Bom dia a todos,
Sem rodeios, postei alguns resultados que vem rolando essa semana... Vou seguir fazendo-o, então convido-vos à leitura:
VLID3
Não sei o quanto vocês conhecem ou não a Valid, mas a ideia aqui não é fazer um relatório ou coisa do gênero. Tenho pressa, tenho coisas a fazer, não me levem a mal. Então quem tiver interesse em entender melhor o case (que não é simples) sugiro passar o olho nessa apresentação aqui do link: Apresentação Apimec – VALID DEZ16
Então indo ao resultado…
Primeira consideração: o resultado do 1T17 foi uma “meleca” (pra não dizer uma bosta!). Foi tão tuim que eles até lançaram um programa de recompra pois, além da ação (SA:VLID3) desmoronar, queriam passar certa segurança aos investidores. Do tipo “foi ruim mas tamo junto bro”. Não por acaso as ações desmancharam. Ahh isso e sua correlação com dólar dado que parte das suas operações tem um link com dólar (gráfico de 12 meses aí).
Enfim…
Empresa não é ruim não. Longe disso. Tem bom histórico de geração de valor, com bons resultados e boa governança. Uma empresa que se reinventou. De uma impressora de cheques para banco, hoje ela é uma empresa diversificada em tecnologia. Sim cards, cartões de banco e certificação digital.
Voltando ao resultado o breakdown de Receita e Ebitda ajudam a entender a empresa.
Aí a explicação do resultado é simples com exceção do segmento Sistemas de Identificação, tudo mais foi ruim. Na tabela abaixo “pintei” de verde o que foi bom e de vermelho o que foi ruim.
No agregado a receita caiu 10% na comparação com 2T16 e o Ebitda 16,6% e margem 1p.p. inferior. Isso no 2T17 ante 2T16. Análise do semestre fica pior ainda. Não por acaso os Sistemas de Identificação aparecem com maior relevância na pizza da geração de caixa. Foi único segmento que apresentou melhora.
Mas o ponto que acho MTO relevante salientar é: melhorou ante a meleca (bosta mesmo) que foi o 1T! Teve crescimento de 9% de receita e 19% no Ebitda.
A empresa veio tomando medidas para melhorar eficiência. Isso demora e não é simples, ainda mais com a falta de volume/receita. Exemplo: concluíram a consolidação das plantas no Brasil e EUA, implementaram iniciativas referentes ao resultado da análise da cadeia de suprimentos (diretos e indiretos) e na frente de padronização dos processos fabris com foco na produtividade na ordem de R$ 25MM.
Mas é um avanço anyway.
Outro ponto foi a sinalização de que a empresa espera melhora no importante segmento de Meios de pagamento. Segundo eles:
“Esperamos um crescimento para o segundo semestre de 2017 devido à expectativa de maiores volumes (principalmente nos EUA devido à diminuição do estoque de cartões dos bancos) e do impacto nas ações de redução de custos.”
Eles até comentam que o 2T começou fraco e foi melhorando nos meses subsequentes.
Nessa linha o pessoal da Plural acredita numa melhora de receitas e que isso se refletirá positivamente nas margens, o que justificaria manter o Outperform, ou seja, compra para o papel.
Enfim minha opinião é que VLID é boa empresa e essa tendem a dar bons frutos para quem investe. Sua operação está “pegando no tranco” digamos assim. É cedo sim e quem investir nela precisa de paciência. Vejo ela negociando a 6,8x Ev/Ebitda pra esse ano, o que não me parece barato, mas com grandes chances disso ser 5,5x pra ano que vem. Parece que 2018 será melhor, por isso citei a paciência. Por ora acho que é comprar futuro e tenho certos receios.
Teleconferência amanhã pode dar uma cor melhor nos números e perspectivas.
MDIA3
Estava eu saboreando um cookies da Adria, afinal “cookies é bom” neh?
Trocadalho do carilho.
Mas enfim, estava eu olhando os números de MDIA3 sem entender o porquê da porrada de -5% no papel até que me deparo com esses 2 pontos:
Despesas cresceram 15,7% o que é bem acima de qualquer índice de inflação. Veja que como proporção da receita avançou de 23,9% no 2T16 para 26,7%. Aumento de despesas sempre é recebido com reserva pelo mercado. Nesse caso existe explicações que me parecem bem plausíveis:
(i) Empresa fez campanha de marketing para algumas marcas, a qual inclui incentivos para conquista de pontos extras nos grandes clientes e ampliação do quadro de degustadoras. Gasta no primeiro momento pra ter aumento de volume de vendas. Justo!
(ii) Fretes: houve aumento de volumes como mostra o gráfico abaixo e teve reajuste de combustíveis, então também em parece honesto, tipo ok.
(iii) E a empresa contratou uma consultoria de supply chain. Aqui confesso que não sei o qual o impacto específico desta em termos financeiros.
O segundo dado “negativo” (não considero negativo, mas sim menor que o mercado esperava) é que o crescimento de volumes e receita não foi nenhuma porrada: 2,5% e 3,7%. Ou seja, empresa não conseguiu repassar a inflação para seus preços. Bom não é, mas quem está conseguindo repassar???
Mas, porém, todavia, no entanto, entretanto, contudo, olhando pelo lado positivo posso facilmente listar:
- Custos decresceram 2,1% e o lucro bruto aumentou 12,1%, com uma margem 3,1 p.p. maior;
- Apesar das despesas maiores, o Ebitda subiu 7% e com margem levemente melhor que o 2T16;
- Última linha teve uma ajudinha do resultado financeiro e lucro cresceu 8,3%;
- Empresa vem conseguindo reduzir sua dependência do mercado do nordeste, e segue entrando no sudeste;
- Manteve share em massas (sem principal produto); ganhou share em biscoitos;
Enfim mercado pode estar errado em MDIA, mas acho que a melhor explicação reside no preço. Ela tem um bom negócio, rentável, boa empresa, mas seus múltiplos embutem uma certa dose de crescimento que quando frustrada desagrada. Fica tipo aquela cookies que tu deixa no armário sem fechar direito, perde a graça.
Anualizando esse resultado chegamos a um salgado múltiplo P/L de 21,6x e um EV/Ebitda de 16,9x.
Nos 45,00 esse cookies ficam mais atrativos a meu ver.
SAPR4
Olhei rápido os números de SAPR e achei um vazamento em seus canos. Achei estranho uma companhia com a sua previsibilidade apresentar queda de Ebitda e lucro mesmo com aumento de tarifas que a empresa percebeu recentemente (empresa teve seu reposicionamento tarifário de 8,53% para o ano de 2017, advindo do diferimento da Revisão Tarifária Periódica de 25,63%, aplicado nas contas a partir de 01/06/2017).
Como assim Will?
A empresa teve crescimento de 3,9% de receita ante o 2T16, muito por conta do incremento de ligações em esgoto (+5,4%).
Mas aí tu abre a linha de custos e toma um susto pois vê que ela cresceu 9,4% com destaque para o +31,4% de gastos com pessoal! Seria uma vazamento de uma empresa ineficiente?
As despesas comerciais também me assustaram com um crescimento expressivo de 56,7%!!
Bom como explicar isso então??
(i) Vamos lá começando pelo final na parte das despesas a cia não faz a distinção do que não é recorrente e aquilo que é recorrente…grande parte das empresas o faz, pois isso passa uma visão distorcida o Ebitda. No caso dela esse aumento de “Outros custos” refere-se a indenizações de clientes, fornecedores e de eventuais danos causados a terceiros nos serviços de cobrança. Não é algo recorrente e poderia ser suprimido para cálculo de um Ebitda normalizado.
(ii) O crescimento natural da empresa aliado a reajuste salarial de 4,7% explicam o maior custo com pessoal. Além disso, diferentemente do ano passado, o acordo coletivo com o principal sindicato se deu agora no 2T e não no segundo semestre de 2016 como foi ano passado.
(iii) Na parte de custos também houve uns gastos “diferentes”. A empresa usa alguns produtos para tratamento de esgoto. Houve atraso na entrega destes e eles acabaram sendo faturados agora. Então é outra linha que não esperaria que se mantivesse nos patamares altos que foram agora nesse 2T.
Com isso, o Ebitda e Lucro do trimestre apresentam queda ante o 2T16.
Well as explicações existem. Me parece muito mais um caso de um cano que estourou e deu uma vazada, molhou a casa, deu uma incomodada e tal, mas acho bem menos pior que um vazamento daquele que te faz gastar uma grana sem conseguir descobrir de onde vem o bendito vazamento.
Não gostei do resultado. Olhando o semestre os números do 1S17 ficaram bem ok, mas o tri foi feinho.