Artigo publicado originalmente em inglês no dia 13/9/2017
Dois meses antes da próxima reunião regular entre países da Opep e produtores externos à organização em Viena, no dia 30 de novembro de 2017, as partes envolvidas já estão manobrando para influenciarem sobre o que deve acontecer. Desde já, ministros de países da Opep e externos à organização estão discutindo se estenderão o pacto de cortes na produção para além de março de 2018.
Em 5 de setembro, Alexander Novak, ministro russo de petróleo, afirmou que a Rússia consideraria apoiar uma extensão do pacto para além de março se dados mostrarem que a sobreoferta de petróleo não diminuiu. Isso reflete uma mudança desde julho, quando Novak afirmou não ver necessidade de estender os cortes. A Rússia e a Arábia Saudita recentemente afirmaram seu compromisso de metas compartilhadas na indústria de energia com uma visita ao país árabe feita pelo ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Khalid al-Falih, ministro saudita de petróleo, também visitou a Venezuela para se encontrar com o Nicolás Maduro, presidente que enfrenta dificuldades no país. Nessa ocasião, o presidente venezuelano afirmou seu apoio à extensão dos cortes na produção para além de março de 2018. Isso não surpreende dado o fato de que a produção de petróleo da Venezuela permaneceu abaixo de sua cota por vários meses e não há indicações de que o país possa aumentar sua extração no curto prazo. De acordo com a S&P Global Platts, a produção venezuelana teve redução ainda maior em agosto, de 1,91 milhão de barris por dia para 1,90 milhão de barris por dia.
O compromisso precoce da Venezuela em estender os cortes na produção não surpreende dados os problemas econômicos do país e os problemas financeiros de sua companhia nacional de petróleo, a PDVSA. Entretanto, o forte compromisso da Venezuela poderia ajudar a influenciar outros produtores de petróleo da América do Sul a se comprometer em continuar com os cortes na produção.
Em julho, o Equador teve destaque na imprensa ao declarar que planejava aumentar unilateralmente a produção. Embora o Equador tenha depois baixado o tom em suas declarações, o país continuou a produzir acima de sua cota. A Venezuela, mesmo com seu caos político e econômico, ainda é o produtor sul-americano mais importante e poderia pressionar o Equador a aderir à sua cota e apoiar uma extensão dos cortes.
Na verdade, nenhum desses compromissos precoces surpreende. Todos os olhos deverão estar na Líbia e na Nigéria, dois países da Opep que estão dispensado dos cortes na produção. A produção de petróleo da Líbia não se estabilizou. O governo fechou um oleoduto do campo petrolífero de Sharara após militantes passarem a controlá-lo em meados de agosto. Entretanto, em 6 de setembro, os dois lados chegaram a um acordo e o petróleo começou a fluir novamente.
Emmanuel Kachikwu, ministro do petróleo da Nigéria, declarou que a Nigéria não pode se unir aos cortes na produção ao menos até na próxima extensão após março de 2018 porque o país precisa de mais "tempo de recuperação" devido às interrupções causadas por rebeldes. Isso poderia ser um problema na próxima reunião da Opep, porque participantes externos à organização já veem há muito tempo as dispensas concedidas à Líbia e à Nigéria como injustas.
Nos próximos dois meses, investidores deverão estar atentos a declarações feitas por produtores de petróleo da Opep e externos à organização. Declarações afirmando compromisso com o pacto de países como Arábia Saudita, Irã, Iraque e Equador devem fazer o petróleo subir.
Uma declaração positiva da Nigéria ou da Líbia a respeito de qualquer intenção de participar do pacto também pode fazer com que os preços do petróleo fiquem mais altos. Por outro lado, declarações negativas da Líbia, Nigéria ou do Cazaquistão poderiam prejudicar o apoio ao pacto que poderia fazer com que os preços do petróleo ficassem mais baixos.