de taxas de juro próximas de zero ou até mesmo negativas, o cenário de maior probabilidade é a redução da SELIC ao longo dos anos. Fator adicional para que parte do capital financeiro pessoal seja direcionado a investimentos em bolsa.
A renda variável tem o potencial de ampliar fortemente o capital ao longo dos anos, desde que aplicadas estratégias planejadas por pessoas com alto nível de conhecimento e experiência. Desta forma o desafio para a sociedade brasileira é desenvolver aprendizado, além de gerar capital para investimentos. Dados publicados na imprensa americana evidenciam a relevancia de se obter conhecimento e experiencia para atingir rentabilidade em renda variável:
A partir de 2010 corretoras e empresas ligadas ao mercado financeiro desenvolveram produtos e serviços acessíveis à classe média brasileira. A BM&F Bovespa também tem contribuído por meio de exigência de baixos valores para entrada no mercado de capitais. Estas iniciativas tem ampliado a presença da classe média na bolsa e permitem traçar dois perfis de investidores:
1. Investidores de Fundos de Investimento: pessoas de alta renda que atribuem as responsabilidades operacionais de gestão da carteira a uma gestora. Estes investidores tomam decisões com suporte de analistas experientes e tem expectativa de longo prazo no qual haverá períodos de volatilidade.
2. Investidores Independentes: pessoas de classe média que adquirem conhecimento sobre estratégias e métodos de investimento em cursos e conteúdos de redes sociais. Mas normalmente começam seus investimentos com um nível de conhecimento insuficiente e com atitudes comportamentais pouco assertivas. Este perfil geralmente tem alta expectativa de “ganhar dinheiro” no curto prazo e equilíbrio emocional insuficiente para conviver com a volatilidade. Fatores que reduzem a racionalidade na tomada de decisão e faz com que estes investidores tenham frustrações com as perdas financeiras e alimentem a percepção de que é impossível ter rentabilidade positiva em renda variável.
O foco de investimentos da classe média continua na renda fixa, que proporciona rentabilidades limitadas a índices econômicos como inflação e SELIC. Por outro lado é notável um avanço na capacidade de se levar conhecimento estruturado e prático ao público geral. A partir daí construímos expectativa de que nos próximos anos a classe média desenvolva competência e capital suficientes para atingir seus objetivos financeiros por meio do mercado de capitais.
É notável um avanço na capacidade de levar conhecimento estruturado e prático às pessoas. Então a expectativa é de que nos próximos anos a classe média desenvolva competência e capital suficientes para atingir seus objetivos financeiros por meio do mercado de capitais.