E mais uma semana começa na Faria Lima!
Os jornais brasileiros já seguem requentando matérias sobre a reforma tributária, que é o assunto do momento por aqui.
A nova CPMF seria apenas sobre transações eletrônicas? Os especialistas dizem que não, afinal, esta delimitação não conseguiria financiar a desoneração da folha. A alíquota seria de 0,20 por cento? A princípio, sim… mas certamente não ficaria por aí.
O fato é que ainda pouco sabemos sobre qual seria o escopo dessa reforma, além de analistas políticos dizerem que dificilmente algo passa ainda este ano.
Os jornais internacionais seguem também requentando algumas notícias. A manchete da vez é: "China briga com EUA". Agora foi a China quem impôs sanções a oficiais americanos, como troca da gentileza anterior.
Trump segue tentando ganhar popularidade como pode, para tentar virar as pesquisas de intenção de voto que colocam Joe Biden, seu opositor democrata, bem à frente.
Alguns momentos de mercado são assim mesmo. Chamamos de "sem notícia".
Mas uma reportagem me chamou bastante a atenção, e acho que vale a pena compartilhar aqui com vocês.
Ela é bem em linha com a entrevista do Guilherme Aché, da Squadra, para o Valor, que saiu na semana passada, intitulada "Squadra vê possível bolha em ações infladas por redes sociais".
Mas essa nova entrevista fala não apenas das redes sociais, como também de todas as plataformas voltadas para a pessoa física, que por um lado permitiram uma inclusão enorme de todos no mercado financeiro, mas por outro, vivem de corretagem e giro do cliente, propagandeando toda operação como se fosse boa.
A entrevista é de Paulo Bylik, da Rio Bravo, para o site E-Investidor. Quando perguntado sobre o motivo da bolsa brasileira ter se recuperado tão rápido, ele respondeu:
"eu sou obrigado a achar que tem um pedaço dessa história que vem do incentivo informacional das plataformas digitais, no sentido de promover uma ideia de girar carteiras, comprar papéis e divulgar IPOs – nem todos da mesma qualidade e muitos realmente com um preço alto."
E segue…
"Não tenho certeza se as plataformas estão muito otimistas ou se elas estão vendendo otimismo. Porque evidentemente as plataformas vivem de corretar papéis, isto é, elas querem vender esses papéis. Isso é da natureza do business das plataformas e também dos bancos de investimentos."
Ele termina dizendo que recomenda que os investidores tenham um portfólio diversificado, e que não fiquem superalocados em ações.
Vale a pena dar uma olhada na entrevista.
Eu gostei porque vai muito em linha com o que eu venho falando por aqui nas últimas duas semanas, e principalmente com o recado que eu dei esta semana quando alterei a carteira recomendada.
Em um primeiro momento, o mercado ficou ultra pessimista com os riscos do coronavírus. A bolsa caiu muito mais do que deveria ter caído.
Mas agora, fomos para o outro extremo. As pessoas, ou melhor, algumas pessoas, estão vendendo uma recuperação em V e em linha contínua, como se não tivéssemos milhares de riscos reais derivados de uma das piores crises que já acometeu nossa economia.
Euforia, otimismo, apostas loucas, tudo isso tem que estar de fora do seu patrimônio.
Aquilo que se demorou anos para conquistar, não pode ser colocado em risco.
É preciso pensar em preservação de capital assim como em lucro. É um jogo que ambos andam sempre juntos.
É o momento de ter calma e investir em boas empresas, sólidas. É também o momento de ter uma carteira diversificada, e inclusive voltar com algumas oportunidades em renda fixa.
Homenagem ao dia dos pais
Ontem foi dia dos pais, e em homenagem ao meu, vou contar para vocês uma história.
Quando eu era pequena, bem pequena mesmo, meu pai levava eu e meu irmão ao paço municipal, na cidade de Santo André, para andar de bicicleta.
Em uma dessas vezes, ele decidiu nos ensinar a atravessar a rua. Não esqueço nunca das palavras que ele falou:
Filha, quando você for atravessar, saiba que sempre terá um carro querendo te atropelar!
Eu olhei com um olho arregalado…
"Você tem que descobrir que carro é esse, e tomar o cuidado necessário".
Então ele criou um tipo de jogo chamado: "qual o carro que vai me atropelar". Eu e o meu irmão ficávamos gritando para ele: "É esse! É esse!", enquanto atravessávamos o farol de um lado para o outro.
Funcionou. Ele queria na verdade nos deixar em um estado de alerta constante.
O mercado financeiro é exatamente isso, sem tirar nem pôr.
Tem sempre uma operação com um potencial enorme de te dar prejuízo. Você tem que descobrir qual é, e fugir dela. Qual é o trade que vai quebrar você?
É preciso um estado de alerta constante! Nunca podemos descansar. Nunca podemos sonhar. É sempre pé no chão, suor na camisa, muita análise, e muita cautela.
Não se culpe por ficar fora de bolhas que subiram. Se preocupe, sim, em ficar fora de bolhas que derreteram.
O mercado não perdoa. O semáforo também não. Um passo errado, pode ser fatal!
Que vocês tenham tido um excelente dia dos pais, ao lado dos seus queridos.
Um abraço e uma boa semana.