Por Shirley Martins Menezes Svazati*
A importância das habilidades socioemocionais vem sendo ressaltada para os mais diversos setores, incluindo o agropecuário. Na cadeia da carne bovina, por exemplo, a tecnificação nas propriedades e a conquista de importantes mercados exigiram o aumento do profissionalismo, requerendo intensificação do aprendizado de uma série de habilidades associadas à capacidade de colaboração, de solucionar conflitos e também de desenvolver o autoconhecimento.
Tal demanda envolve os agentes de antes, de dentro e de depois da porteira, bem como aqueles ligados às diversas atividades que apoiam os processos de produção e de comercialização da carne em seus diferentes canais de distribuição. Mesmo aqueles agentes cuja participação é menos representativa, como pequenos pecuaristas, têm apresentado uma visão mais empresarial da atividade, demandando o desenvolvimento de capacitações emocionais e sociais para uma atuação mais eficiente.
Num contexto geral, a importância de se aprimorar as habilidades socioemocionais para a formação integral do indivíduo e o consequente desenvolvimento das organizações têm resultado em uma série de iniciativas, que compreendem ações de um processo individual de desenvolvimento, aquelas executadas pelas próprias organizações e também as efetuadas pelas instituições de ensino, desde os primeiros anos da educação básica e formal.
Tais ações são endossadas por estudos multidisciplinares que têm demonstrado que indivíduos com maiores capacitações socioemocionais apresentam experiências mais positivas e satisfatórias em diferentes aspectos da vida, incluindo a atuação no mercado de trabalho.
Direcionadores do ensino formal, como os da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que refletem a busca pela promoção das competências fundamentais para o enfrentamento de desafios sociais, culturais e profissionais da atualidade, entendem as habilidades socioemocionais como capacidades dos indivíduos manifestadas de modo consistente em padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos. Tais capacitações se expressam no modo de sentir, pensar e agir de cada pessoa para se relacionar consigo mesma e com os outros, para estabelecer e persistir na busca por objetivos, tomar decisões, abraçar novas ideias e lidar com situações adversas.
Os estudos na área identificam uma série de competências sociais e emocionais que podem ser classificadas em cinco grandes categorias: abertura ao novo, resiliência emocional, engajamento com os outros, autogestão e amabilidade.
Na cadeia agroindustrial da carne, mais especificamente, a demanda por capacitação socioemocional dos profissionais que atuam no setor também tem sido evidente.
No segmento industrial, por exemplo, além do conhecimento técnico, frigoríficos de bovinos requerem de seus colaboradores boa comunicação, proatividade, comprometimento, humildade, criatividade, autocontrole, empatia, resiliência, disciplina, determinação, dentre outras.
Da mesma forma, habilidades socioemocionais são requisitadas nos segmentos de produção animal e comercialização da carne, orientando ações como as da parceria entre a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul e o Senar/MS. A parceria busca capacitar produtores e trabalhadores rurais, por meio de um olhar socioemocional, com o intuito final de garantir a sustentabilidade do negócio agropecuário e a confiança de consumidores dos mercados interno e externo.
*Mestra e Pesquisadora do Cepea