Com a autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a venda dos ativos móveis acertada para as concorrentes Tim (SA:TIMS3), Telefonica Brasil SA (SA:VIVT3) e Claro, muitas pessoas pensavam que as ações da Oi (SA:OIBR3) subiriam “ao infinito e além” na bolsa de valores. Mas para a decepção dos patrulheiros do Comando Estelar, os papéis da operadora não vão saltar de 1 real para 10 reais do dia para noite.
As ações da Oi voltaram a negociar abaixo de 1 real porque muitos investidores decidiram embolsar lucros após a valorização dos papéis em janeiro. Naquele mês, OIBR3 subiu +40,79 por cento e OIBR4 (SA:OIBR4) avançou +36,72 por cento.
Outro fator relevante é que a base de investidores da Oi é pulverizada e, por estar em recuperação judicial, alguns fundos ficam impedidos de investir na empresa. Sendo assim, a base acionária é composta majoritariamente por investidores pessoa física.
Como o desempenho das ações está aquém do esperado, o investidor impaciente entra em cena e, irracionalmente, realiza operações que não deveria porque não conhece a tese da companhia.
Tese de investimento na Nova Oi
A reestruturação na companhia teve início em 2019, quando o plano da Nova Oi foi definido: sair do mercado de telefonia e internet móveis e ter como principal negócio da Nova Oi a oferta de fibra óptica.
A Nova Oi foca sua atuação em fibra por meio de duas frentes, a V.tal e a ClientCo. Entenda, a seguir, o papel de cada operação.
A ClientCo é uma plataforma de tecnologia que utiliza a fibra para oferecer serviços digitais e soluções em TI para pessoas e empresas.
Por meio da ClientCo, a Nova Oi expandirá sua atuação em mercados desenvolvidos e em regiões que ainda não foram exploradas, mas que possuem grande potencial.
A outra frente da companhia é a V.tal, antiga InfraCo, da qual a Oi possui 42 por cento da participação após vender mais da metade para o BTG/Globenet.
Com foco no atacado, a V.tal oferece infraestrutura de fibra para operadoras e provedores de internet. Além disso, a empresa terá um papel importante na viabilização do 5G para operadoras de telefonia móvel.
A estratégia da Nova Oi com suas duas frentes de negócio é audaciosa e bem definida. Na visão do nosso analista, o foco em fibra da Nova Oi será decisivo para a empresa retomar o crescimento no futuro.
Reestruturação da dívida corporativa
Com a venda da Oi Móvel, uma operação que não fazia mais sentido para sua estratégia em fibra, a Oi deve receber 15,8 bilhões de reais líquidos pelos ativos móveis vendidos a concorrentes e quitar uma parte considerável de sua dívida, que atualmente está em 29,9 bilhões de reais, como forma de obter o fôlego financeiro necessário para reverter tal quadro de insolvência.
O BTG Pactual (SA:BPAC11) estima que 4,5 bilhões do montante devem ser pagos ao BNDES, e o restante será usado para pagar títulos americanos e dívidas com instituições financeiras.
Nord Deep Value
Nossa tese em OIBR é baseada no bom trabalho de reestruturação que a gestão vem fazendo e nas perspectivas para o futuro que ela nos proporciona.
Acreditamos que seu foco na fibra óptica no varejo é acertado, e sua expansão começa a dar resultados, inclusive já superando as receitas de cobre (operações descontinuadas).
Os resultados do quarto trimestre do ano passado (4TRI21) serão divulgados no dia 29 de março.