Como assessor de investimentos já me deparei com diversos produtos com as teses mais mirabolantes e expectativas de retorno bem altas. Mas se tem uma coisa que entrega resultado consistente no mercado financeiro, essa coisa se chama simplicidade.
É muito comum o investidor acreditar que precisa apostar em teses complexas para ter um alto retorno, mas o fato é que ativos mais simples podem entregar um retorno bem mais atrativo. Alguns meses atrás eu gravei um conteúdo sobre um novo ETF liberado pela Nu Asset com exposição em ações de baixa volatilidade e para tal conteúdo eu me debrucei numa teoria que eu não conhecia até então: a teoria empírica da anomalia de baixo risco.
Alguns estudos (incluindo teses de mestrado) indicam que ações brasileiras de baixa volatilidade tendem a entregar um retorno superior do que ações de risco maior, o que contradiz a principal noção de mercado que diz que maior risco assumido, maior potencial de retorno (como previsto pelo modelo CAPM). Essa anomalia é a base de um ETF mencionado anteriormente.
Ou seja, diante disso, vemos que não necessariamente investir em teses mais elaboradas e/ou complexas implica em retorno maior. Para complementar com o texto deixo aqui um estudo comparando 3 ativos: um título rendendo IPCA+ 6%, o IBOVESPA e o IBLV, que é o índice Bovespa contendo as empresas de menor volatilidade (que é o índice que o ETF mencionado replica).
Na janela de 5 anos tem-se o seguinte resultado:
Para uma janela de 10 anos vemos os seguintes retornos:
E na janela máxima liberada pelo site (21 anos de investimento), tem-se o seguinte retorno:
Os gráficos mostram a força que um título rendendo IPCA + 6% tem ao longo do tempo. Na janela de 21 anos observa-se um retorno de mais de 1100%, perdendo somente para o IBLV, que apresentou um retorno de 1940% nessa janela.
Essa comparação mostra que não necessariamente correr um risco mais alto significa ter um retorno financeiro maior. Isso acaba corroborando com a teoria empírica da anomalia do baixo risco e alto retorno.
Ou seja, ter exposição em ativos de baixo risco e/ou em títulos bons na taxa de IPCA+6% tem se mostrado uma estratégia interessante. Só tome cuidado com as ofertas acima de IPCA+6% que alguns assessores podem acabar te enviando. A minha base aqui foi em títulos públicos.