Do que vale uma opinião sem exposição? Por exemplo, eu recomendo uma ação para você. Você compra. Eu não. O quanto você deve confiar naquilo? O sujeito fala para você comprar, mas ele mesmo não compra.
Por uma questão regulatória, os analistas brasileiros estão impedidos de negociar ações numa janela temporal em torno de sua recomendação.
Supostamente, isso ajudaria a alinhar os interesses. O especialista não poderia comprar uma ação e logo sair recomendando para os outros – a informação acabaria sendo usada em causa própria. O analista compra, recomenda para os demais investidores, que também passam a comprar o papel. Mais demanda, preço para cima, lucro para o analista/trader.
Sabe qual é um dos efeitos práticos disso? Recomendações feitas sob pouca diligência e/ou incapacidade de resolver os conflitos de interesse.
Explico: o analista recomenda uma ação mas somente o cliente – assumindo que este segue a dica - está efetivamente exposto àquilo. Se a ação cair, o investidor perde. O analista fica rigorosamente na mesma. Se a ação sobe, o investidor ganha e, de novo, nada muda para o analista.
Então, não há incentivo para o formulador das recomendações dar as melhores sugestões. Ao contrário, como ele não está exposto às ações, o incentivo é justamente para trabalhar menos, fazer valuations superficiais e ir embora para casa descansar mais cedo. O especialista transfere ao cliente toda a fragilidade da coisa.
Também em sua tentativa de abrandar o conflito de interesse, a regulação atual é limitada. Quem acompanha o problema sabe que os principais abusos não vieram, em sua maioria, da atuação do analista para lucros próprios com operações de ações. Os grandes conflitos vieram do fomento indevido aos resultados dos bancos. O analista recomenda uma ação ruim somente porque a respectiva empresa mantém outros negócios com a instituição financeira empregadora.
Na Empiricus, o problema não existe, pois as recomendações são o princípio, o meio e o fim do nosso trabalho. Se errarmos muito, os clientes deixarão de seguir nossas sugestões e perderemos integralmente as receitas. Pediríamos recuperação judicial antes mesmo da OGX. O alinhamento de interesses aqui é natural e instantâneo.
Mas, para a indústria como um todo, o problema come solto. E o entendimento sobre isso é zero, inclusive desrespeitando padrões éticos triviais. Uma opinião vale zero (nada!) sem exposição. Os incentivos hoje estão invertidos!
Ao invés de impor barreiras à negociação com ações pelos analistas, a CVM/Apimec deveria fazer justamente o contrário, fomentando a exposição. Minha sugestão é a seguinte: parte da remuneração anual de todos os analistas deveria ser paga justamente em ações de empresas para as quais o sujeito deu recomendação de compra. Acabou o bônus em dinheiro. O analista só recebe remuneração variável em ações para as quais ele deu “buy”. Então, tem um incentivo claro para só recomendar os papéis que efetivamente acha bons. Caso contrário, vai receber um mico no final do ano.
Fazer o que eu falo é fazer o que eu faço.
PS.: Restam menos de 100 vagas para completar o seleto Clube VIDA PRO. Você ainda pode fazer parte do grupo e receber cinco ideias de trade por dia no seu email. Tudo feito por quem está realmente preocupado em dar sugestões rentáveis. Esse é o meu negócio. O início, o fim e o meio.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.