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Opep: Arábia Saudita Paga o Preço por Querer Ser a Guardiã do Cartel

Publicado 02.03.2021, 09:31
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Publicado originalmente em inglês em 02/03/2021

No mundo do petróleo, a Arábia Saudita gosta de se vangloriar como produtora a quem recorrer por último.

Os últimos anos provaram, no entanto, que a descrição mais apropriada para o reino, como produtor de petróleo, é a de perdedor a quem recorrer primeiro.

Petróleo diário

Após do domínio global da produção de hidrocarbonetos e a mudança da influência na definição dos preços do barril das mãos das Sete Irmãs do Petróleo para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com o Embargo Árabe de 1973, os sauditas se tornaram praticamente imbatíveis no seu predomínio da indústria nos últimos 40 anos.

Mas os últimos cinco anos deixaram o reino na condição de mandatário simbólico de uma Opep sujeita aos anseios individuais dos seus membros do que um árbitro final da produção do grupo.

No melhor dos casos, a capacidade de Riad de conciliar seus próprios ideais de produção/receita com os da Opep+, aliança com parceiros externos como a Rússia, tem-se mostrado uma grande contemporização.

“Perdedora perpétua”

Desde 2016, o reino tem sacrificado sua própria produção em uma tentativa desesperada de manter em alta os preços do petróleo. Enquanto os sauditas cortavam sua produção, outros membros da Opep+, sob a ardilosa liderança de Moscou, continuaram produzindo o número de barris que queriam, sem falar no “tsunami” de oferta provocado pelo shale oil americano no mercado. As concessões dos sauditas fizeram com que o reino se tornasse um perdedor perpétuo.

Nesta semana, está prevista mais uma reunião da Opep+ que deverá estabelecer as cotas de produção a partir de abril e, ao que tudo indica, mais uma grande concessão da Arábia Saudita deve vir pela frente, fazendo com que o país perca a oportunidade de produzir mais e aumentar sua participação de mercado.

Voltando a fita um pouco, o príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro do petróleo da Arábia Saudita, abriu mão de produzir 1 milhão de barris por dia (mbpd) de forma voluntária nos meses de fevereiro e março, quando a Opep+ se reuniu pela última vez em janeiro.

Ao mesmo tempo, Rússia e Cazaquistão, no âmbito da Opep+, desejavam elevar a oferta após os cortes do grupo terem contribuído para que os preços quase dobrassem desde maio. Sem querer fazer o rali do mercado perder força por causa de rumores de uma produção maior, o ministro do petróleo saudita fez o impensável: anunciou um corte, em vez de uma elevação, na produção.

Alexander Novak, vice-primeiro-ministro russo, ainda incrédulo sobre o que havia ouvido do príncipe, mal conseguia conter sua euforia ao dizer à mídia que cobria o evento que o corte unilateral saudita era “um excelente presente de Ano-Novo para toda a indústria petrolífera". Mas, longe das câmeras, tentou aconselhar seu colega saudita, de acordo com a Bloomberg.

Amrita Sen, cofundador da consultoria britânica Energy Aspects, afirmou que Novak provavelmente disse ao príncipe que “do ponto de vista da Rússia, se a Opep+ não quiser elevar a produção em apenas meio milhão de barris por dia em um mercado a US$ 50, pode ser que, no momento em que resolver fazê-lo, já tenham perdido participação de mercado".

Mas Abdulaziz tomou a decisão com seu meio-irmão, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Ambos queriam provar que conheciam o mercado melhor do que os gestores de hedge funds em Nova York e Londres que ganhavam a vida vendendo petróleo a descoberto.

O conselho de Novak foi gentilmente recusado, mesmo assim o ministro russo saiu eufórico da reunião, pois sabia que a alta dos preços após a manobra saudita compensaria qualquer concessão que havia feito sobre as elevações de produção que queria (provando que Moscou sempre foi ardilosa ao lidar com Riad). A família real Salman estava certa: os preços do barril saltaram de um pouco mais de US$ 50 antes da reunião da Opep+ em janeiro para mais de US$ 67 no Brent e US$ 63 no WTI.

Agora, vamos avançar para o momento atual.

Plano saudita é não estragar tudo, mas russos querem mais

Acredita-se que a Opep+ irá concordar, nesta semana, que uma elevação da oferta em 500.000 barris por dia (bpd) a partir de abril não vai estragar tudo em um mercado já tumultuado pelo coronavírus.

Mas também há rumores de que a Rússia – sempre mais disposta a ofertar mais barris do que os sauditas em sua frágil cooperação de quatro anos – vai querer aumentar o número para 1 mpbd ou até mais.

Russos e sauditas tiveram um enfrentamento mordaz há um ano, quando Riad embarcou em uma campanha de máxima produção no auge da pandemia de Covid-19, fazendo o WTI atingir a histórica cotação negativa de US$ 40. Desde que os dois lados colocaram panos quentes na história, em maio, a Opep+ tem retirado pelo menos 7 mbpd do mercado.

Após 10 meses seguidos de cortes de produção a Opep+ conseguiu drenar os estoques globais de petróleo para os níveis de cinco anos considerados quase normais. As projeções de maior demanda de energia nos próximos meses, com o avanço das campanhas de vacinação contra a Covid-19, também podem respaldar os preços do petróleo nos níveis atuais ou superiores.

Mas isso parece importar pouco para os investidores petrificados só de pensar em uma oferta maior entrando no sistema, mesmo que seja a mesma quantidade de 1 mbpd que os sauditas haviam retirado desde fevereiro. O medo do que a Opep+ pode fazer na outra ponta fez o mercado cair 5% desde sexta-feira.

Essa oscilação deve pesar na mente dos sauditas, novamente evitando que aumentem significativamente sua produção para expandir ou defender sua parcela de mercado. É comum ouvir que os sauditas precisam exportar cerca de 8 mpbd, a pelo menos US$ 80 por barril, para sustentar sua economia.

Maldição saudita: cortar ou fracassar

Adam Button, analista de mercado no portal ForexLive, acredita que os sauditas vão querer extrair mais quando seu corte voluntário de 1 mbpd expirar em abril. “Ao mesmo tempo, todos estão felizes com os preços mais altos e não querem fazê-los cair 6-8 dólares”.

John Kilduff, sócio do hedge fund de energia Again Capital, em Nova York, afirmou que Riad deve conceder uma porção maior de qualquer aumento acordado para os russos e ficar com a parcela menor, ou mesmo abrir mão de uma alta imediata até maio, a fim de respaldar melhor o mercado.

Ele disse ainda:

“Não vejo outra estratégia a não ser essa para os sauditas daqui para frente. Eles não param de cortar e perder mercado para os russos e os outros membros da Opep+, no afã de manter o suporte dos preços. Eles se arrogaram o posto de guardiões do cartel e agora precisam pagar o preço por isso. O mercado espera isso deles. A maldição dos sauditas é essa: cortar ou fracassar”

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. Como analista do Investing.com, ele apresenta visões distintas e variantes divergentes de mercado. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

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