Vou demonstrar em três fases o ciclo de nossa moeda, desde a queda em 2020 até o possível cenário nos próximos meses. Dessa forma você poderá tirar sua própria conclusão acerca de quais papéis comprar e para onde direcionar o seu investimento.
Escrevo aqui da forma que eu gostaria de ter lido quando comecei a ter interesse por investimentos, tenho certeza, encontrando a informação objetiva, encurtará a compreensão e sua decisão será mais simples.
Contexto 2020 (Real em queda livre)
No início do ano nos meses de março e abril, quando o câmbio estava em torno de R$ 5,80 e chegando a flertar com R$ 6,00, o real era umas das moedas mais desvalorizadas do mundo, nossa moeda estava distante de um valor considerado justo, mesmo para os mais pessimistas sobre o cenário econômico do Brasil.
Para justificar essa grande desvalorização do câmbio no Brasil podemos ressaltar alguns acontecimentos.
O que justifica a desvalorização do real:
1. Quadro delicado do País quando olhando da perspectiva do risco fiscal implícito no Brasil;
2. Postura demasiadamente dovish (Aumento de estímulos do BC) com a redução da taxa Selic em 2,00% ano o que causou juros reais negativos no País, ou seja, investir em renda fixa significou perder dinheiro;
3. Diante do cenário de incerteza investidores fizeram posições relevantes comprando dólar, ou seja, muita moeda estrangeira saindo de nosso país (veja o fluxo no gráfico em dez/20).
Presente: O que justifica a valorização do real:
Podemos observar, no entanto, que o real volta a ganhar força a partir de dois grandes acontecimentos:
1. A mudança de postura do Banco Central e o início do processo Hawkish de aperto monetário da Selic (Redução de estímulos) reverteram o fluxo de câmbio negativo;
2. A redução ou desmonte de posições compradas em dólar frente ao real por grandes players do mercado.
No gráfico abaixo é possível ver a correlação da cotação do câmbio e a taxa Selic. Percebe-se que, à medida em que a Selic aumenta, o dólar reduz seu valor ante o real.
Fonte: Banco Central do Brasil
Futuro: Mudança de contexto Brasil (Real ganha força)
Com dados econômicos no Brasil acima do esperado e um Banco Central sinalizando juros no patamar de equilíbrio já em 2022 (juntamente à continuidade do FED em sua postura dovish para com a inflação americana), estrangeiros voltam ter seus olhares no Brasil. Diante disso, a lógica é simples: mais dólares entrando no país, mais oferta da moeda e, caso o banco central tenha eventuais déficits da moeda em conta, há ainda um alívio na pressão compradora, causando queda no dólar.
A grande pergunta, portanto, é: até onde vai o dólar?
Diante de um mercado complexo e com diversas variáveis, é um pouco difícil prever valores e faz mais sentido tomar base por todo o contexto.
Assim sendo, considerando que temos estímulos e alta liquidez global, o Banco Central do Brasil projetando altas na taxa Selic em 2021 e cenário mais estável 2022, o FED americano com sinalizações de alta nos juros apenas em 2022 e 2023 (apostando inflação transitória), o Brasil atualmente surpreendendo do ponto de vista econômico, é possível acreditar que o real continue aumentando seu valor ou se mantenha estável ao menos até o início das eleições, quando, historicamente o câmbio tende a aumentar a volatilidade.
Um forte e respeitoso abraço a todos vocês.
Bons investimentos!