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O sol continua fritando as lavouras de café

Publicado 30.09.2024, 10:22
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Mais uma semana firme com o Dez-24 voltando a subir +2.500 pontos e negociando na máxima do ano @ 275,05 centavos de dólar por libra-peso. O Dez-24 encerrou @ 269,15 centavos de dólar por libra-peso (mínima / máxima / fechamento respectivamente @ 250,10 / 275,05 / 269,15 centavos de dólar por libra-peso).

Em Londres o café robusta com vencimento em Novembro-24 voltou a negociar @ 5.575 US$/tonelada e encerrou @ 5.482 US$/tonelada (328,85 US$/saca ou 1.800 R$/saca).

O clima continua sendo o principal ponto de atenção (Volta das chuvas: sim ou não? Serão suficientes para repor o déficit hidrico? Sim ou não?). As chuvas dos últimos dias foram consideradas insuficientes para reverter o déficit hídrico dos últimos 180 dias. Após as chuvas o sol voltou forte castigando novamente as lavouras. Em algumas regiões do cerrado mineiro, Rondônia e interior do estado de São Paulo as temperaturas voltaram a atingir e superar os 40 graus (“torrando” ainda mais as lavouras). Existe previsão para novas chuvas a partir do dia 10 de outubro. Segundo muitos produtores dificilmente as lavouras irão se recuperar a tempo para produzir uma safra 25/26 “recorde” aguardada ainda por alguns analistas. Safra 25/26 acima dos 80 milhões de sacas? TRUCO!

O mercado interno continua firme negociando acima dos 1.500 R$/saca (tanto para o café arábica tipo 6 quanto para o café robusta). Porém, a grande reclamação do produtor é que o comprador não está repassando o aumento dos preços em Nova Iorque e Londres para o produtor. O diferencial de compra praticado no mercado interno para a compra base “bica corrida” estava entre -30/-35 pontos (aproximadamente 250 R$/saca). Atualmente esse diferencial passou para -60/-65 pontos – equivalente a 475 R$/saca! Ou seja, os produtores tem razão! O produtor já deveria estar recebendo 1.700/1.750 R$/saca para o seu produto café arábica tipo 6! Culpa de quem? Do produtor que infelizmente não consegue “bater o pé” e colocar o preço no seu produto! O produtor brasileiro continua negociando café robusta ainda com um deságio entre -150/-200 R$/saca para o produto do Vietnam!

A liderança européia voltou a declinar a prorrogação para implementar as novas regras UNILATERAIS para importação dos produtos provenientes de regiões não desmatadas (EUDR) já a partir do próximo dia 01 de janeiro de 2025 (mesmo com a pressão do Brasil e outros países exportadores de produtos agrícolas para o mercado europeu). Dessa forma, o comprador europeu está acelerando os embarques para evitar o desabastecimento local durante o primeiro semestre de 2025 e pagar as pesadas multas. Vamos aguardar e ver como será o abastecimento do mercado europeu a partir do dia 01 de janeiro 2025 e se realmente irá faltar produto nas prateleiras e/ou aumento dos preços ao consumidor final.

Creio que o Brasil, sendo um dos principais países que se enquadrou para atender essas novas exigências, deveria cobrar um prêmio para continuar abastecendo o velho continente! Imaginem se o Brasil deixar de exportar soja, milho, café para abastecer as necessidades locais! Por outro lado, as nossas lideranças continuam se curvando ao “imperialismo europeu”. Uma sugestão: Vamos então deixar de importar produtos europeus que utilizam energia elétrica provenientes da queima de carvão, petróleo… Proibir a importação de maquinas, automóveis exigindo também a comprovação de que todos os itens utilizados para a construção desses produtos (pneus, bancos, cabos elétricos, vidros, plástico, ferro, aço, etc) são provenientes de áreas “não desmatadas” durante os últimos 20-30-50 anos!

A boa noticia da semana foi a divulgação onde uma grande empresa chinesa está prestes a fechar uma compra de 2,50 bilhões de dólares em café brasileiro para atender sua demanda! Esse valor representa aproximadamente 7 milhões de sacas! Se a Europa fechar as portas felizmente outros mercados estão sendo abertos!

As exportações brasileiras continuam aceleradas. O Brasil deverá exportar no mês de setembro-24 novamente entre 4,20 – 4,50 milhões de sacas. Confirmando esse volume então, durante os primeiros 3 meses da safra 24/25, o Brasil já terá exportado +20% (ou 2 milhões de sacas) acima do mesmo período do ano passado. E o maior volume desde julho-setembro-20 (quando o Brasil exportou 11,00 milhões de sacas).

Com todo esse volume sendo exportado então por que o mercado continua tão firme? Pela minha análise que venho compartilhando com nossos leitores há semanas, o quadro da “oferta mundial x demanda mundial” continua crítico. E deverá continuar crítico durantes os próximos 3 anos!

O contrato futuro na bolsa local “B3” para o café tipo robusta começou a negociar no dia 23 de setembro. Porém, infelizmente, com liquidez praticamente zero. Não existe ainda nenhum contrato aberto/negociado para os meses janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro-25… E baixíssima liquidez no vencimento novembro-24… Nas opções então, liquidez zero!

Em Nova Iorque as opções de compra “call*” em aberto para o próximo vencimento Dez-24 nos strikes 270 / 275 / 280 / 290 / 300 encerraram respectivamente com 2.176 / 1.884 / 1.900 / 3.894 / 7.239 lotes! E as opções de venda “put*” começam a aparecer apenas a partir do strike 240 centavos de dólar por libra-peso!

Com os fundos + especuladores ainda comprados em 46.398 lotes continuo positivo para o médio/longo prazo com o Dez-24 buscando os 300 centavos de dólar por libra-peso com suportes em 263 e 244 centavos de dólar por libra-peso.

Para o produtor do café robusta, procure dar liquidez ao mercado da B3 (BVMF:B3SA3) tanto no mercado futuro quanto no mercado das opções (porém façam as contas e negociam os “spreads” entre os valores apresentados na “compra x venda” Trabalhe as ordens!). Aprenda a utilizar essa ferramenta para mitigar seu risco! Comprar uma opção de venda “put*” no strike 1.600 R$/saca para o vencimento julho-25 pode ser uma “boa idéia”!

Repetindo o parágrafo do comentário anterior: “Com base na nova estimativa da safra 24/25 divulgada pela Conab (agora em apenas 54,79 milhões de sacas) e considerando o consumo interno em 21,50 milhões de sacas, então o Brasil poderá exportar no máximo 33,29 milhões de sacas nesta safra! Até o final do mês de Setembro-24 o Brasil já terá exportado 36% da safra 24/25 (12 milhões de sacas) deixando apenas +21,29 milhões de sacas ainda disponíveis para exportar durante os próximos 9 meses – uma redução drástica na oferta do café para abastecer o mercado mundial em apenas 2,39 milhões de sacas por mês!!”

Não tem como não continuar altista com os dados acima!

Como sempre, proteja-se!

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Boa semana a todos!

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