Indo direto ao ponto a minha resposta é: depende. Você quer ser acionista no longo prazo da empresa ou está apenas querendo fazer uma aposta no curto prazo?
Se sua meta for investir no longo prazo (3 a 5 anos) eu recomendo que você não compre as ações da Oi, que ainda está em processo de recuperação judicial.
Por outro lado, se sua intenção for fazer um “trade” de curto prazo, um investimento de alto risco, no estilo o dobro ou nada e bem parecido com uma opção de compra (call), eu recomendo colocar pouco dinheiro, desde que você esteja ciente que pode perder tudo.
Eu gravei um vídeo para o meu canal no Youtube em que apresento a minha análise fundamentalista sobre as ações da Oi.
Eu recebi diversos comentários muito interessantes no meu canal:
“Comprei R$ 50 mil hoje de Oi, AT&T vai comprar e as ações vão bombar!”
“Arrisquei R$ 3 mil a R$ 0,76. Vai que a Vivo ou Tim compra a Oi. Vai ter muito chororô para quem ficar de fora”
“Sim é uma aposta, qual o problema? Nenhum!”
“Coloquei dinheiro de pinga: R$ 30 a R$ 0,75, compensa o risco”
Os dois últimos comentários são bastante sensatos e eu concordo 100% com eles.
Neste caso, o problema é o tamanho da aposta, certo? Um dos maiores erros do investidor pessoa física é alocar muito capital em ações de risco muito elevado.
“Risco é você não saber o que está fazendo”
Portanto eu recomendo sempre investir um valor pequeno em ações de alto risco, um dinheiro que não vai tirar o seu sono se for totalmente perdido. Eu diria para investir no máximo 1% do patrimônio em operações de trading de alto risco.
Quem investiu valores mais altos (R$ 50 mil como no comentário acima) pode estar correndo risco demais. Não estou dizendo que quem investiu os R$ 50 mil em OIBR3 fez uma aposta errada. As ações chegaram a subir quase 20% num único dia. Uma verdadeira montanha russa: os papéis saíram de 1,45 real logo após o resultado do segundo trimestre de 2019 e estavam cotadas a 93 centavos no dia 26 de outubro.
Existem diversos tipos de investidores com perfis de risco e prazo completamente diferentes.
Eu utilizo a filosofia de Value Investing para fazer a minha a análise fundamentalista, não sou trader, não opero eventos corporativos nem tenho informações privilegiadas. Não tem como saber quem vai comprar a Oi, por qual preço e quando será anunciado.
O que esperar daqui para frente no caso de Oi
Existem três catalisadores principais para o comportamento do preço das ações da Oi no curto prazo: 1) venda de ativos “fatiada” (ativos da Unitel em Angola, torres de celulares e redes de fibra ótica, mais os ativos imobiliários); 2) venda de ativos reversíveis com a aprovação do Projeto de Lei do Congresso (PLC) nº 79 no Senado Federal que mudou a lei de concessão de telefonia fixa e; 3) possível venda da empresa (Oi (SA:OIBR3)) para players do setor (AT&T, Tim e Vivo).
Projeto de lei PLC79
O PLC 79 foi aprovado no Senado Federal e alterou profundamente o setor de telecomunicações. A concessão de telefonia fixa vai passar para o regime de autorização. As empresas de telecomunicações não precisarão mais investir em orelhões, afinal a concessão de telefone é dos anos 90.
Corrida contra o tempo
A companhia tinha uma posição de caixa de apenas 4,3 bilhões de reais no segundo trimestre de 2019 e elevou sua previsão de investimentos para 7,5 bilhões de reais em 2019. Sem os recursos da venda de ativos, a Oi corre o risco de não ter caixa suficiente para continuar a sua operação e fazer os investimentos necessários.
Por último, o fato de a Oi estar em recuperação judicial dificulta mais ainda uma transação no curto prazo. Em outras palavras: os interessados podem querer deixar a Oi (SA:OIBR3) “sangrar” um pouco mais para poder comprar mais barato (aconteceu algo muito semelhante com a Braskem (SA:BRKM5)).
Enfim, façam as suas apostas!
Penny stock
As ações da Oi (SA:OIBR3) estão sendo negociadas abaixo de 1,00 real por 24 pregões consecutivos na Bolsa. Se as cotações ficarem abaixo de 1,00 real por 30 pregões consecutivos, a empresa será notificada pela B3 para elevar a cotação para acima de 1,00 real por meio do grupamento de ações.
Normalmente as “penny stocks” são de empresas que estão em dificuldades financeiras ou em recuperação judicial. Devido ao baixo valor (quase preço de uma opção) as ações têm muita volatilidade e podem sofrer muitas oscilações.
Cenas dos próximos capítulos
Praticamente todos os dias há notícias nos jornais sobre a Oi: venda de ativos, empresas interessadas em comprar a tele, emissão de dívida estruturada com base em recebíveis no valor de 2,5 bilhões de reais e dúvidas sobre a posição de caixa da companhia.
A companhia informou que tinha posição de caixa de 3,62 bilhões de reais em julho de 2019. Segundo notícias do mercado o caixa foi reduzido para 3,2 bilhões de reais em setembro.
Até o momento a única notícia concreta foi a troca no comando da Oi, com a indicação do atual diretor de operações, Rodrigo Abreu, para a presidência da companhia.
O resultado do terceiro trimestre de 2019 será divulgado no dia 13 de novembro, após o fechamento dos mercados.