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O Risco Sobre os Títulos Públicos

Publicado 02.07.2014, 23:25
BES
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PHRA
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PBR
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OIBRQ
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E agora, quem poderá nos defender?

Nos últimos dias temos conversado sobre a deterioração das condições econômicas e a piora das contas públicas brasileiras. Não aprofundarei novamente no tema, sob o risco de soar repetitivo...

Portanto, caso isso ainda lhe soe incoerente, sugiro que dê uma passada pela manchetes dos diários econômicos, ou que recorra aos M5M dos últimos dias. Isso posto, vamos à abordagem de hoje, que é outra:

Se há deterioração das contas públicas, não seria a hora de rever a máxima de que os Títulos do Tesouro Nacional (Tesouro Direto) têm o menor risco?

Ou, como perguntou o leitor Maurício, “não seria a alta da Bolsa também uma forma de capturar a futura migração para a renda variável quando os riscos de calote ficarem altos, já que ninguém vai colocar dinheiro em baixo do colchão mesmo?”

O risco sobre os títulos públicos

Para quem não percebeu, os títulos do Tesouro refletem a piora no perfil do perfil de crédito brasileiro. Tempestade em copo d’água?

Então o que poderia explicar a disparada dos juros reais, que pularam de 3% ao ano para mais de 6% a.a. do início de 2013 para cá?

Embora a taxa Selic tenha subido neste intervalo, a alta ainda mais expressiva dos juros reais se dá pelo prêmio de risco embutido na curva de juros. Esse maior risco-Brasil, ou maior prêmio exigido para investir em ativos brasileiros, também aparece na disparada do CDS (seguro contra calote) brasileiro neste mesmo intervalo.

Portanto, o maior risco dos títulos do Tesouro está contabilizado na disparada dos prêmios de risco, e consequente escalada do retorno dessas notas.

Vamos dar calote?

Muito difícil...

Apesar da exigência de maior prêmio para se estar no Brasil, ainda possuímos bom nível de reservas (mesmo com o Bacen as utilizando para segurar o dólar) e um histórico de, apesar dos pesares, nunca ter dado calote de fato - em tempos de Messi, isso é sempre um bom argumento contra os hermanos...

Portanto, os títulos do Tesouro ainda fornecem uma assimetria extremamente favorável: um risco de calote baixíssimo para um retorno elevado. Ainda não há outro lugar do mundo oferecendo rendimento nominal na casa de 12% ao ano com este perfil (baixo) de risco.

Portanto, faça como o gringo, e aproveite o último peru com farofa do mercado fora do Dia de Ação de Graças.

Tamo junto

Quanto à outra questão, a do Maurício, também não acho que a piora do perfil de risco brasileiro promova migração de investimento para outras categorias, por um motivo simples: em tese, não há na economia um risco inferior ao risco soberano.

Destaque para o “em tese”, pois esse é um debate realmente relevante:

Recorrendo à literatura sobre a questão, veja por exemplo artigo de Joseph Stiglitz, G, de título The Procyclical Role of Rating Agencies from the EastAsian Crisis, que diz: “os ratings soberanos são um pivô para todos os outros ratings do país”, e portanto, “influenciam as notações de crédito dos bancos e empresas nacionais”.

Resumindo: se o país quebra, ele desperta o tal o risco sistêmico, aquele que leva todo mundo para o buraco junto. O apreçamento de um ativo de risco (ações) parte inicialmente de um ativo menos arriscado.

Uma alternativa interessante

Tá, para não dizer que eu fico em cima do muro...

Uma alternativa interessante de rentabilidade elevada com perfil de risco baixo são as debêntures de infraestrutura da Vale (você acessa na Anbima sob o código VALE18).

São isentas de Imposto de Renda, possuem boa classificação de risco pelas três grandes agências de rating, possuem boa liquidez de negociação e pagam prêmio de até 0,75% ao ano sobre as NTN-B (título do Tesouro).

É rentabilidade de juro brasileiro com rating de companhia internacionalizada.

Consciência econômica

Não estou falando do desconhecimento ou - pior - negação de parte dos brasileiros quanto à situação econômica, mas sim do exemplo grego.

Os jogadores da seleção local rejeitaram o recebimento de prêmio pela participação na Copa do Mundo. Não é algo que vá mudar a situação das contas públicas gregas, obviamente, mas é um exemplo de conhecimento, estoicismo e solidariedade com a situação econômica do país.

Bom, se servir de exemplo, alguém poderia avisar para os jogadores de Gana que, apesar de avanços recentes, sua economia roda com 15% de inflação (a maior em quatro anos), com dívida pública de 65% o PIB e está com seus ratings em perspectiva negativa mesmo após terem sido rebaixados no final de junho...

Piada pronta

Mudando de alhos para bugalhos (nem tanto), não poderia deixar essa passar.

Questionada sobre possibilidade de ingerência política na Petrobras, sua presidente Graça Foster afirmou que quem controla a política de preços é a Petrobras.

Pronto, essa era a piada. Ou, pensando bem... talvez seja coisa bem séria...

Tomando por base a declaração, Petrobras estaria assumindo prejuízo com a importações de combustíveis por opção própria, e lesando deliberadamente os seus acionistas.

A aula magna (lição de casa)

Para encerrar, um feedback sobre a aula magna de governança de ontem, sobre Oi, Portugal Telecom e a relação com o Banco Espírito Santo...

BES teve a sua perspectiva de crédito rebaixada para negativa pela agência S&P.

E surge a notícia de que, a contratação do empréstimo zé com zé entre PT e BES (BES é um dos principais acionistas da PT) não passou pelo Conselho de Administração da companhia de telecomunicações - esse, para reforçar o passo atrás (mais um) de governança corporativa.

Desconfortáveis, dois representantes da Oi no Conselho da Portugal Telecom renunciaram ao cargo, o que levanta temores na imprensa portuguesa quanto à sustentabilidade da fusão Oi/PT.

Não que decisões alheias ao Conselho de Administração das empresas sejam grande novidade nos dias atuais...

Sabe como Silvio Sinedino, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, recebeu a contratação da companhia para exploração do excedente do pré-sal sem licitação, que irá custar à empresa um adiantamento de R$ 15 bilhões à União?

Por email, quando Petrobras soltou o Fato Relevante anunciando ao mercado a tomada da decisão.

Que faaaase!

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.

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