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O Mercado, e Não a Opep, Decidirá se o Pior Já Passou para o Petróleo

Publicado 27.10.2020, 10:50
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Publicado originalmente em inglês em 27/10/2020

O ministro de energia saudita, Abdulaziz bin Salman, gosta de fazer graça com coisa séria quando precisa transmitir uma mensagem importante para o petróleo.

“Alegrem meu dia”, disse ele a quem estava operando vendido no petróleo em setembro, usando a famosa frase de Clint Eastwood para alertar do perigo que estavam correndo os malfeitores que tentavam pegar o policial mais temido de Hollywood.

Na segunda-feira, no entanto, ele tentou ser mais fático do que engraçado ao declarar que “a pior parte já passou” em sua perspectiva para a demanda de petróleo.

Mas uma olhada casual no mapa de consumo de petróleo e de pontos críticos do coronavírus sugere que um novo período difícil para a demanda petrolífera está apenas começando.

Um mês depois do pico da temporada de viagens automotivas de verão, os Estados Unidos ainda registram reduções semanais de estoque de petróleo, o que, em tese, é ótimo para os touros. Mas basta olhar além das manchetes e analisar a planilha semanal fornecida pela Administração de Informações Energéticas (EIA, na sigla em inglês) para ver que a demanda está sendo impulsionada pelas exportações americanas para uma das principais áreas de crescimento: China.

Petróleo Diário

Os Estados Unidos são agora o quarto maior fornecedor de petróleo para aquele país. O mercado chinês em si se tornou o maior cliente do petróleo americano. Os EUA remetem para o exterior cerca de 3 milhões de barris em média por semana, e não raro a China fica com quase metade disso.

Os últimos dados da EIA referentes a setembro revelam que, em maio, cerca de 1,3 milhão de barris de petróleo americano desembarcaram no país asiático. Apesar da sua importância, a China não é o único mercado do produto norte-americano. As exportações para o Canadá, outro mercado estratégico dos EUA, caíram 19% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019. As exportações para a Coreia do Sul saltaram 27%.

Gasolina apresenta baixo desempenho, combustível de aviação afunda

Se bem que as vendas de petróleo sejam extremamente importantes para qualquer produtor, os outros componentes-chave desse mercado no mundo – o diesel e o combustível de aviação, consumidos pelos setores de transporte/frete e aviação – estão afundando.

John Kilduff, sócio-fundador do hedge fund nova-iorquino Again Capital, disse ao Investing.com que, embora os estoques de gasolina tenham caído em cinco das últimas sete semanas desde o início de setembro, a demanda real do combustível automotor ficou abaixo do padrão sazonal:

“Vimos uma luz no fim do túnel há algumas semanas, quando tivemos uma demanda semanal perto da normalidade e a alta da gasolina ficou um pouco acima de nove milhões de barris. Desde então, não fez outra coisa a não ser cair. Basta dar uma olhada no mapa da covid-19 para ver uma correlação entre os pontos críticos e a queda nos preços da gasolina”.

Um cenário similar foi visto no combustível de aviação, em que as linhas aéreas começavam a registrar milhões de passageiros por semana até que novos casos de coronavírus começaram a explodir novamente nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha e Itália.

Kilduff disse:

“Com a demanda de combustível de aviação afundando, qualquer sinal de bloqueios na Europa afetará o petróleo”.

Depois de uma queda sem precedentes nas viagens aéreas devido ao coronavírus, os passageiros das companhias aéreas estão começando a ser forçados a tomar decisões de tudo ou nada longo prazo, no momento de grande incerteza e mínimo fluxo de caixa. A demanda de combustível de aviação é consideravelmente menor do que a de gasolina e diesel. Mesmo assim, representa uma parcela importante do mercado petrolífero, que vinha crescendo rapidamente antes da pandemia.

O mundo queimou 8,1 milhões de barris de combustível de aviação por dia em dezembro do ano passado, o último mês completo antes dos transtornos causado pelo coronavírus nas viagens e no comércio, segundo reportagem do Wall Street Journal no início deste mês, citando Natasha Kaneva, estrategista sênior de commodities do JP Morgan.

No próximo mês de dezembro, o consumo mundial de combustível de aviação deverá ficar em 5,4 milhões de barris por dia, uma queda de um terço, de acordo com previsões de Kaneva, do JPM. Por outro lado, a expectativa é que demanda de gasolina se recupere para 24,6 milhões de barris por dia, apenas 6% menor do que no ano passado.

Doug King, CEO do hedge fund britânico RCMA Capital, disse ao jornal que o mercado de combustível de aviação estava “muito ruim e provavelmente continuará assim”, enquanto o mercado petrolífero “enfrentará um grande e duradouro problema de demanda baixa”, que manterá os preços “no mesmo caminho da perdição dos últimos meses”.

Opep ainda não consegue descartar cortes

Essa perspectiva desalentadora significa que a aliança Opep+ de produtores mundiais de petróleo não conseguirá descartar cortes de produção no futuro próximo. Liderada pelo ministro saudita Abdulaziz, os 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus 10 aliados conduzidos pela Rússia têm mantido os preços do petróleo acima ou perto de US$ 40 por barril desde maio, graças aos cortes.

Mas com o petróleo sendo negociado abaixo de US$ 39 na terça-feira, o grupo se mostra hesitante em adicionar mais oferta ao mercado, apesar da necessidade urgente que cada país tem de extrair e vender mais, a fim de financiar suas economias abaladas pela pandemia.

O secretário-geral da Opep, Mohammad Barkindo, admitiu, na segunda-feira, que qualquer recuperação do mercado petrolífero pode levar mais tempo do que se prevê, devido à última alta nas infecções por covid-19.

Porém, mesmo que a maioria da Opep concorde em fazer das tripas coração e não produzir mais, um membro não pode ser contido: a Líbia. Recém-liberta de uma guerra civil que a impossibilitou de exportar um único barril desde janeiro, o estado norte-africano abriu suas torneiras completamente nas últimas semanas. A produção líbia é agora de 525.000 barris por dia (bpd) e pode alcançar 1 milhão de bpd no início do próximo ano.

Irã pode ser mais uma dor de cabeça para a Opep

O Irã deve ser uma ameaça maior do que a Líbia, o que só saberemos depois da eleição presidencial nos EUA na próxima semana.

Enquanto o presidente Donald Trump praticamente eliminou as exportações petrolíferas iranianas com sanções antinucleares nos últimos dois anos, seu opositor na eleição de 3 de novembro, Joe Biden, pode liberar grande parte desse montante se assumir a Casa Branca e reativar o acordo nuclear da era Obama com Teerã, que foi cancelado pelo atual mandatário.

O Irã é membro da Opep. Mas o futuro das suas exportações é algo que ninguém no grupo deseja discutir publicamente neste momento, em razão da situação prematura da eleição americana.

O presidente russo Vladimir Putin declarou, na semana passada, que não descartava cooperar com a Arábia Saudita para estender os cortes de produção da Opep+ em cerca de 7,7 milhões de bpd.

Em março, os dois gigantes se tornaram brevemente rivais, depois que Putin se recusou a apoiar Riad nos cortes de produção durante o auge da pandemia de covid-19. A disputa aberta entre os dois países fez com que o mercado petrolífero dos EUA registrasse a histórica cotação negativa de US$ 40 por barril no fim de abril, antes da intervenção do presidente Trump para retomar o acordo da Opep+.

Isso é reflexo da distância que a aliança percorreu desde a afirmação do ministro Abdulaziz de que “o pior já passou” para o petróleo, na segunda-feira, dizendo ainda que a Opep permanecerá “vigilante” como grupo.

Mas, com a disseminação desenfreada do coronavírus e um possível retorno do Irã ao mercado, uma nova era desalentadora pode estar apenas começando para a Opep e os preços do petróleo.

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